Manual dos pais sobre adolescentes

A adolescência causa ansiedade e preocupação para muitos pais, mas também pode ser um tempo para ajudar os filhos, que ainda são crianças, a amadurecer e se tornar as pessoas que serão no futuro.

Sônia Penha

Os pais passam por muitas fases ao criar filhos e sobrevivem a muitas delas, como levantar de madrugada para amamentar o bebê, manhas e birras aos 2 anos e protestos “hoje não quero ir à escola” na fase escolar, porém, a palavra “adolescência” causa ansiedade e preocupação para muitos pais.

O Dr. Steven Dowshen, MD, endocrinologista pediatra e médico chefe editor da KidsHealth disse que essa fase da vida dos filhos é um período de intenso desenvolvimento físico, moral e intelectual, por isso na vida de muitas famílias é uma época confusa e tumultuada, de conflitos entre pais e filhos.

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Embora muitos adultos tenham uma impressão negativa sobre os adolescentes, essa pode ser uma oportunidade de ajudá-los a vencer, já que são cheios de energia, atentos, têm ideal e se interessam pelo que é justo e correto. Um tempo para os pais ajudarem seus filhos, que ainda são crianças, a amadurecer e se tornar as pessoas que serão no futuro.

Pais, se vocês estão em busca de orientação para passar por esta fase, vejam o que o Dr. Steven diz sobre ela e algumas das suas sugestões comprovadas, que poderão ajudar.

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Compreender a adolescência – Será que existe um tempo para ela começar?

Precisamos ensinar os filhos que todo mundo é diferente. Algumas crianças mudam cedo e outras tarde, algumas amadurecem rapidamente outras vagarosamente, ou seja, existem muitas possibilidades sobre o que é normal.

Distinguir a puberdade da adolescência também é importante. Muitos pensam na puberdade como a fase do aparecimento das características sexuais, aceleração do crescimento e início das funções reprodutivas, que são sinais mais visíveis entre puberdade e a idade adulta iminente. Porém, crianças entre 8 e 14 anos, que apresentam essas mudanças físicas, podem também estar enfrentando uma série de mudanças que não podem ser percebidas de fora, são as mudanças da adolescência.

Muitas mostram que já entraram na adolescência pela mudança drástica na forma como eles se relacionam com seus pais; ao passar a ser mais independentes; ao dar mais importância à forma como os outros às veem, especialmente os de sua idade; ao tentar se “encaixar” no grupo e ser aceito, tornando seus amigos mais importantes do que os pais na tomada de decisões e ao começar a “provar” como se sentem em diferentes aparências físicas, estilos e identidades. Isso tudo pode gerar momentos de tensão e conflito com os pais.

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Rebeldia

Muito se ouve falar do filho rebelde que vive em desacordo com os pais na adolescência. Embora existam casos, e esse seja um momento de altos e baixos emocionais, não representa a maioria dos adolescentes. Eles desejam alcançar independência e para isso começam a afastar-se dos pais. Isso fica evidente quando entram constantemente em conflito com os pais, discordam deles ou não querem estar tanto tempo com eles como antes.

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À medida que amadurecem eles passam a pensar de maneira abstrata (sem estar certos de tudo) e racional (procurando entender de forma lógica e discernir corretamente), pois estão formando seu próprio código de ética, sua própria escala de valores. Por causa disso os pais passam a achar que os filhos, que antes acatavam suas vontades, agora começam a apresentar suas opiniões fortemente e se rebelar contra o controle dos pais.

Esse também é um bom momento para avaliar se estão deixando seu filho ser um indivíduo, se estão sendo um pai ou uma mãe que controla, se realmente ouvem seu filho ou se permitem que os pontos de vista e gostos dele difiram dos seus.

Então:

1. Eduquem-se

Leiam mais. Pensem na sua adolescência, lembrem-se de suas lutas, seus constrangimentos, mudanças de humor e conflitos enquanto amadureciam, e esperem isso tudo de seu filho. Pais que sabem mais sobre a adolescência e o que está por vir podem se preparar melhor para lidar com esta fase.

2. Falem com os filhos antes que seja tarde

Falem sobre as diferenças e as mudanças que ocorrerão antes que elas aconteçam. Respondam às perguntas que as crianças têm sem sobrecarregá-las com informação. Se preciso, busquem ajuda de um profissional pediatra, ginecologista ou alguém de confiança. Vocês conhecem seu filho e podem saber o melhor momento de perguntar se ele está percebendo mudanças em seu corpo, tendo sentimentos estranhos ou está triste e não sabe por quê. Um exame de saúde é uma oportunidade para falar, o médico poderá explicar o que esperar nos próximos anos. Demorar para conversar fará com que seu filho tenha informações erradas e vergonha ou medo das mudanças físicas e emocionais. Quanto antes abrirem o canal de comunicação, melhor as chances de mantê-lo na adolescência. Oferecer livros sobre o assunto e compartilhar suas memórias deixará os filhos mais à vontade e trará segurança sabendo que seus pais também passaram por isso.

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3. Coloquem-se no lugar do seu filho

Sentir insegurança na adolescência é normal, seu filho já não é criança e nem plenamente um adulto. Ajudem-no a compreender que é normal ficar preocupado ou envergonhado, se sentir “crescido” e, às vezes, como se ainda fosse “criança”. Muitas coisas estão acontecendo e ele precisa aprender a lidar com as mudanças, emoções, hormônios, maior liberdade, responsabilidades e decisões. Perceber, lembrar-se disso e ter empatia ajuda os pais a compreender seu filho adolescente e seus problemas, e o filho a ter os pais como alguém que está ao seu lado para ajudar.

