Filhos hiperativos ou pais hiperpassivos?

Aquela criança que não para, não ouve os pais e até manda neles. Será que ela realmente é hiperativa?

Michele Coronetti

Filhos

A hiperatividade em crianças é um dos componentes do TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Com diferentes graus, o diagnóstico é feito por especialistas e não deve ser ignorado. Crianças hiperativas precisam de ajuda.

Uma criança ativa pode ser caracterizada como hiperativa por pessoas que a cercam devido a seu comportamento. Se a criança não consegue realizar uma tarefa por mais de 15 minutos, se ela não consegue se concentrar para fazer uma prova na escola, e ela simplesmente não para, o problema deve ser levado a um especialista. Mas se a criança brinca muito, corre, está sempre se ocupando com algo, e nada de parar sentada, mas consegue realizar tarefas de concentração como montar um quebra-cabeça, ela não deve sofrer do transtorno.

Este distúrbio pode acompanhar a criança durante a adolescência e também na vida adulta, com necessidades de estar sempre muito ocupado e sem conseguir concentrar-se nas diversas tarefas.

Leia: 5 sinais do Distúrbio do Déficit de Atenção

Pais

A passividade dos pais com os filhos tem sido algo extremamente comum. Querendo acertar na educação, muitos pais preferem omitir seus desagrados com as atitudes das crianças. Isso pode ser mais intenso quando sentem culpa por estarem trabalhando o dia inteiro e não estarem presentes no dia a dia do filho.

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Pais acabam sendo permissivos com várias atitudes exageradas, deixando as crianças fazerem o que quiserem, sem limites ou regras, sem exigências de concentração, sem deveres ou obrigações. E quando a criança percebe que está no controle, ela começa não só a fazer o que quer, mas também a mandar nos pais.

Leia: Educação dos filhos: A importância de impor limites

Os problemas

Casos de crianças e adolescentes gritando com seus pais que querem algo naquele exato momento não são raros de se observar. Uma adolescente que humilha o porteiro da escola na frente dos colegas e professores e ainda grita com a mãe para que ela faça ele ser demitido demonstra que, durante sua infância, houve passividade dos responsáveis e que ela assumiu o controle da família. Situações tristes que poderiam ser evitadas caso limites tivessem sido instalados desde cedo.

Há ligação entre as duas situações?

Pais hiperpassivos podem ter filhos hiperativos. Mas eles também podem ter apenas filhos ativos que não os respeitam, não sofrendo do transtorno da hiperatividade efetivamente. Por outro lado, crianças que recebem limites na medida em que entendem também podem se tornar hiperativas e precisar de ajuda.

Filhos de pais hiperpassivos provavelmente não terão respeito pelas pessoas do seu convívio, evitarão fazer algo que não queiram, não se sentirão responsáveis pelas coisas erradas e prejudiciais que fizerem. Um diagnóstico de hiperatividade provavelmente não será dado neste caso.

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Para que o equilíbrio seja mantido dentro do lar, os limites precisam ser resgatados, os filhos precisam de tempo efetivo com seus pais fazendo coisas divertidas como brincar ou jogar, o diálogo deve ser aberto e constante e é necessário existir ao menos uma figura líder, que obviamente deve ser o pai e a mãe. Muito disso foi perdido e a sociedade já pode perceber que a permissividade parental não é o caminho correto. Filhos necessitam de educação, regras, amor e, principalmente, de um exemplo correto para que possam ser assim com seus próprios filhos no futuro.

Leia: 10 características de pais responsáveis

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Michele Coronetti

Michele Coronetti é secretária, mãe de seis lindos filhos, gosta de cultura e pesquisas genealógicas.