Beber socialmente, um perigo comum e consentido
Aquela cervejinha no fim da tarde, no fim da semana ou na festa. Aquele vinho no jantar romântico, ou ainda, um conhaque para aquecer do frio. Tudo parece inocente, não é? Mas, a realidade é bem outra.
Stael Ferreira Pedrosa
Este artigo não tem o propósito de criticar quem bebe socialmente, apenas informar que esse hábito não é de todo inócuo. Afinal, que beber sem moderação pode causar efeitos nocivos, não é novidade para ninguém, no entanto, pouco se fala sobre os riscos de beber socialmente.
Um estudo realizado pelo Scripp´s Research Institute da Califórnia (EUA) trouxe resultados que apontam que a ingestão de grandes quantidades de álcool de uma só vez afeta o cérebro da mesma forma que o consumo frequente. E de acordo com a psiquiatra Carla Bicca, da Associação brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (ABEAD), é muito comum as pessoas pensarem que não há problema em beber nos finais de semana, no entanto, a médica alerta que esse é um comportamento de risco e um perigo real.
Existe um consumo seguro para o álcool?
Um estudo recente, pela Universidade de Washington (EUA) indica que NÃO. Não existe uma dosagem sem qualquer efeito nocivo no organismo. Após analisar o consumo e suas repercussões em mais de 100 mil pessoas de 195 países, entre 1990 e 2016, os pesquisadores concluem: não há limite seguro para a ingestão de bebidas alcoólicas.
O artigo comentado neste link traz, ainda, um alerta dos estudiosos contra o argumento de que uma taça de vinho faz bem ao coração, sim, até pode fazer, mas essa eventual vantagem não supera os malefícios, como aumento do risco de câncer, por exemplo.
Os cientistas da Universidade de Washington, usaram dois grupos como amostra: um grupo de pessoas que bebiam socialmente e um grupo de abstêmios. A propensão a problemas (câncer, infarto, AVC, cirrose, violência doméstica) aumenta na medida em que o consumo de álcool também aumenta, e o risco de adoecer crescia meio ponto percentual em quem tomava uma única dose por dia, como uma lata de cerveja ou uma taça de vinho.
Assim, segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, diretor da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o melhor é não beber. Nada!
E o psiquiatra encontra respaldo em outros médicos, como Michael Mosley, que também é apresentador da BBC, para quem não há nenhuma vantagem bioquímica na ingestão de álcool, embora reconheça que o consumo moderado possa trazer eventuais “benefícios sociais”, e afirma: “Há ao menos 60 formas diferentes de o álcool te fazer mal ou matar”.
Em 2016, na Grã-Bretanha, foi lançada uma campanha intitulada “janeiro seco”, propondo às pessoas que passassem 31 dias sem consumir álcool, com o argumento de que a prática traz benefícios à saúde que vão de perda de quilos extras a um sono melhor.
Michael Mosley não só aderiu à campanha, mas também se submeteu a uma série de exames antes e depois dos 31 dias. Para o médico, qualquer quantidade de álcool irá provocar um aumento nos riscos de desenvolver algumas formas de câncer, tais como câncer de mama, cabeça, pescoço e garganta.
E os benefícios contra aterosclerose?
Aterosclerose é o nome dado ao acúmulo de placas de gordura nas artérias, que pode levar ao infarto. Quanto aos benefícios do vinho para limpar as artérias e evitar o infarto, Mosley pondera que, para isso acontecer, teria que se ingerir muito mais que uma taça de vinho, na verdade, teria que ser um consumo muito grande, porém os malefícios seriam ainda maiores pela alta ingestão. Outro problema, segundo o médico, é que a prática de beber socialmente pode levar ao alcoolismo, ou seja, não vale a pena.
Benefícios percebidos por quem parou de beber socialmente
Os ex-bebedores sociais costumam relatar resultados muito bons, tais como perda de peso, melhora da aparência – somem as bolsas embaixo dos olhos, a pele melhora visivelmente, os olhos se tornam mais brilhantes e claros (sem vermelhidão), e o melhor, diminui ou faz desaparecer a famosa “barriga de cerveja”.
Além disso, segundo ex-bebedores, como Juliet Chenery, que bebia vinho algumas vezes por semana e ficou um mês sem tocar em álcool, percebendo vários benefícios. Então, ela resolveu parar de vez, o resultado surgiu em seu corpo, seu rosto e na sua vitalidade. Estimulada pelas melhoras e pelo aumento da autoestima, adotou um programa de exercícios e uma dieta equilibrada.
A analista de RH, Denise Nunes, também relata, em entrevista à revista Claudia, que ao se deparar com a quantidade de atividades sociais e festas que teria em um determinado dezembro, viu que, pela quantidade que ela costumava beber, somadas as festas, ela beberia, segundo seus cálculos, “entre chopes, caipirinhas e outros drinques, seriam tranquilamente uns 30 litros de bebidas alcoólicas. É muito. Sem contar as ressacas, que sempre me pegaram de jeito”. Tomou a decisão de cortar durante o mês qualquer quantidade de álcool, se sentiu tão bom que permanece sem beber..
Segundo outro artigo da revista, uma das dietas mais procuradas ultimamente no Pinterest é a “vida sem álcool” (sober living, em inglês), que tiveram um aumento de 746%. Creio que após ler isso aqui, se você ainda bebe socialmente, irá repensar esse hábito, mesmo porque não é algo difícil. Quem bebe socialmente não é viciado e pode parar quando quiser. Conte para nós como tem sido sua experiência.