A carne é fraca… E outras desculpas que os pecadores dão
Com a desculpa de que “a carne é fraca”, muitas vezes nós nos enveredamos por caminhos muito perigosos e, às vezes, sem volta.
Luiz Higino Polito
Os instintos da ira, da luxúria e outros tantos instintos da “carne” são nossos velhos conhecidos. Na juventude ou mesmo na idade adulta alguns deles estão em seu auge, e no mundo de hoje, com todas as suas facilidades, muita gente “enfia o pé na jaca“, e depois tem grande dificuldade para remediar tais erros, isso quando conseguem remediar…
O grande desbravador Brigham Young disse certa vez que “Quanto mais cedo um indivíduo resiste à tentação de fazer, dizer ou pensar erradamente, enquanto tem conhecimento para corrigir sua opinião, mais rapidamente ele ganhará força e poder para sobrepujar toda tentação para o mal”.
A primeira batalha: nossa própria mente
É na nossa mente que devemos primeiro colocar as barreiras e nos entrincheirar contra os perigos que nossa consciência nos alerta para evitarmos.
Não vou fazer uma lista de vícios, atitudes erradas, comportamentos e outras coisas que são prejudiciais a nós. Isso é uma coisa que cada pessoa normal já sabe por instinto: somos dotados de razão e discernimento para saber o que é o melhor para nós.
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Então por que fazemos tantas coisas erradas, mesmo sabendo não convém fazê-las? Por que cometemos tantas injustiças, agimos tão mal, prejudicando tantas pessoas e a nós mesmos?
Uma das razões de cometermos tantos erros na vida é que confundimos o prazer com felicidade
O prazer sadio e o prazer que prejudica
O prazer nos traz, normalmente, alegria e satisfação, mas nem sempre tem um final feliz, nem para nós, e nem para as outras pessoas envolvidas.
O prazer sadio, como o sexo entre pessoas compromissadas pelo matrimônio, é muito bom e pode trazer muita alegria e aumentar a união do casal e também pode trazer filhos que alegrarão a vida dessas pessoas.
Sexo irresponsável, porém, principalmente em épocas como a do Carnaval, com muita bebida e muita farra, pode trazer muitas consequências indesejáveis, como as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), e muitas gravidezes indesejadas. Dizem que nove meses depois do carnaval nascem muitas crianças…
Outra coisa que pode nos trazer prazer momentâneo é dizer palavras ásperas para aquela pessoa “que precisava ouvir”! Fazer isso pode nos deixar aliviados momentaneamente, porém, isso pode trazer consequências trágicas para nós e para outras pessoas inocentes.
Fazer fofoca, então, não é uma delícia? Quem não gosta de ouvir ou contar os segredos mais íntimos dos outros? E não são só as mulheres nos salões de cabeleireiro que fazem fofoca: muitos homens também gostam de fofocar, enquanto trabalham, praticam esportes ou fazem suas pescarias.
Na hora da fofoca podemos nos sentir muito bem, mas as consequências disso para a honra de quem nos confiou seus segredos, ou de pessoas que nem sequer conhecemos e de quem falamos mal (mesmo sendo coisas verdadeiras), podem trazer para elas danos irreversíveis.
A felicidade
Felicidade, ao contrário do prazer, é um estado de espírito duradouro que só alcançamos quando conseguimos viver de tal forma que estejamos em paz com nós mesmos e com os outros.
Quando sabemos que não estamos (pelo menos conscientemente) prejudicando ninguém com nossos atos, e estamos nos esforçando para fazer o nosso melhor.
Heber Grant sabiamente disse: “Não acredito que qualquer homem viva à altura de seus ideais, mas se nós estivermos (nos) esforçando,… se estivermos tentando com o melhor de nossa capacidade melhorar dia a dia, então estaremos no caminho de nosso dever. Se estivermos procurando remediar nossos próprios defeitos, se estivermos vivendo de modo que possamos pedir a Deus luz, conhecimento, inteligência…, para que possamos sobrepujar nossas fraquezas, então, posso dizer-lhes que estamos no caminho reto…(e) por isso, não precisamos ter medo”.
A carne é mesmo fraca?
Sem dúvida é. E mesmo as mulheres e homens que se acham fortes e controlados e que nunca cairão, podem cair sim! Andar na beira do precipício parece prova de grande coragem, mas é um tremendo risco do qual muitos não saem sem se machucar. Melhor mesmo é ficar bem longe do perigo!
Têm pessoas que parecem que atraem problemas, não é mesmo? E pessoas que parece que procuram deliberadamente derrubar seus próprios amigos e até parentes!
Existem mulheres e homens que têm grande prazer em roubar as namoradas e os cônjuges de seus amigos! “Mui amigos”, realmente! E é dos nossos amigos e amigas que devemos tomar mais cuidado, porque são os amigos e parentes que podem nos fazer os maiores males, exatamente porque não esperamos isso deles
Quanto aos nossos possíveis desafetos, concorrentes e “inimigos”, estamos sempre na defensiva com eles, por isso não representam tanto perigo quanto nossos “mui amigos”.
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Conclusão
Vamos ver de onde veio a história de que “a carne é fraca“:
Essa expressão, pelo que sei, veio do momento em que Jesus Cristo passava o seu pior sofrimento no Jardim do Getsêmani, e pediu para alguns de seus Apóstolos vigiarem e orarem por Ele, enquanto Ele orava ao Seu Pai por ajuda nesse momento tão difícil.
No Evangelho de Mateus podemos ler que Jesus,“… voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: – Então nem uma hora pudeste velar comigo?
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.(Mateus 26:40,41).
Que possamos nos prevenir, então, para que quando os perigos e as tentações aparecerem (e elas aparecerão), possamos estar com nossos espíritos fortes e resistir assim como Jesus resistiu.
E se Ele conseguiu resistir àquela passagem tão terrível e difícil como foi o sofrimento no Jardim do Getsêmani e também resistir à Crucificação, sem cair em tentação, nós podemos também vencer os nossos desafios, que são tão menores do que os desafios de Cristo, embora para nós sejam tão grandes.
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