Autodisciplina: Em que isso pode me ajudar?

Como a autodisciplina pode verdadeiramente mudar nossa vida. Como desenvolver autodisciplina.

Bruno Fernandes de Lima

De uma maneira muito simples, eu definiria “autodisciplina” como a capacidade de ter o controle de nossa própria vida. Ter autodisciplina significa mandar em si mesmo. Significa não ser controlado pelas próprias paixões, fraquezas e imperfeições, mas ser capaz de estabelecer regras para si mesmo e de obedecê-las. Posso dizer que sem autodisciplina é muito difícil obter sucesso na vida.

Somos todos imperfeitos. Temos fraquezas e defeitos que acabam nos impedindo de realizar muita coisa na vida. Eu costumo dizer que todo ser humano é preguiçoso, uns mais, outros menos. A preguiça faz parte de nossa natureza humana. É a busca instintiva pelo conforto, pela autoproteção. Toda pessoa gosta de descansar, gosta de poupar energia. Mas quando a preguiça começa a nos dominar, isto se torna um problema. Preguiça, procrastinação e lentidão obsessiva podem se tornar uma doença se começam a fugir de nosso controle. Mas seja em maior ou menor grau, essas coisas sempre atrapalham nossa vida. É possível, no entanto, vencer esses problemas.

Precisamos, em primeiro lugar, tomar a decisão consciente de buscar desenvolver autodisciplina. Este é o primeiro passo, e o mais importante. Em seguida, é preciso refletir sobre a nossa vida e estabelecer metas. Temos que saber onde queremos chegar em nossa vida. Se vagamos sem rumo na vida, como um barco à deriva no meio do mar, dificilmente chegaremos a um lugar bom. E mesmo se chegarmos um dia, terá levado muito tempo, bem mais tempo do que gastaríamos se houvéssemos traçado uma meta. Precisamos definir o que queremos ser, o que queremos ter, onde queremos chegar.

Depois de estabelecermos nossa meta, é preciso planejar. Ou seja, depois de definirmos onde queremos chegar, é preciso pensar em como chegaremos lá. Fazemos isto ao pensarmos em todos os obstáculos que nos impedem de chegar à nossa meta e decidir como faremos para eliminá-los. É muito importante estabelecer datas e prazos para cada etapa do planejamento e para cada ação. É preciso também analisar todos os recursos de que dispomos e o que mais precisaremos adquirir.

Eis um exemplo. Suponhamos que minha meta seja me tornar um médico bem-sucedido, ter uma casa grande e confortável, dois bons automóveis e outros bens que me proporcionem conforto, ter uma família feliz e realizar algo de bom para a sociedade. Eu devo pensar: “O que me impede de ter tudo isso hoje?”. Eu então devo fazer os planos: preciso ingressar em um curso superior de medicina. Para isso, eu preciso estudar muito e me preparar para o vestibular. Devo começar hoje a fazer economias. Devo me preparar psicológica e emocionalmente para construir uma família e buscar um relacionamento sólido. E devo pensar em formas de dar uma boa contribuição para a sociedade, como realizar algum tipo de trabalho voluntário.

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Depois de tudo isto, é preciso organizar os detalhes menores de nossa vida. Eu preciso planejar cada ano, cada semestre, cada mês, cada semana e cada dia. Definir tudo que eu preciso fazer cada dia, todos os meus compromissos, de modo a utilizar o meu tempo com sabedoria. O tempo é o bem mais valioso que nós temos, mas a maioria de nós simplesmente o deixa escorrer pelo ralo. Planejar nossas atividades nos ajuda a usar o tempo de forma mais sábia.

É preciso estabelecer horários para cada atividade do dia. A que horas eu quero me acordar? A que horas eu devo estar na cama? A que horas eu quero fazer cada refeição? A que horas eu vou estudar? Eu preciso planejar tudo isso e depois obedecer fielmente ao meu planejamento.

Meu dia deve ser sempre preenchido com atividades produtivas. Exercício físico, estudo, atividades que gerem renda, meditação, reflexão e descanso. Lazer é algo muito importante, mas este deve ter seu tempo e horário bem definidos. É preciso cuidar sempre da saúde, procurar desenvolver hábitos saudáveis.

Em tudo isso, devemos sempre nos lembrar de que precisamos ser rigorosamente obedientes ao nosso planejamento. Nunca devemos flexibilizar. Afinal, todo esse processo é um treinamento, um esforço para desenvolver autodisciplina e autodomínio. No início isto pode ser muito difícil, mas o objetivo é fazer com que isto se torne natural com o tempo.

É importante aprender a fazer uso de uma agenda. Ela deve ser analisada diariamente logo depois que acordamos. Um pouco antes de irmos para a cama, temos que planejar o dia seguinte. Isto será algo fácil e não tomará muito de nosso tempo se o nosso planejamento mensal e semanal for eficaz. Só será preciso fazer pequenos ajustes ao planejamento que já terá sido feito previamente. É importante avaliar sempre os nossos planos. Eu consegui realizar todas as atividades planejadas? O que deu certo? O que deu errado? O que precisa ser alterado em meu planejamento? Sempre devemos seguir esse ciclo planejamento → execução → avaliação.

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Bruno Fernandes de Lima

Bruno F. de Lima é bacharel pela Universidade Federal de Pernambuco, professor de Inglês e Português, poeta e escritor.