Bioquímica da boa parentalidade

A próxima vez que você aconchegar um recém-nascido ou forçar uma criança a dar um abraço, sinta orgulho de que você está tendo um impacto - em um nível celular!

Whitney Barrell

Não é ótimo quando a ciência valida algo que sabemos intuitivamente? Tal é o caso com o Dr. Michael Meaney, um professor da Universidade de McGill com interesse em cuidados maternos, estresse e expressão de genes. No Annual Review of Neuroscience, ele publicou um trabalho centrado na variação natural entre lamber e preparar/arrumar feita por uma mãe rata. Ele descobriu que o tipo de cuidados prestados por ratas mães aos seus filhos, na verdade alterou os genes responsáveis pelas respostas de estresse dos filhotes de ratos.

Os filhotes de ratos que passavam por mais “lambidas” e higiene/arrumação eram identificáveis pela anatomia de seus cérebros! Quando Meaney seguiu os filhotes de ratos na idade adulta, ele descobriu que aqueles que passaram por esses cuidados eram melhores em completar labirintos e até mesmo viviam por mais tempo. Por quê? Os filhotes que eram lambidos e cuidados produziam menos hormônios do estresse, quando confrontados com desafios. O lamber e cuidar fornecido aos filhotes de ratos serviu como um fator de proteção e os preparou para gerenciar estressores na vida adulta.

Nos seres humanos, quando nossos cérebros são banhados por muito tempo em hormônios do estresse, estamos sempre “alertas” e ansiosos, expondo-nos ao aumento do risco de problemas de saúde mental, doenças cardíacas ou diabetes. Queremos que os nossos hormônios do estresse apareçam quando estamos em perigo, e depois se dissipem.

Então, o que os pais de ratos e os pais humanos têm em comum? A capacidade de fornecer carinho e contato físico para sua prole. Dr. Meaney usa as implicações de seu trabalho para destacar o quão importante a saúde mental e física da mãe é – define em grande parte a qualidade das interações entre mãe e filhos. Claro, isso é verdade para todos os prestadores de cuidados primários – sejam elas mães biológicas ou não. Em pesquisa posterior, Dr. Meaney emparelhou ratas mães que sempre lambiam e cuidavam com filhotes de ratos que não eram seus filhotes biológicos, e ele chegou aos mesmos resultados positivos. Como pais, todos nós tempos oportunidades diárias para nos envolver com nossos filhos de maneira a prepará-los melhor para a vida adulta de uma forma emocionalmente saudável.

O que seria “lamber e arrumar/preparar” para os humanos? Boa pergunta. É bem provável que você já esteja fazendo isso. Por exemplo, quando você passa creme em seu bebê depois do banho ou brinca com suas mãozinhas.

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Há uma intervenção clínica focada na construção de vínculo entre pais e filhos. Um dos domínios do foco é o estímulo, o que está totalmente relacionado ao contato físico e mostrar às crianças que elas são dignas de bons cuidados. Algumas atividades incluem: passar creme (o que também pode ser utilizado com crianças maiores ao colocar pontinhos de creme em seus braços ou rosto e lentamente esfregar cada ponto), criar um aperto de mão secreto com seu filho, pintar as unhas de sua filha focando no toque físico, pintura de rosto, guerras de polegar, entre outras atividades. Use seu dedo para escrever letras nas costas de seus filhos e veja se eles conseguem adivinhar as palavras. Crie variações de canções para seu filho.

Como você pode ver, muitas dessas atividades são incorporadas ao modo como já interagimos com as crianças. Estar consciente sobre como incluí-las em suas rotinas diárias vai beneficiar você e seu filho. Então, da próxima vez que você aconchegar um recém-nascido ou forçar uma criança a dar um abraço, sinta orgulho de que você está tendo um impacto – em um nível celular!

_Traduzido e adaptado por Sarah Pierina do original Biochemistry of good parenting.

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Whitney Barrell

Whitney Barrell, LCSW holds a master's degree in Social Work from the University of Utah. She works as a child therapist focused on mental health issues in children and families.