O inferno de um triângulo amoroso

Se você cogita a possibilidade de trair seu cônjuge, tenha certeza de ler este artigo antes.

C. A. Ayres

De acordo com o artigo Por que os cônjuges traem, lamentavelmente mais da metade de homens e mulheres traíram ou trairão seus cônjuges. Vamos analisar algumas situações reais:

  1. Um casal se apaixona, namora, casa, tem filhos. Um dia, a esposa descobre que o marido a trai, e já tem até um filho com outra pessoa. Ele não quer se separar, mas dorme fora de casa às vezes e a esposa não sabe o que fazer, pois depende dele, contra sua vontade.

  2. Uma mulher sofre abuso e passa por um divórcio traumático, trabalha com um homem muito cavalheiro que está com problemas no casamento. Como passam o tempo juntos, uma amizade entre eles nasce. Ele passa a contar sua versão dos problemas maritais a ela, ela passa a ver nele um confidente, até que ficam juntos uma noite, e na outra também. Ela se sente mal com essa situação, mas como acabou de sair de uma relação conturbada, ainda tenta refazer a vida, acha a ocasião perfeita, pois não quer maior envolvimento enquanto ele também não pensa em se divorciar da esposa.

  3. Um homem sai com várias mulheres enquanto é solteiro, seja pela facilidade e oportunidade ou pela necessidade de “ter algo novo” quando enjoa do que já tem. Um dia, apaixona-se por uma mulher diferente, linda, inteligente e se esforça para ser monogâmico, terminando o relacionamento com as outras. Casa-se, tem filhos com sua amada. Com o passar do tempo, ela muda, é claro, há responsabilidades, partos e tudo mais. Ele já não a acha tão atraente, e já não nega a possibilidade de se envolver com outra pessoa fora do casamento, já que continua tendo a oferta e facilidade através do trabalho ou outras situações. Aproxima-se de outras numa oportunidade qualquer e começa a trair.

Seja um inocente flerte com um colega de trabalho, uma noite com alguém disponível ou um caso extraconjugal assumido, há pontos comuns entre os casos relatados acima:

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  • Alguém sempre se sentirá traído na situação.

  • Alguém possui autoestima baixa e consequentemente acaba aceitando envolver-se em situações desse tipo.

  • Alguém não leva o convênio do casamento e o comprometimento com a família a sério, muitas vezes culpando a outra parte na relação.

Triângulos ou mesmo retângulos amorosos são relacionamentos disfuncionais que podem causar a destruição de famílias e gerações inteiras, além da depressão, estresse, vergonha, ansiedade, raiva, culpa, trauma, e mesmo alguns problemas mentais mais acentuados. Quanto mais uma pessoa conviver com essa situação, maior será o trauma e maiores serão os efeitos em sua saúde mental, principalmente se a parte traída já sofreu abuso na infância ou outro tipo de traição. Os filhos de relações deste tipo também assumem as mesmas disfunções mentais, proliferando o estigma do adultério por gerações.

Seja nos romances trágicos de Shakespeare, nas novelas e filmes que vemos, o triângulo amoroso dá pano de fundo para situações consideradas praticamente normais. Quantas vezes nos pegamos torcendo para o marido deixar a “esposa megera” e ficar com a “amante boazinha”? Os exemplos que vemos mundo afora levam a famílias destruídas, vingança – quando a parte traída trai também e ambos saem machucados na relação – e até a crimes passionais.

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Há realmente desculpa para trair?

  • Qualquer problema entre marido e mulher pode ser resolvido se ambos fizerem sua parte.

  • As dificuldades na vida a dois podem ser resolvidas se ambos se unirem e trabalharem juntos.

  • As investidas de pessoas de fora do casamento podem ser negadas e o foco pode ser na fidelidade que se prometeu quando assumiram a relação.

  • As diferenças podem ser trabalhadas e juntos podem entrar num acordo.

