10 coisas que eu gostaria de saber no dia que eu perdi minha mãe

Aqui está uma reflexão sobre as lições que aprendi como uma jovem mulher e mãe, desde o falecimento de minha mãe quando eu tinha apenas 14 anos de idade.

Regina Sayles

_Nota do Editor: Este artigo foi publicado originalmente no blog de Regina Sayles, The Solo Mama e foi republicado aqui com permissão. Traduzido e adaptado por Erika Strassburger

Desde que comecei este site, percebi que existem milhares de mulheres jovens e mães que perderam suas mães, quer durante a sua infância ou no início da vida adulta. Isso sem mencionar aquelas que foram adotadas ou que não podem ter um relacionamento com suas mães devido ao abuso de drogas ou por outros motivos.

Por exemplo, há a bela senhora Ty Alexander, uma blogueira que posta conteúdo de beleza em Gorgeous in Grey, que falou abertamente sobre a perda de sua mãe e do impacto emocional que teve, apesar de seu crescente sucesso como escritora, editora e estrategista de mídia social. Gostaria também de mencionar a falecida Karyn Washington, fundadora de For Brown Girls (Para Meninas Negras), uma jovem inteligente e inspiradora que se suicidou neste ano, depois de sofrer com a perda de sua mãe no final de 2013.

É uma realidade que não deve passar despercebida. Mesmo que ninguém seja corajoso o bastante para dizer, o impacto da perda de uma mãe vai mudar sua vida, como você constrói relacionamentos ou a falta deles e, eventualmente, como você vê o mundo. Acredito que falar sobre o assunto é um dos primeiros passos rumo à aceitação, tanto dentro de nós mesmos quanto pelas pessoas a nossa volta. Nem todos compreendem o impacto de perder uma mãe na infância e como um evento como esse pode afetar todo o curso da vida de uma pessoa na vida adulta; até mesmo quando jovens órfãs de mãe tornam-se, elas mesmas, mães.

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Não obstante, eu quis refletir sobre o que aquela experiência significou para mim e de que maneira ela moldou minha própria essência, como uma jovem mulher, mãe, filha, amiga etc. As lições que aprendi não podem realisticamente ser resumidas em 10 pontos estruturados. No entanto, se eu pudesse falar com aquela jovem (eu mesma) de 14 anos que ficou no passado e oferecer algum incentivo, é bem provável que eu lhe diria estas palavras:

1. Você nunca poderá “superar” a perda de sua mãe e isso é perfeitamente aceitável

Ter uma mãe para nos nutrir e edificar é um dom a ser valorizado. Quando a pessoa que vai lhe amar incondicionalmente, apoiar e animar – não importa o que aconteça – de repente vai embora para sempre, pode ser um golpe devastador para qualquer filho. Por essa razão, eu gostaria de saber que eu não teria que tentar “superar” sua morte, mas, em vez disso, abraçar a oportunidade de me concentrar em sua memória e nas lições que obtive do tempo em que estivemos juntas.

2. Um dia você se tornará mãe e terá a incrível oportunidade de compartilhar o amor e a memória de sua mãe com os seus próprios filhos.

É uma grande alegria compartilhar receitas da minha mãe, fotos antigas e memórias divertidas com meu filho. Ele tem essa curiosidade, por quem ela era e pelo tipo de avó que ela teria sido para ele. Vê-lo sorrir para as fotos dela, dançando e curtindo a vida, faz-me sorrir e apreciar a relação e o papel que eu tenho agora como mãe.

3. Não tente passar um ar de “está tudo bem” quando, na verdade, você quer chorar ou gritar aos quatro ventos.

As fases do luto que uma jovem filha experimenta depois de perder sua mãe virão de várias formas e em diferentes estágios ao longo da vida. Eu, por anos, batalhei contra a perda, desviando minha atenção da realidade. Até que um dia, 10 anos após sua morte, reconheci que eu era uma filha órfã de mãe. Naquele dia, permiti-me processar a realidade e fiquei, pela primeira vez, verdadeiramente entristecida. Foi a experiência mais libertadora que já tive… Perceber que eu tinha o direito de chorar, e que forçar sorrisos durante o processo só iria dificultar o meu crescimento e aceitação.

4. Você não é diferente, estranha ou esquisita porque perdeu sua mãe. Não tente consertar isso. Essa experiência é parte de você, não há nada para se envergonhar.

