Ambulante ganha chá de fraldas dentro de ônibus com passageiros que ela nunca tinha visto
"Fiquei muito feliz e agradeci muito porque hoje é muito difícil alguém ajudar ao próximo", disse a gestante.

Erika Strassburger
De terça a sexta-feira, a rotina de Beatriz Andreia (19 anos), grávida de 7 meses da sua segunda filha, é sair de madrugada da sua casa em Duque de Caxias – município da região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro – para vender em torno de 40 copinhos de café em um cruzamento da Avenida Brasil e depois voltar para casa com cerca de R$ 50 no bolso. Mas um grupo de pessoas estranhas possibilitou que na última quarta-feira, dia 4, essa jovem mãe não apenas desse uma pausa nessa rotina exaustiva, mas tivesse uma grande surpresa.
Os passageiros que pegam diariamente a linha Itaguaí-Niterói prepararam um chá de fraldas surpresa para ela dentro do ônibus, com direito a decoração, comes e bebes, brincadeiras, e presentes para sua filha que está a caminho, Heloísa Vitória. O motorista parou o ônibus fora do ponto na Avenida Brasil para que ela pudesse entrar com sua filha pequena e a mãe. Assim que entrou, todos começaram a gritar e bater palmas. A emoção foi geral.
Beatriz contou ao G1 que nunca tinha visto aquelas pessoas antes, o que tornou a surpresa ainda mais especial. “Eles me viam todo dia vendendo café ali, mas eu nunca tinha visto nem falado com eles. Uma vez, uma menina pediu meu telefone e eu dei. Aí marcaram para me encontrar e fizeram aquilo tudo. Fiquei muito feliz e agradeci muito porque hoje é muito difícil alguém ajudar ao próximo”, conta.
O estudante de História da UFF, Rodolfo Mattos (22 anos), que estava no ônibus, tirou fotos do evento e postou-as no Facebook com a legenda: “uma das experiências mais incríveis que passei em transporte público do Rio em 22 anos de vida.” A história viralizou em pouco tempo, e até agora já foi compartilhada quase 30 mil vezes.
Rodolfo contou ao G1 que foi contatado por várias pessoas interessadas em doar roupas e fraldas para a gestante.
“O que vier eu vou gostar bastante, com certeza”, disse Beatriz.
Ela conta que trabalhava como manicure antes de virar ambulante. Mas precisou parar, porque perdeu muitas clientes com a crise. Ainda assim, seu faturamento depende de alguns fatores. “As vendas dependem do trânsito e do tempo. Quando está engarrafado é bem melhor e com menos sol também”, disse.
Aquelas pessoas já não são mais estranhas para essa jovem mãe, mas “grandes amigas”. Ela planeja, “quando a bebê nascer, vou marcar um novo encontro no ônibus para eles conhecerem”.