A importância de construir uma família baseada na caridade
A caridade transforma corações e pode tornar o convívio familiar mais amigável e leve.
Caroline Canazart
O que a caridade pode nos ensinar sobre relacionamento duradouro? Ela vai muito além do que estamos acostumados a imaginar. Está à frente das bolsas com roupas usadas que entregamos anualmente na campanha do agasalho, quando o inverno se aproxima. Claro que essa é uma atitude importante para a sociedade, mas, se nos esforçarmos, poderemos fazer esse atributo ter uma participação mais efetiva nas nossas vidas e das nossas famílias.
O significado no dicionário diz que caridade é um sentimento ou uma ação de ajuda a quem necessita sem pedir nada em troca, nenhuma recompensa. Às vezes, sem notarmos, quem mais precisa de nosso ato de caridade são os próprios membros da nossa família: pais, cônjuges ou filhos. O que um coração caridoso poderia fazer, por exemplo, por um cônjuge que pensa no divórcio?
No mundo atual tão ligado ao descartável – ao quebrou joga fora – podemos cair no erro de colocar todos os relacionamentos nesse mesmo patamar. Se o casamento não está tão bom, por que não partir para outro? Um religioso alemão – que já foi responsável por celebrar muitos casamentos – Dieter F. Uchtdorf, acredita que essa não seja a melhor opção. Ele disse: “À medida que os dias se multiplicam e a cor do amor romântico muda, há alguns que lentamente param de pensar na felicidade um do outro e começam a notar pequenos defeitos. Nesse ambiente, alguns são instigados pela trágica conclusão de que seu cônjuge não é inteligente, ou divertido, ou jovem o suficiente. E, de alguma forma, eles compram a ideia de que isso lhes dá justificativa para começarem a procurar outro relacionamento”.
Uchtdorf diz que a caridade é a principal arma para os casais que querem salvar os seus casamentos. Praticá-la no lar pode transformar a vida de todos, pois, como diz o apóstolo Paulo, em 1 Coríntios, na Bíblia, a caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece, Não trata com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não se alegra com a injustiça, porém se alegra com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade nunca falha (…).Dessa forma, podemos concluir que a caridade nada mais é do que os pequenos atos de amor que praticamos – ou que queremos praticar – junto da nossa família. É o cuidar das crianças pequenas com toda a paciência, mesmo que o dia tenha sido difícil. É conversar com o cônjuge depois de um dia cansativo de trabalho, seu ou do outro. É se importar com o olhar triste do filho, sem pensar que a tristeza vai se resolver sozinha. É desligar a televisão ou tirar os olhos do celular e ficar de corpo presente na casa dos avós. É respirar fundo e deixar passar a vontade de discutir com o cônjuge por algum motivo fútil.
Nesses famosos versículos, podemos facilmente observar que a palavra “caridade” trocada por “amor” não muda o significado e traz ainda mais compreensão da importância dentro da vida familiar. Os singelos atos incluídos no dia a dia podem moldar a família que estamos criando. O bom exemplo pode começar com apenas uma pessoa, mas, o amor, quando dividido, tem como grandeza multiplicar todos os outros bons sentimentos que estão próximos de nós.
Em uma parte do muro de Berlim que dividia a Alemanha – derrubado em 1986 – dizia: Muitas pessoas simples em muitos lugares simples fazendo muitas coisas simples são capazes de mudar a face da Terra.E é com a simplicidade do amor caridoso que famílias e casamentos poderão construir alicerces firmes para uma vida – não fácil – mas cheia de gratidão e histórias para serem contadas.
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