Após o ultrassom morfológico, os médicos sugeriram o aborto, mas Deus tinha um plano diferente
Segundo os médicos, ele nasceria morto, mas o amor e a fé dos pais, unidos ao poder divino, fez com que uma série de milagres mudassem a história.
Viviane Santos Roque
Meu esposo e eu planejamos nosso casamento, nossa casa e então decidimos que era a hora de tentarmos engravidar. Depois de 9 ansiosos meses o exame trouxe a grande notícia: POSITIVO. Não nos contivemos com tamanha alegria, juntos teríamos nosso primeiro filho.
Mas o desespero apareceu na 12º semana, quando foram identificadas alterações em nosso bebê durante um ultrassom morfológico. Não sabíamos ao certo o que representavam essas alterações, mas no mínimo ele seria um deficiente físico.
Momentos de dor, choro, afinal, não esperávamos por isso, aliás, ninguém espera! Meu marido e eu decidimos amá-lo da forma que ele viesse, e agradecemos por ele ter vindo pra nós, pois o aceitaríamos como fosse.
Com objetivo de buscar o melhor para o nosso bebê, procuramos por especialistas em aconselhamento genético experientes, foi quando descobrimos mais uma péssima notícia: o líquido amniótico havia reduzido consideravelmente e me alertaram de que um possível aborto espontâneo poderia acontecer, inclusive, nos questionaram se gostaríamos de continuar com a gestação, uma vez que o bebê dificilmente teria vida ao nascer, pois uma vez que tenha falta do líquido amniótico, seria impossível os pulmões se desenvolverem. Foram 4 opiniões médicas, nenhuma acreditava no desenvolvimento da gestação.
Mas nós decidimos acreditar! Entendemos que a última palavra vinha de Deus e iríamos crer até o fim!
Repouso absoluto, internações, mais perda de líquido amniótico, mais e mais alterações identificadas nos ultrassons, exames e mais exames, mas o bebê, que agora já tinha nome, o Lucas, permanecia firme e vivo, aliás, seus pulmões estavam desenvolvendo com as poucas gotas de líquido que eu tinha, surpreendendo e confundindo os médicos.
A gestação chegou inacreditavelmente às 36 semanas, foi quando minha ginecologista decidiu fazer o parto, pois o Lucas estava em alto risco.
Momentos de tensão, medo e acima de tudo fé. Meu marido e eu nos unimos em oração, amor e esperança de que todos estavam enganados… Críamos que o Lucas nasceria vivo!
Na sala de cirurgia, ansiosa… de repente eu ouvi meu marido dizer:
-
Princesa, nasceu!
Advertisement -
Nasceu? Como assim? Cadê o choro? Cadê meu filho? – pensei.
Aquele sonho de tirar foto com o rostinho do bebê colado ao meu, senti-lo, foi trocado pelo medo e desespero! A voz daquele médico conceituado persistia em minha mente: se ele nascer não vai viver, não terá pulmão para respirar devido à falta de líquido amniótico.
Ele nasceu vivo! O Lucas nasceu no dia 22/04/2014, com 1.675 g e 35 cm, com dificuldade respiratória, alterações físicas, micrognatia (queixo pequeno), fenda palatina, pouca abertura de boca, com toda estrutura muscular atrofiada e tantas outras alterações.
Após alguns minutos, que pra mim pareceram horas, ele veio todo lindo, dentro de uma incubadora, meio sem jeito consegui vê-lo! Agora o meu choro era de alegria! Ele está vivo!
Logo após uma intubação muito difícil devido a micrognatia, os médicos não deram muita esperança para nós, que permanecíamos firmes, ao lado do nosso filho, naquela sala fria de UTI.
Ventilação mecânica, fios e mais fios mantinham-no vivo. No segundo dia de vida, o tubo que mantinha ele respirando saiu e não conseguiram colocá-lo novamente. No momento de tamanha complicação, ele foi levado ao centro cirúrgico com urgência e uma traqueostomia foi feita. A respiração voltou e a vida que ficou por um triz mais uma vez venceu.
