Sua mãe morreu no dia em que ele nasceu: De órfão a multimilionário

Ele saiu da pobreza extrema e hoje é dono de uma empresa que fatura 200 milhões de dólares. Conheça a história de Mohed Altrad.

Caroline Canazart

A história de Mohed Altrad é impressionante. Ele saiu da mais absoluta pobreza do deserto da Síria para ser um multimilionário que ganhou no último ano o título de “Empreendedor Francês do Ano”. Ele pertence ao povo dos beduínos, nômades que vivem nos desertos da região árabe.

A sua história começa com o seu pai, um líder de uma tribo beduína, e sua mãe, uma pobre e desprezada mulher. Ela foi violentada duas vezes pelo pai de Altrad. Da violência nasceram ele e mais um irmão mais velho, morto mais tarde pelo próprio pai.

A mãe de Altrad morreu no dia em que ele nasceu. A responsabilidade da criação do menino acabou sendo da avó que nunca o colocou na escola. A cidade onde o empresário passou a juventude é Raqqa, na Síria, local onde hoje se localiza o território dominado pelo grupo terrorista “Estado Islâmico”.

A infância e a juventude não foram nada fáceis. Ele persistiu em estudar, mas, enquanto não conseguia ir para a escola, acompanhava as aulas por um buraco na parede. Via a caligrafia, mas não conseguia entender. Depois que conseguiu ser matriculado no colégio, foi o melhor aluno da classe, provocando ciúmes nos colegas. A ira contra ele era tanta que eles o levaram para o deserto, fizeram um buraco e o enterraram vivo. Nem ele sabe como conseguiu sobreviver.

Foi aí que sua história mudou. Depois desse acontecimento, um casal sem filhos o adotou, ele voltou para a escola.

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Universidade

Os estudos eram importantes para Altrad. Ele conseguiu uma vaga na Universidade de Kiev, na União Soviética. Porém, logo descobriu que o curso estava cheio, então foi estudar na Universidade de Montpellier, na França. Quando chegou lá não falava uma única palavra em francês. Mas mesmo assim foi adiante com o objetivo de se formar.

Ele obteve um doutorado em ciências informáticas, conseguiu cidadania francesa e trabalhou nas melhores empresas do país. Altrad também trabalhou na Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi onde tinha um alto salário. Quando voltou à França ajudou a fundar uma empresa de computadores portáteis. Depois de vendê-la conseguiu ainda mais dinheiro.

Empresa

Altrad abriu um negócio na construção civil: uma empresa de andaimes que no começo deu muito prejuízo. Mas o empresário acreditava no negócio. “Não é a última tecnologia, mas andaimes sempre vão fazer falta”, pensou. Ele começou a incluir os serviços de caminhões e betoneira, então o negócio começou a deslanchar.

Além disso, ele não esquecia de dar incentivos aos funcionários. O bônus por desempenho os ajudava a trabalharem feliz. A empresa tinha uma lista de princípios que deviam ser respeitados pelos funcionários. A empresa expandiu e os serviços começaram a ser prestados para fora da França.

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Trinta anos depois, a pequena indústria cresceu e chega a ter 170 empresas sob o comendo de Altrad. São 17 mil empregados, US$ 2 bilhões anuais em valor de negócio e US$ 200 milhões de lucro. Hoje a empresa dobrou de tamanho, pois ele comprou uma concorrente da Holanda.

O homem que não sabe ao certo a idade que tem, algo em torno de 65 anos, diz que não faz isso por dinheiro. Mas ele sempre quis controlar o destino dele. “Você pode me perguntar por que estou fazendo isso”, disse. “Mas nunca foi por dinheiro. Estou tentando desenvolver um empreendimento humanista e fazer as pessoas que trabalham para mim felizes”.

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Ele é presidente e coproprietário da equipe de rúgbi de Montpellier, na França. Ele também é autor de livros, incluindo de economia e uma novela autobiográfica, Beduíno, selecionada pelo Ministério da Educação da França como leitura obrigatória nas escolas.

Altrad também usa suas noites de insônia para escrever livros, incluindo alguns de economia. Também escreveu uma novela autobiográfica, intitulada Beduíno, que foi selecionada pelo Ministério da Educação da França para ser leitura obrigatória nas escolas.

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Apesar de toda a história de superação ela ainda diz que tem uma dívida com a vida que nunca poderá pagar. “Queria devolver a vida à minha mãe, que não teve vida. A dela foi tirada muito cedo, ela viveu 12, 13 anos. Estupraram minha mãe duas vezes. Ela viu um de seus filhos morrer e morreu no dia que me deu a vida”.

_Imagens: The National

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Caroline Canazart

Caroline é uma jornalista catarinense que optou por ser mãe em tempo integral depois do nascimento dos filhos. Ama escrever e ainda acredita que pode mudar o mundo com isso.