Não me dei conta disso até o meu primeiro ano de faculdade, centenas de quilômetros longe de casa, em um lugar completamente novo para mim. Inicialmente eu pensei que era um novo começo, porque eu estava indo para um lugar onde ninguém sabia que eu tinha perdido minha mãe. Mas, é claro, você não pode viver no mesmo espaço com um grupo de meninas, por um longo período de tempo, sem que perguntas comecem a surgir. Para minha surpresa, descobri que as jovens mulheres com quem eu logo viria a ter amizade e respeito, por razões que não vou revelar, não conheceram suas mães ou não as tiveram em suas vidas. Até hoje eu estou certa de que a experiência não foi uma coincidência, mas um dos muitos pontos importantes em relação a minha aceitação. Senti como se estivesse olhando para mim mesma naquelas jovens mulheres, e percebi, naquele momento, que eu não estava sozinha nesta jornada.

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5. Nunca permita que ninguém preencha o espaço ocupado por sua mãe em seu coração. Honrá-la, mesmo na morte, irá ajudá-la a se curar.

Ao longo dos anos, tive muitas mulheres maravilhosas para me guiar, cuidar de mim e oferecer apoio maternal. Algumas até mesmo se referiam a mim como sua própria filha, o que me deu conforto saber que tantas pessoas se importavam com o meu bem-estar a ponto de dizer “estou aqui.” Aprecio todas as mães comunitárias da escola, na igreja e até mesmo dentro da minha própria família. No entanto, eu gostaria de saber, na época, que nenhum de seus esforços poderia substituir o amor que recebi de minha mãe, e que há uma razão para que esse espaço sagrado não fosse preenchido com um substituto para o amor de uma mãe.

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6. Por outro lado, permita que o amor preencha o resto do seu grande coração

Perder minha mãe foi um acontecimento importante que alterou minha vida, mas não foi o único acontecimento a ter impacto em minha vida. Parte de amar é deixar ir para que você possa se libertar para experimentar o amor de uma nova maneira. No início é difícil imaginar que seja possível amar verdadeiramente outra vez. Mas com o tempo, de algum modo, o amor germinará e haverá novas oportunidades descobertas para realmente amar e ser amada. O relacionamento que tenho agora com o meu próprio filho é um exemplo dessa verdade.

7. A sabedoria de sua mãe estará com você sempre. Ouça, reconheça e permita que ela lhe oriente.

Agora que eu estou chegando perto da idade que ela tinha quando morreu, e meu filho é apenas alguns anos mais jovem do que eu era quando a perdi, sinto-me mais capaz de me relacionar com as lembranças que tenho dela. Embora eu fosse bastante jovem, as coisas que observei na minha juventude tornaram-se lições de vida em minha vida adulta. Por isso que é importante garantir que nossos filhos tenham uma educação saudável e positiva, pois um dia eles se tornarão em adultos que vão ensinar seus próprios filhos o que foi ensinado a eles.

8. Sua mãe trouxe você ao mundo, mas você vai experimentar muitos nascimentos (no sentido figurado) conforme você cresce, amadurece, muda e se torna uma mulher neste mundo.

Em pouco tempo uma realidade veio à tona: embora minha mãe tivesse grande influência, sua memória não seria a única influência em minha vida. Com toda experiência que me fez crescer e ser uma pessoa melhor, eu experimentei um renascimento. Essas experiências nem sempre foram agradáveis, mesmo assim cresci com elas para a próxima fase da vida.

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9. Você acabará aprendendo algumas coisas por conta própria. Pode ser assustador no começo, mas, com o tempo e por causa disso, você vai ser mais sábia e mais forte.

Como órfã de mãe, havia muitas lições que tive que aprender por conta própria ou, pelo menos na minha cabeça, senti que havia aprendido. Perdi minha mãe antes que eu pudesse ver nela, e realmente apreciar, o que significava ser uma mulher; bater papo sobre nada com os amigos ou aplicar blush sem ficar parecida com o Bozo. Não experimentar essas coisas com ela como uma adolescente, no final das contas, moldaram a minha personalidade como jovem. Muito do que me tornei é um reflexo disso, mas aprendi, com o tempo, a abraçar o desconhecido e a descobrir novas partes da minha personalidade, que são específicas a mim, e não o que eu poderia ter perdido na minha infância.

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10. O sol ainda nascerá amanhã

Ao experimentar uma tragédia ou perda, pode-se sentir como se o sol nunca brilhará novamente. Que nenhuma quantidade de bolo, tortas, cartões ou abraços terá a capacidade de aliviar a dor de perder a pessoa que a trouxe ao mundo. Se eu pudesse dizer uma última coisa àquela menina perdida e confusa, eu diria: “Todas estas coisas podem ser verdade e a dor pode parecer insuportável, mas assim como o sol se põe, ele certamente irá nascer pela manhã.”

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