Comunicação ou interrogatório? Como conseguir que seu filho adolescente fale

Pode ser frustrante para os pais quando o diálogo do seu adolescente está limitado a: "O que há para o jantar?" Como os pais podem conseguir que seus adolescentes se abram?

Megan Gladwell

“Sim”, “não” e “aham é todo o vocabulário do meu filho adolescente hoje em dia. Bem, deixe-me corrigir isso. Esse filho, que mal balbucia uma resposta às minhas perguntas diárias e às sondagens sobre a escola, fala à vontade em intermináveis conversas sobre os animais domésticos e selvagens. Além disso, sua fascinação por atropelamentos de automóveis me mata. Ele é um paradoxo – ele é um adolescente.

Certa noite, quando eu estava dirigindo ao longo de uma estrada rural, notamos um gambá atravessando para o outro lado da rua em frente ao nosso carro. A pobre criatura mancava. Sem dizer uma palavra, meu filho abriu a porta do carro e atravessou um campo para tentar alcançar o gambá. Imagine! Ele estava correndo atrás de um gambá!

Eu adoro que o meu filho tenha passatempos significativos. Ele gosta de falar sobre eles e compartilhar seus conhecimentos. A pergunta é, como faço para que ele fale sobre si mesmo? Eu sinto como se conhecesse mais sobre falcões de cauda vermelha do que sobre seus sentimentos mais íntimos.

Meu outro filho é o completo oposto. Ele compartilha suas preocupações mais profundas e confidências comigo sem necessidade de qualquer estímulo. Às vezes, acabo sabendo mais do que gostaria. Ele não tem vergonha de falar sobre meninas, escola, esportes, metas de sua vida, seu corpo mudando, o que ele estava fazendo às 11:15 da noite de ontem e o que ele comeu no café da manhã.

Fico satisfeita que esse filho fale tão abertamente sobre si mesmo – Eu acredito que é realmente saudável. Sua franqueza comigo, provavelmente, lhe dá uma maior sensação de segurança, e isso me faz sentir que ele confia em mim o suficiente para falar de suas questões pessoais.

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Mesmo quando são da mesma família, os adolescentes podem ser desconcertantemente diferentes. Podem até compartilhar experiências semelhantes, mas o que eles expressam e como o fazem será sempre de acordo com suas personalidades individuais.

Como podemos, sendo pais, entender nossos adolescentes quando eles fazem tudo para esconder seus sentimentos? Como podemos ajudá-los se não sabemos o que eles realmente precisam?

Estimule, mas não empurre

Se parece óbvio que sua filha adolescente está preocupada ou perturbada, deixe que ela saiba que você está disponível para ouvir. Não a pressione com perguntas, mas tente fazer com que ela fale de uma maneira casual. Diga por exemplo: “Eu estou indo descansar e ler um pouco, se você quiser vir e conversar mais tarde”, ou: “Tive uma conversa sobre algo estranho com a vizinha… será que algo parecido já aconteceu com você?”

Faça perguntas gerais

Os filhos geralmente gostam de classificar e avaliar. Isso os ajuda a processar seus pensamentos e lhes dá a oportunidade de expressar opiniões e queixas. “O que você mais gosta no seu melhor amigo? O que você gosta menos?” Fazer uma pergunta semelhante sobre a escola ou sobre seu dia funciona bem também, e pode ajudar a comunicação.

Pegue o que puder

Eu percebi que, se tudo que meu filho quer discutir comigo está relacionado à vida selvagem, fico feliz com isso. Em primeiro lugar, é muito bom que ele tenha uma paixão saudável. Em segundo, pelo menos ele está falando comigo sobre algo. Enquanto compartilha seu conhecimento, eu vejo seu rosto corar de prazer e eu percebo quão sortuda eu sou. Nesses momentos, eu aproveito tudo que tenho dele.

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Talvez, sua filha não queira falar sobre o namorado dela, mas talvez ela fale do seu entusiasmo por futebol ou a nova banda de garotos. Talvez, seu filho adore cozinhar e jogar videogame, e é isso que ele quer discutir. Podemos mostrar aos nossos filhos que estamos ali para eles e que somos bons e atentos ouvintes, não importa o assunto.

Se seu filho adolescente quer se abrir, largue tudo e ouça-o

Nas raras ocasiões em que meu filho quis discutir seus sentimentos ou uma verdadeira preocupação não relacionada a animais, eu larguei tudo. O jantar no fogão, a melhor parte do meu livro ou o meu programa favorito foram “atirados pela janela”. Um problema de um amigo ou preocupação sobre uma garota? Eu fico num pé e no outro e me dá vontade de pular nele para mais detalhes, mas eu mantenho a calma. Eu entendo que não devo interromper ou ficar com os olhos marejados de mãe sofredora ou expressar outra emoção que o faça querer fugir.

Eu acolho as conversas raras, quando, vulnerável e hesitante, meu filho me oferece uma espiada em seu coração. Estou certa de que ele tem um coração terno com todos os sentimentos e emoções normais, e eu me sinto incrivelmente grata por ele ser meu filho. Mesmo que ele tenha obsessão por gambás e tudo mais.

_Traduzido e adaptado por Stael Metzger do original Communication or interrogation? How to get your teen to talk, de Megan Gladwell

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Megan Gladwell

Megan Gladwell, a freelance writer and sometimes teacher, lives in beautiful Northern California with her husband and four children.