Resgatando alguém paralisado espiritualmente

É muito comum associar espiritualidade e religião. Mas se você parar para pensar, espiritualidade é muito mais abrangente do que se imagina.

Marcia Denardi

Certamente você já ouviu a expressão “estado de espírito”, certo? Isso quer dizer que alguém pode não seguir uma religião específica, ou mesmo ser ateísta, e ainda assim continuar possuindo um espírito, mesmo que com outra definição. Digamos que o espírito não seja meramente uma matéria indefinida, uma invenção, mas sim algo que sempre existiu e esteja ligado à nossa consciência ou subconsciência e, claro, às nossas emoções. Então, de um jeito ou de outro, analisando por esse prisma, não há como negar a existência de um espírito.

A questão não é se a pessoa acredita que tenha um espírito. A questão é que, acredite ou não, existe sim algo que dá vida ao corpo, e consequentemente à mente, às emoções. Então, se esse algo, esse espírito é inerente ao que sentimos, independentemente do nome que se dá a ele, quer dizer que todos possuem um espírito, e por isso todos podem ficar debilitados espiritualmente vez ou outra, e acabar sendo afetados emocional e/ou fisicamente.

Debilidade espiritual, debilidade emocional, debilidade física

Não pense em religião se você é ateu, pense no fato de que você é um ser humano como qualquer outro e que por isso passa por dificuldades na vida. Se acredita em Deus, pode facilitar um pouco a compreensão sobre espiritualidade, embora a prática sobre ela seja igualmente complexa.

Pois bem! Em algum momento da vida você já deve ter se sentido debilitado espiritualmente, certo? Algumas vezes pode ter se sentido sozinho, infeliz, sem suporte, desejando que alguém o “salvasse” dessa situação. Aqueles que receberam auxílio ao enfrentar momentos debilitantes podem atestar que há situações em que não se pode levantar sozinho, sem ajuda. Há situações em que duas mãos não são suficientes, especialmente quando elas estão fracas demais para carregar o peso da culpa, da infelicidade, da solidão, do fracasso, da dúvida. Nesses momentos de fraqueza, alguém que esteja mais forte poderá impulsionar aquele que se encontra “paralisado”.

Imagine alguém que não consiga se movimentar do pescoço para baixo, e por isso precise não só de uma cadeira de rodas, como também de alguém que a empurre. Em alguns casos, essa condição pode ser temporária. Mas em outros, ela é permanente, e a pessoa portadora de paralisia dependerá sempre de alguém que a empurre.

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Os portadores de paralisia espiritual não são muito diferentes. Muitas vezes eles se afundam de tal modo no poço da angústia, do desânimo, da tristeza que precisam ser carregados por pessoas que sejam mais fortes. Algumas dessas pessoas podem depender de ajuda por muito tempo, ou durante toda a vida. Outras precisam de um empurrãozinho até que estejam suficientemente fortes para andar com as próprias pernas novamente.

Como estender a mão para quem está paralisado espiritualmente?

Jesus Cristo, que para os cristãos é o Salvador e Redentor da humanidade, ensinou como mestre que nada é maior do que a caridade, que é um amor incondicional, puro, sem julgamentos, com empatia. O próprio Cristo tinha esse amor pelas pessoas, por isso, a caridade pode ser descrita como o “puro amor de Cristo”. Quando se fala em resgatar alguém paralisado espiritualmente, fala-se também em amor. Não no sentido superficial da palavra, mas sim na caridade, no amor não fingido, sem preconceitos ou julgamentos. Então o primeiro passo para tentar ajudar alguém que se encontra nessa condição é:

1. Amá-la

Mesmo que você não a conheça muito bem, ou quem sabe não tenha ideias, estilo de vida, nem escolhas semelhantes às suas. Amar a pessoa para quem você vai estender a mão vai fazer com que você entenda melhor o que ela realmente precisa, e vai fazer você desenvolver empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar dela na tentativa de sentir o que ela sente.

2. Planejar o modo de ajudar

O grande líder religioso Chi Hong (Sam) Wong fez uma ótima analogia de uma história relatada na Bíblia (Marcos 2:1-5) com o que podemos muito bem viver na realidade atual. O relato conta a história de um homem portador de paralisia que foi carregado por quatro pessoas até a presença de Jesus Cristo. Fazendo um paralelo com a liderança de sua Igreja, Chi Hong descreveu de que forma essas quatro pessoas poderiam ajudar atualmente um homem na mesma situação. Quem sabe você tenha que ajudar alguém que não seja muito próximo, ou cuja debilidade seja tamanha que precise de vários “braços” que o levantem. Ao buscar amar essa pessoa e entender o que se passa com ela, torna-se mais fácil e eficaz adequar o auxílio para que atenda especificamente o problema daquela pessoa.

3. Não desistir

Mesmo planejando o meio de atender às necessidades de alguém que esteja debilitado, é possível que haja infortúnios que façam sua “missão” aparentemente fracassar. Mas mesmo que ela pareça grande demais para você, o importante é que você não desista de quem estiver ajudando.

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4. União e harmonia

Você não é tão poderoso que também não precise de ajuda, certo? Para ajudar alguém você também precisa de auxílio, principalmente de Deus. Creio que todos já ouviram o termo “a união faz a força”. Por isso, junte a sua força à de quem mais estiver com você, confiando que Deus está ao seu lado.

5. Fé

Uma das coisas mais importantes na sua missão é acreditar que terá êxito, que você tem uma força imensurável, e que a pessoa pode ser curada, assim como você.

6. Respeitar os limites

Quando ajudamos alguém, precisamos entender que ele tem limitações diferentes das nossas. Não estamos no papel de julgadores, mas de auxiliadores.

Às vezes a pessoa não vai conseguir a cura rapidamente. Pode até levar a vida inteira para ser curada, mas não é nosso dever tentar justificar o motivo de alguém jamais conseguir andar com as próprias pernas, o nosso dever é tentar ajudá-la, até que ela saiba o momento certo de dispensar ajuda. Certamente ficaremos mais fortes também, ao ajudar alguém a se fortalecer.

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Marcia Denardi

Márcia Denardi é jornalista, musicista e uma mãe e esposa loucamente apaixonada pelos filhos e pelo marido. Tem como objetivo profissional usar a informação para fortalecer as famílias. Curta a fan page www.facebook.com/blogmarciadenardi.