Com uma semana de vida, foi diagnosticada a possível doença genética rara que ele tinha: síndrome fêmur facial. Não existe exame que comprove se realmente é esta doença segundo os geneticistas, mas tudo indica que seja ela baseado em avaliações clínicas. Uma doença que traz alterações principalmente na formação óssea. Embora tenha diversas alterações, esta síndrome é compatível com a vida.
Vida!!! Aquela notícia caiu como bálsamo em nossos corações, existia expectativa de vida! Primeira vez que a palavra “vida” foi ouvida desde o início da gestação.
Foram 83 dias de UTI, onde nós estivemos lá todos os dias, de manhã até a noite. Eu tirava leite a cada três horas, era minha porção de amor para ele. Foram muitas lágrimas, muitas dores. A cada visita era uma notícia, boa ou ruim, Deus nos sustentava. Ali conheci um mundo que até então era desconhecido: a UTI. Conheci muitas mães, uma sustentava a outra e assim foi… 3 cirurgias, incluindo traqueostomia e gastrostomia, centenas de picadas e exames.
Saímos do hospital com Home Care 24 horas e começamos a buscar por um tratamento, que até então era desconhecido. Foram dezenas de consultas médicas até descobrirmos que a alteração no queixo era o que realmente impedia nosso filho de respirar. Então foram mais duas cirurgias e uma evolução surpreendente surgiu.
Hoje o Lucas está com 1 ano e 3 meses. Superativo e tem surpreendido a medicina a cada dia. Já não usa mais traqueostomia, respira perfeitamente e está em fase de desmame da gastrostomia. O pé que era torto já foi corrigido, bem como as alterações na boca. Grande evolução da parte motora, que tem nos alegrado.
A fé que nos sustentou hoje é usada para fortalecer outras famílias, que passam ou vivem momentos de dificuldades, inclusive alimentamos uma página no Facebook que conta a evolução do Lucas, sempre com palavras que edificam, este é o nosso objetivo, edificar vidas e famílias.
Deus tem feito maravilhas na vida do Lucas. Muitas vidas têm reconhecido Jesus na vida dele, pessoas voltaram a vida de oração, por causa da “causa” do Lucas… Temos ouvido testemunhos tremendos.
Minha igreja se uniu e viveu o verdadeiro sentido de família, nesta causa. Deus tem nos abençoado financeiramente, seja multiplicando nosso dinheiro, seja através de outras vidas para darmos os melhores médicos. A cirurgiã plástica que o operou é uma das melhores do Brasil (nós ganhamos as duas cirurgias, totalmente pagas por um “anjo”). O geneticista é um dos melhores do Brasil. A neurocirurgiã que o acompanhou é a melhor do Brasil. Não tínhamos como pagar, mas Deus preparou tudo. Deus tem levado Ele a lugares altos, pessoas “grandes” para que eles possam ver a Glória de Deus! A traqueostomia não seria tirada antes de 2 ou 3 anos de idade. Foi retirada no dia do aniversário de 1 ano. Com dois dias de vida foi dado um possível diagnóstico: talvez ele viverá somente 6 meses. A síndrome não é compatível com a vida. Uma semana depois de muita oração, tudo foi mudado. Aprendemos a dar valor à vida. Aprendemos a dar valor às pequenas coisas. Um sorriso, um levantar de braço, um som, uma piscadinha. Eu ouvi a voz do meu filho pela primeira vez com 10 meses. Adoro quando ele chora, me alegro, sonhei em poder viver isso. Aprendemos a ser gratos por tudo, pela alegria e pela tristeza.
Vencemos a gravidez, que muitos não acreditavam.
Vencemos o parto.
Vencemos a UTI, pois no início ninguém acreditava na evolução do Lucas.
Vencemos as dificuldades motoras, pois até os 3 meses de idade ele só mexia a cabeça.
Vencemos as alterações da boca, que foi o motivo do uso a traqueostomia e a gastrostomia.
E é nisso que acreditamos: o Lucas veio com um propósito.
Sou grata a Deus por termos sido os escolhidos para cuidar deste presente. Não vou dizer que é fácil porque não é, mas faria tudo de novo pra tê-lo como filho.
_Imagens: Cortesia de Viviane Santos Roque
Leia também: Nascido 16 semanas antes e com 5% de sobrevivência, um milagre mudou a história