Como ensinar os filhos a aprenderem com os erros

Se para um adulto aprender com os próprios erros é difícil, o que dizer da criança que ainda nem sabe direito o que é errado?

Michele Coronetti

Um pai chega a sua casa ao mesmo tempo em que sua esposa sai, dizendo-lhe: “Seu filho tem algo a resolver com você.”

Assustado, vai até o quarto do seu filho de seis anos e descobre que durante aquela tarde ele e seu amigo, sem querer, mataram todos os peixes tropicais do irmão mais velho deste amigo.

Como pai, chegando do trabalho e recebendo uma notícia como esta e ainda tendo que resolver a situação com o filho, o que você faria? Afinal, os pais são os responsáveis e precisam ensinar aos filhos o certo.

Há muitos caminhos para a educação. Porém o mais indicado é que pais e responsáveis permaneçam calmos e aproveitem a situação constrangedora para o ensino. Por exemplo, ao invés de pensar que seu vizinho nunca mais vai falar com você, pense em uma solução que seja proveitosa para todos, e principalmente para seu filho que cometeu o erro e pode crescer com isso.

Continuando a história verídica, este pai suspirou e perguntou ao seu filho quanto dinheiro ele tinha. Então lhe perguntou o que seria correto fazer nesta situação. O menino pensou e disse que o certo era desculpar-se e pagar pelo seu erro. Seu pai então pediu que ele pegasse seu dinheiro e foram para a casa do vizinho.

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Imagino o quanto foi difícil para ambos dirigirem-se até a casa para desculpar-se. Fico pensando na coragem que o pai precisou buscar em seu íntimo para não tirar seu próprio dinheiro do bolso e resolver logo, evitando a exposição do menino. Penso também na coragem que o filho precisou buscar para não desapontar mais uma vez seu pai, que naquele momento mostrava seu amor não gritando ou simplesmente o colocando de castigo, mas deixando que ele resolvesse sozinho.

Depois de desculpar-se, oferecer seu dinheiro para pagar os custos e o dono dos peixes, e, por insistência do pai, ter aceitado uma parte, todos ficaram mais calmos e aliviados. O peso da culpa foi tirado, o dinheiro do menino não foi totalmente gasto, e ele havia pagado por seu erro, o dono dos peixes se acalmou e o pai ficou satisfeito.

Como pais ou responsáveis normalmente pensamos que devemos proteger nossos filhos, defendê-los, não perturbá-los com repreensão, porém é justamente quando os deixamos livres para aprenderem por si mesmos, que eles sentem o nosso amor por eles. Sermões, castigos e violência não têm o mesmo efeito.

Resumindo:

  • Quando precisar corrigir seu filho espere estar calmo para poder pensar no que é melhor para ambos. Se for algo muito complicado e você está enfurecido, saia do local e só volte para resolver depois que se acalmar.

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  • Lembre-se que a correção por conselhos não é muito proveitosa. Peça que seu filho pense no que cometeu e em como pode consertar a situação. Você pode até sugerir algo, mas sem perder a calma, mesmo que ele não queira responder. Isso é comum acontecer com adolescentes.

  • Os castigos dão a sensação de que seu filho pagou pelo ato errôneo. E se o que ele fez atingiu outra pessoa, aquela parte ficará se sentindo prejudicada. O melhor é ele enfrentar o que fez e as consequências de seu ato, tentando com criatividade recompensar a pessoa que foi ofendida.

  • As leis brasileiras protegem a criança e o adolescente da violência.

  • Seus filhos se sentirão amados e protegidos se você mostrar que ele precisa consertar o que fez. Passar a mão na cabeça é uma forma de dizer que você não está preocupado com ele. Mentir à pessoa que foi ofendida para proteger seu filho é uma forma de ensiná-lo a mentir para ocultar seus erros.

  • Acredite em seu filho, não fique relembrando as coisas erradas que ele fez no passado, elogie-o sempre no que faz de bom e ame-o verdadeiramente.

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Nossos filhos são o futuro. E o futuro está em nossas mãos.

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Michele Coronetti

Michele Coronetti é secretária, mãe de seis lindos filhos, gosta de cultura e pesquisas genealógicas.