A exaustão emocional de estar sempre ajudando os outros

Ajudar os outros é uma coisa muito positiva, mas para poder fazê-lo você deve estar bem consigo mesmo.

Erika Otero Romero

Às vezes preciso chorar, o que não me é difícil. Sou muito sentimental, dessas pessoas que um filme de drama ou de animaizinhos já faz chorar; o mesmo acontece se vejo outro ser vivo sofrer. Apesar disso, sou uma pessoa de grande força e disposta a fazer o que for por quem o necessite, mas, de verdade, às vezes é cansativo não ver retorno para o que se dá.

Não que eu espere algo em troca pelo que faço pelos outros, mas um “obrigado” ou “você precisa de alguma coisa?” Quando estou em uma situação similar, não seria nada mal de vez em quando.

Sim, é verdade que sou capaz de tolerar situações sem que me afetem muito, mas há outras em que simplesmente não consigo guardar silêncio. Não sou alguém que reprima emoções ou reclame por atenção; como disse antes, sou uma pessoa forte, mas essa fortaleza muitas vezes precisa ser aliviada por alguém, ou então “ser lavada em lágrimas”.

Muitas pessoas vão se sentir identificadas com isso. É que não importa se é homem ou mulher; se é uma pessoa que suporta, sem queixar-se, cada situação complexa da vida própria ou alheia, mais cedo ou mais tarde terá que buscar remédio para esse peso emocional que desgasta se não lhe damos atenção a tempo.

O que a ciência diz sobre este assunto

Jordi Fernández Castro é professor da Universidade Autônoma de Barcelona, em Espanha. Ele afirma que sentir esse cansaço emocional e a necessidade de desabafar é muito comum, ainda mais quando se trabalha em instituições como hospitais geriátricos e demais lugares de prestação de serviços de saúde.

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Fernández pôde determinar isso graças a um estudo que também revelou que médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde padecem com isso, já que dão muito de si e é pouco o que recebem em troca de seu esforço.

Outro estudo realizado por Russell Cropan, da Universidade de Emory, em Atlanta, argumenta que as pessoas que vivem em constante tensão e problemas em sua casa, assim como quem está exposto ao estresse laboral, sofrem este tipo de esgotamento.

A entrega completa

Para ser honesta, vou dizer o que penso destes estudos. Não discordo minimamente do segundo, mas o primeiro deixa-me um pouco pensativa.

Não só quem trabalha em instituições de saúde sofre pela carga laboral e emocional que seu trabalho traz. É um trabalho árduo e exige entrega completa? Sim, mas são os “ossos do ofício”, uma consequência da profissão que se desempenha; tal como a carga emocional que carregam sobre si os engenheiros, advogados e demais profissionais.

Além disso, todos têm que suportar muita pressão e estresse ao longo do dia, e nem todos são gratos ou estão atentos às nossas necessidades emocionais, ou estão?

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Sintomas de esgotamento emocional

O esgotamento emocional surge por um importante desequilíbrio entre o que a pessoa dá e o que recebe em troca; ou seja, dá seu melhor e maior esforço tanto para seu parceiro, família, amigos, trabalho e serviço social, mas o que recebe em troca não está em equilíbrio com o que dá.

É “normal” que quem sofre este mal-estar tenha pouco tempo para si mesmo e não receba nenhum tipo de reconhecimento ou agradecimento pela sua disposição.

Como consequência dessa falta de dedicação e atenção a si mesmo e às suas necessidades emocionais, aparece a seguinte série de sintomas:

1. Cansaço físico constante

2. Insônia

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3. Irritabilidade

4. Falta de motivação

5. Distanciamento afetivo

6. Falta de concentração

7. Esquecimentos frequentes

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8. Confusão generalizada

9. Baixa de energia

10. Desconforto generalizado (dor de cabeça, diminuição ou aumento do apetite)

Tratamento

Especialistas em saúde mental bem como médicos em geral aconselham:

1. Descansar de maneira adequada. Tanto para melhorar a qualidade de sono como melhorar o tempo livre que permanece em casa.

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2. Priorizar a si mesmo. É necessário que pense mais em você e nas coisas que necessita ou lhe fazem feliz.

3. Praticar exercícios de relaxamento ou yoga também ajuda muito a liberar a carga do estresse diário.

4. Tirar férias sempre que possível, mas não em excesso, pois pode causar-lhe cansaço desnecessário.

5. Encontrar uma atividade diária que permita momentos de tranquilidade.

6. Esforçar-se por manter uma atitude positiva, rodeando-se de pessoas que tenham “boa vibração”.

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Um conselho também muito bem-sucedido é o que oferecem outros especialistas. Trata-se de tornar-se mais consciente de seus limites emocionais; ou seja, aprender a detectar o momento que antecede ao esgotamento emocional e tirar um tempo para ficar sozinho e “recarregar as baterias”.

Não há nada de mal em servir os outros; aliás, “quem não vive para servir, não serve para viver”. No entanto, tudo tem um limite, e se você está sobrecarregado com responsabilidades onde você não é prioridade, logo verá sua saúde física e mental se desgastar. Por isso, não deixe de ter sempre em conta, em todo momento e situação, porque se sentindo bem, poderá seguir ajudando outros.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original El agotamiento emocional de estar siempre para los demás

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.