  • Se houver traição, o arrependimento sincero de uma parte e o perdão sincero da outra parte podem fazer milagres em prol da família.

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  • Para pessoas religiosas que valorizam os convênios feitos num altar, a obediência ao mandamento “Não adulterarás” é requisito para a felicidade do casamento.

Como se livrar de ser parte de um triângulo amoroso e curar a ferida da traição?

É uma estrada de mão dupla. Ou seja:

  1. O traidor precisa assumir a responsabilidade por seus atos e arrepender-se, pedir perdão, e fazer a restituição do erro com a parte traída, e deixar definitivamente de lado a vida dúbia. Em alguns casos, precisa fazer a restituição com o sujeito usado para a traição também.

  2. O traído precisa saber perdoar. Quando o traidor pede perdão e faz a restituição do erro, a responsabilidade agora é da parte traída de perdoá-lo e tentar não olhar para trás a cada chance que tiver.

Um estudo feito pela Universidade de Oregon e coordenado pela psicóloga Christina Gamache Martin em 2011 concluiu que:

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  • Se o traidor se tornar defensivo ou hostil ou ainda tentar justificar seus atos culpando o traído, é menos provável que o traído consiga perdoar e consequentemente esquecer o que houve.

  • A grande maioria dos casais que conseguiram passar por cima de uma traição, isto é, onde o traidor arrependeu-se sinceramente, mudou de realidade, o traído perdoou e juntos venceram as barreiras do trauma, tiveram uma melhora na relação a dois e no casamento em si, tendo uma visão mais realista um do outro.

  • Quando o traidor assume, arrepende-se sinceramente, pede perdão e abandona o comportamento o traído sente-se menos traído e o processo do perdão é menos doloroso.

  • O objeto da traição, no caso o amante do traidor, tem duas escolhas: Pode assumir suas próprias falhas, sabendo que não deveria ter entrado numa relação com uma pessoa casada, ou pode culpar o traidor por ter lhe procurado, e não notar que sua autoestima baixa não lhe preveniu de sair em tempo da situação.

Considerações a levar em conta

Traições machucam um casamento como nenhum outro problema e formam as feridas mais difíceis de serem curadas. Mas, se vistas como uma via de mão dupla, onde tanto traidor como traído comprometem-se em salvar a relação, o casamento poderá sobreviver e florescer novamente.

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Se você passou ou está passando por isso, analise a situação. Esse é um dos problemas mais difíceis de uma relação amorosa, embora não seja o único, nem o pior. Os que passam por ele, seja lá como o resolveram, precisam aprender algo: alguém sempre sairá machucado da história, sem falar nos filhos e famílias envolvidas.

Seja você o traidor, o objeto da traição, ou a parte traída, pratique o perdão. Isso ajuda a salvar seu casamento e também a conhecer e apreciar mais a relação a dois, a conhecer melhor seu cônjuge e a si mesmo.

Se o casamento acabou por causa disso, pratique o perdão da mesma forma, pois o perdão tem o poder de curar suas feridas mentais e facilitar a convivência quando necessária, principalmente se houver filhos.

Se você é a parte traída, não coloque a culpa em você mesmo, nem aceite-a. Isso evita piores traumas, outros problemas mentais e feridas emocionais, e a ordem é ser feliz, seja com a pessoa ou com outra.

Se você é a parte que está traindo, não importa como entrou nessa situação, seu casamento existe porque um dia foi bom. Leia o artigo 10 formas de reconquistar a confiança de seu conjuge e restaure sua família.

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Enfim, se você está entrando ou vivendo um triângulo amoroso, saia já do que trará consequências irreversíveis por gerações. Fuja do que se tornará um inferno num futuro bem próximo.

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C. A. Ayres

C. A. Ayres é mãe, esposa, escritora e fotógrafa, pós-graduada em Jornalismo, Psicologia/Psicanálise. Visite seu website.