4. Escolham suas batalhas

Adolescentes fazem e dizem coisas estranhas para ver a reação das pessoas; se expressar, sem saber como fazer isso; por não entender o que está acontecendo com eles ou porque estão sendo egocêntricos. Não percam a calma ou se ofendam caso ele queira tingir o cabelo, pintar as unhas de preto ou vestir roupa funky, pensem antes, isso poderá ser temporário, guardem as objeções para coisas sérias como tabaco, drogas, álcool ou alterações permanentes na sua aparência. Tentem compreender o que ele está sentindo, conversem e perguntem por que ele deseja se vestir ou ser de uma determinada maneira, ajudem-no a entender como os outros irão vê-lo. Ele se sentirá seguro perto de vocês quando vir que irão procurar ser compreensivos quando ele der vazão às suas inquietações.

5. Definam as expectativas

Geralmente as expectativas e esperanças que os pais têm sobre o adolescente não o agrada, mas para ele é importante saber que seus pais se importam o suficiente para esperar boas notas, que se comporte corretamente e respeite as normas de casa. Ter expectativas adequadas fará com que ele as cumpra, sem elas ele achará que seus pais não se preocupam.

6. Informem seu adolescente e mantenham-se informados

A adolescência pode ser também uma fase de experimentação, incluindo os comportamentos arriscados. Conversar com os filhos e informá-los sobre temas como sexo, álcool, fumo ou drogas, antes de serem expostos a eles, poderá fazer com que ajam de forma responsável quando chegar o momento. Compartilhem e ensinem princípios e valores de sua família e o que acreditam ser correto e incorreto e o porquê. Conheçam os amigos do seu filho e os pais deles e conversem com frequência para criar um ambiente seguro para todos os adolescentes. Os pais poderão ajudar uns aos outros no controle das atividades dos filhos sem que eles se sintam vigiados.

7. Saibam identificar sinais de alerta

É normal haver algumas mudanças na adolescência, mas uma mudança drástica ou duradoura na personalidade ou no comportamento pode indicar que há um problema real que requer ajuda profissional. Fique atento se ele apresentar um ou mais dos seguintes sinais de alerta:

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  • ganho ou perda de peso excessivo

  • problemas de sono

  • mudanças rápidas e drásticas na personalidade

  • súbita mudança de amigos

  • perder aula na escola muitas vezes

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  • tirar notas baixas

  • falar ou mesmo brincar sobre suicídio

  • sinais de que fuma, bebe álcool ou usa drogas

  • problemas com a lei

Outros comportamentos inadequados que durem mais de 6 semanas também são um sinal de problema oculto. O pediatra do seu filho ou um psicólogo ou psiquiatra, poderá orientá-los a encontrar a ajuda profissional certa para ele.

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8. Respeitem a privacidade de seu filho

Para alguns pais tudo o que se refere aos seus filhos é problema deles, por isso eles têm dificuldades para fazerem isso. Para ajudar os filhos a se tornarem adultos é importante respeitar a privacidade deles. Se notarem sinais de que seu filho pode estar com problemas, então vocês poderão invadir a privacidade dele para chegar ao fundo do problema, do contrário, fiquem longe. O quarto, os livros, e-mails e telefonemas devem ser privados, e não se deve esperar que compartilhe todas as ideias ou atividades. Por razões de segurança saibam onde ele está, o que está fazendo, com quem está e quando retorna, mas não precisam saber todos os detalhes e nem esperar ser convidado a acompanhá-lo. Tenham confiança e deixem seu filho saber que vocês confiam nele. Se a confiança for quebrada, deixe-o saber que irá desfrutar de menos liberdade até a recuperação.

9. Monitorem o que seus filhos veem e leem

Os filhos têm acesso a muita informação através de programas de TV, revistas, livros e Internet, por isso fique atento e ciente sobre o que eles assistem, ouvem e leem. Não tenha receio de estabelecer limites para a quantidade de tempo gasto na frente do computador ou da TV e de saber o que seu filho está aprendendo com os meios de comunicação e com quem podem estar se comunicando online. Quando estiverem sozinhos os adolescentes não devem ter acesso ilimitado à TV ou Internet, ambas devem ser atividades públicas quando a família estiver em casa, e também depois de certas horas (por exemplo, 22 horas) para incentivar o sono adequado. É razoável proibir ainda o uso de celulares e computadores depois de certa hora.

10. Estabeleçam regras adequadas

Assim como faziam quando seu filho era um bebê, o horário de dormir para um adolescente deve ser adequado à idade, ele ainda precisa de cerca de 8 a 9 horas de sono, então encorajem-no a manter um horário de sono que irá atender a essas necessidades. Recompensem seu adolescente por ser confiável, se ele respeitou o horário de recolher às 22 horas nos finais de semana, aumente para as 22:30 horas. Se desejarem que ele participe dos passeios em família incentivem-no a passar um tempo razoável junto com a família, mas sejam flexíveis não se irritando quando ele não quiser estar tanto com vocês. Pensem que vocês provavelmente sentiam o mesmo sobre seus pais.

Isso nunca vai acabar?

O Dr. Steven explica que à medida que os filhos amadurecem através da adolescência os altos e baixos emocionais dessa idade diminuirão e eles se tornarão jovens independentes, responsáveis e comunicativos. Ele aconselha a lembrarem-se do lema de muitos pais com adolescentes: “Estamos passando por isso juntos e vamos superar isso juntos!”

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Sônia Penha

Sônia Penha é esposa e mãe de duas lindas filhas. Ama sua família, gosta de ler e se informar sobre vários assuntos, gosta de fazer artesanato e atividades que envolvam a família e amigos. Possui formação em Informática e é editora para o Familia.com.br.