A doença causada por maus hábitos e estresse: gastrite. Você sofre disso?

Saiba o que é e como tratar a gastrite

Stael Ferreira Pedrosa

Antes de falar na gastrite, é recomendável conhecer um pouco da fisiologia do estômago.

Este órgão tão importante apresenta 5 partes distintas:

  1. A cárdia, entre o estômago e o esôfago;
  2. O fundo, que é a parte superior do estômago;
  3. O corpo ou a parte média do estômago;
  4. O antro – parte mais baixa, próxima ao intestino delgado – onde o alimento se mistura com o ácido gástrico;
  5. Piloro que é a última parte do estômago responsável pelo controle do esvaziamento do estômago para o intestino delgado.

As três primeiras partes são responsáveis pela digestão dos alimentos. Nessa parte existem células que produzem as enzimas digestivas e parte do suco gástrico e pela produção de uma proteína (fator intrínseco) para absorção da vitamina B12.

Quando se mastiga e engole o alimento, ele passa da garganta para o esôfago, espécie de tubo que leva o alimento até o estômago. No estômago os alimentos se misturam ao suco gástrico e passam para o duodeno através do piloro.

O suco gástrico

O suco ou ácido gástrico é uma substância ácida que começa a ser secretada pelo pâncreas tão logo o indivíduo inicia a alimentação. Até mesmo pensar ou cheirar um alimento pode fazer com que se inicie sua secreção. Sua função é otimizar o PH da região para que as enzimas digestivas atuem.

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Esse suco, mesmo sendo muito ácido, não agride o estômago, devido a uma proteção natural da mucosa estomacal, que secreta muco e bicarbonato, mantendo-a sempre com PH neutro. No entanto, alguns fatores podem interferir na defesa da mucosa, deixando-a desprotegida e sujeita a desenvolver gastrite ou úlcera péptica.

Fatores desencadeantes

Estresse e maus hábitos alimentares são as causas mais conhecidas para o surgimento da gastrite. No entanto, existem várias causas de desproteção do estômago e que desencadeiam desconforto na região.

De acordo com o médico Jorge José Faro, a gastrite é uma inflamação do estômago que causa dor e queimação e, se não tratada, pode causar úlcera gástrica e até câncer no estômago. Segundo o médico, os fatores para o surgimento do problema vão desde estresse excessivo, ansiedade, alcoolismo, tabagismo, má alimentação, uso de alguns medicamentos até falta de higiene.

Tipos de gastrite

De acordo com o Manual Merck Sharp & Dohme (MSD), a gastrite é dividida em erosiva e não erosiva, sendo a do tipo erosiva mais grave que a não erosiva.

Gastrite erosiva

Este tipo de gastrite inflama e corrói o revestimento gástrico. Pode ser aguda ou crônica, sendo a diferença o surgimento súbito (aguda) ou em longo tempo (crônica).

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Gastrite não erosiva advém de alterações no revestimento gástrico: desgaste (atrofia do revestimento) ou metaplasia, que é quando o tecido do estômago muda para outro tipo de tecido.

Dentro desses tipos existem vários “subtipos”, por várias causas, sendo as mais comuns:

  • Gastrite nervosa: este tipo de gastrite, pode ser desencadeada por situações estressantes, preocupação excessiva, tristeza ou ansiedade;
  • Gastrite por radiação: por radioterapia na região do tórax que irrita o revestimento estomacal; 
  • Gastrite pós-gastrectomia: surge após uma cirurgia como a bariátrica (diminuição do estômago);
  • Gastrite atrófica: quando anticorpos (glóbulos brancos) atacam o estômago, ou existe a infecção crônica pela bactéria H. pylori;
  • Gastrite eosinofílica: de causa desconhecida, mas que pode ocorrer por alergia a lombrigas que possam infestar o estômago e que causam também a presença de glóbulos brancos (eosinófilos) no estômago.

Sintomas

A gastrite pode não ter sintomas. Quando estes surgem, vai depender da causa, e podem incluir dores ou desconforto (queimação), náusea ou vômito e indigestão (dispepsia). Na gastrite erosiva crônica o indivíduo sente dificuldade digestiva, arrotos e gases, e pode ter dores em forma de pontada, além de pirose (queimação).

Complicações

Toda gastrite tem cura, de acordo com o Dr. Faro. Mas, quando não tratada, podem surgir complicações em médio ou longo prazo, tais como: hemorragia, perda de sangue pelas fezes (melena) ou por vômito, úlceras e/ ou estreitamento estomacal.

A hemorragia persistente pode causar sintomas de anemia, incluindo fadiga, fraqueza e vertigem. Caso uma úlcera se rompa, o conteúdo gástrico pode se espalhar pela cavidade abdominal e causar peritonite (infecção no revestimento interno do abdômen).

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Tratamento

De acordo com o site Tua saúde, o tratamento envolve a eliminação das causas da gastrite (parar de beber, de fumar ou cessar qualquer hábito que agrida o estômago), tomar medicamentos receitados pelo médico – que pode incluir antibióticos para combater a bactéria H. pylori e uma alimentação não agressiva à mucosa estomacal, ou seja, que não estimule excessivamente a produção de ácido gástrico.

Até que os sintomas melhorem, o paciente deve se alimentar de forma leve preferindo legumes, verduras e frutas cozidas, carnes magras com pouco tempero, evitar café, chocolate, bebidas alcoólicas e refrigerantes, sucos industrializados, alimentos gordurosos, crus e condimentos como pimentas, ketchup e mostarda.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.