Casei-me aos vinte e pouco…

Hoje em dia já não é tão normal ouvir uma mulher dizer isso. Então pasmem, porque quem escreveu este artigo foi um homem.

Murillo Leal

Este artigo foi publicado originalmente no Casal do Blog e republicado aqui com permissão.

Ainda é um absurdo para a maioria das pessoas quando digo que me casei aos 25 anos. Quase que unanimemente parece loucura desperdiçar minha juventude com responsabilidades e uma esposa a cuidar. Parece que a vida fora do casamento é mais atrativa para a maioria dos jovens.

Os jovens não se acham aptos a casar. Na verdade, os da minha idade querem somente conhecer o limite entre a intensidade de se viver o máximo sem perder a vida. E o casamento, nesse sentido, representa a castração moral da vida dos jovens. Claro, eles, nessa perspectiva querem passar longe da possibilidade de não descobrir até onde podem ir.

Parece que o casamento é para aqueles que não conseguem mais fugir das suas condições. O casamento é como um ladrão que lhe ameaça e leva tudo. É uma possibilidade para se adiar o máximo que conseguir. É como se a vida fosse uma estrada longa e tivesse que passar pelo casamento, mas no meio existe uma placa que diz: “Se possível, evite”.

Talvez seja mesmo uma loucura casar. Talvez eu tenha assistido muito filme woodyaliano, ou aquelas comédias picaretas que o mocinho tem de correr aeroporto adentro para impedir que sua grande amada pegue um avião e se mude para um país qualquer. Nunca acreditei nelas, mas achava razoável o sentimento de que o amor é uma oportunidade quase única.

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No meu caso, foi bem mais fácil. Não teve corridas longas até o aeroporto. Foi uma questão de elevador. Explico. O Amor da minha vida morava bem perto. Para ser mais exato, no andar de baixo do apartamento onde morava. “Deve ser legal sua namorada morar no mesmo prédio que você, né?” Tínhamos sempre que ouvir esta pergunta. E respondíamos afoitos e irônicos: “Olha, não é uma experiência ruim não.”

Eu me casei. Cedo. Mas, peraí, cedo? Tem certeza? Na verdade, se analisarmos, aos 25 anos – metade do meio de um século – não é bem cedo. Quanto é a média de vida de um brasileiro homem hoje? 75 anos? Bem, pensando por este lado, 25 anos não é lá muito cedo.

Ficou preocupado? Ah, não precisa se desesperar. A menos que a única coisa que queira neste momento é continuar vivendo nos camarotes abarrocados de gente importante sem importância alguma para sua vida; se seu maior plano semanal ainda é continuar colocando os vestidos tubinho (a vácuo) e desfilar com a maquiagem impecável, sob seu salto alto em direção ao derradeiro sentido sem sentidos e mais nada… Ok, se esse for seu caso, eu perdoo, siga em frente, mas, definitivamente, não foi isso que quis para mim.

Tenho orgulho em dizer que a encontrei. Ela é linda. Na verdade, ela não sabe disso, mas é linda demais. Sem querer cometer o pecado da breguice, mas correndo o risco de ser considerado piegas, ela realmente me encanta em cada palavra e olhar que recebo.

Enquanto a maioria arrota pelos cantos “Liberdade, liberdade!” e continua no amontoado de solitários, eu prefiro gritar: “Casei. Casei cedo mesmo porque tive pressa em ser feliz junto com uma mulher que eu pudesse me entregar por completo!”

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Você acha brega tudo isso, eu sei, mas eu acho brega esse seu jeito elegante e mentiroso de viver mentindo para si mesmo. Estamos quites, meu chapa!

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