Colocando limites na família do cônjuge – ou na sua – para preservar seu casamento

Seja por morar perto demais ou por ter familiares sozinhos que dependem do seu cônjuge é sempre difícil limitar sua relação e privar as pessoas de fazerem parte do seu casamento. Saiba como fazer isso.

Karin Cristina Guedes de Oliveira

Quem nunca ouviu aquela famosa frase “Ao se casar com alguém, casa-se também com a família.” E casa mesmo! Como disse em um artigo anterior, “um relacionamento sério como o casamento envolve laços familiares estreitos entre pais, filhos e demais familiares.” Quando escolhemos, somos escolhidos ou o coração nos une a alguém o sentimento é tão grande ao ponto de nos deixarmos cegos quanto aos defeitos. O que nos torna seres permissivos demais. É a fase do tudo é legal, tudo pode e eu gosto de tudo. Mas toda essa liberdade pode causar um grande conflito mais adiante.

Ninguém avalia ou analisa a família do parceiro até surgirem os problemas. E esses aparecem e não cansam de aparecer, principalmente quando a interferência dos demais familiares se torna rotineira e carrega uma importância indevida por uma das partes. Não que se deva analisar a família, afinal encontrar o cônjuge já é bom o bastante, o que vier a mais é lucro. O relacionamento vai bem, tudo compensa para manter-se bem e feliz, mas melhorar nunca é demais e aparar certas arestas só facilitará as coisas. Existem algumas atitudes que é possível tomar para fortalecer o relacionamento (que deve ser entre duas pessoas e nenhuma a mais) sem ofender ou atrapalhar as demais relações, mantendo-se sempre a paz e a harmonia com o restante da família, todos precisamos dessas relações, assim como ninguém é feliz sozinho, os casais também não se bastam.

1. Impondo limites

Caso seu esposo ou esposa priorize as vontades e opiniões dos demais familiares colocando as suas em segundo plano, procure entender, não exigir. Tente descobrir as razões, explique como se sente e demonstre que na sua vida ele vem primeiro e que gostaria que fosse recíproco. Mostre com atitudes a importância de serem primeiramente um casal, para então juntos serem filhos, cunhados, irmãos, primos e afins.

2. Morando perto e agora?

Morando juntos ou próximos dos parentes, para muitos casais é sinal de problema. Pode até ser, mas os problemas podem surgir de perto ou de longe e afetar a vida conjugal na medida em que vocês permitirem. Alguns casais passam a ter conflitos quando, por alguma razão os pais vêm morar com eles. Cuidar de um idoso, ter uma ou duas pessoas a mais na casa, mais alguém para opinar na decoração e no cardápio não é nada atrativo. Mas pode ser mais útil e mais interessante do que o medo lhe deixa perceber. Longe ou perto demais da família os casais precisam distanciar-se um pouco, impor um limite para manter a relação e deixar claro para todos que se importam um com o outro, que gostam de estar juntos e valorizam os momentos de privacidade, seja saindo para jantar ou assistir a um filme sozinhos em casa. Até na hora de curtirem-se morar perto pode ajudar mais do que atrapalhar.

3. Mas a família é grande demais!

E todo mundo quer se meter. Colocar um aviso na porta escrito “em vida de marido e mulher ninguém mete a colher” pode resolver, mas criará um novo desconforto, então seja mais delicado e compreenda que todos fazem por amor ou por desejar o melhor. Vocês podem ouvir todos os conselhos, mas não precisam dar ouvidos. Ponderem, discutam, reflitam sobre o que se pode aproveitar e não deixem que a palavra final na relação venha de nenhum terceiro, mesmo que seja o papai ou a mamãe. Lembre-se que quanto maior a família maiores são os conflitos, maiores os problemas, mais crianças, mais bagunças e… Mais experiências, mais crescimento e mais pessoas para dividir suas dificuldades também.

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4. Não sobra tempo

Trabalha-se muito, estuda-se muito, os cuidados com os filhos demandam tempo demais e o pouco que sobra sempre tem uma festinha de família ou um almoço na casa de alguém. Um casal precisa viver, manter-se como casal. Nem que seja sacrificando uma festa aqui ou um almoço ali, é importante reservar um tempo para desfrutarmos da companhia de quem escolhemos e amamos. Se não sobra tempo, tire de onde tem demais.

5. O filho é meu

Você planejou, gerou, criou e educou. Agora todos se sentem no direito de, no seu ponto de vista, estragar tudo o que você lutou para repassar ao seu filho. O filho é seu! Também. Ele é seu filho e do seu esposo. Mas é sobrinho, primo, neto, amigo, aluno, enfim, ele pertence a outras pessoas também. Porém, isso não o tira de você. Nem as influências que receberá destruirá tudo o que você construiu. A base que fundamentaram juntos, como casal, depois como casal com filhos, é tão sólida que resistirá ao que vier de fora de maneira que o que for contrário não terá a mesma importância. Uma vez compreendido pelo casal que o que realmente impera é a vontade de ambos, os filhos consequentemente valorizarão primeiro o que vem dos pais.

Acima de qualquer coisa a família é prioridade na vida de qualquer indivíduo, não tem como escolher entre o pai e o esposo, a mãe ou a esposa. O cônjuge precisa reconhecer essa impossibilidade e ser grato por isso. Por outro lado, os pais, irmãos, primos, cunhados e toda a parentela, precisam respeitar o limite do outro e sua individualidade matrimonial. Se cada um entender e cumprir seu papel a vida da grande família será harmoniosa e equilibrada, afinal somos dependentes e necessitamos uns dos outros para sermos felizes ou simplesmente existirmos. Por experiência própria sei da importância dessas relações, sei que estar próximo, mesmo que sofrendo uma interferência aqui outra ali, é mais válido do que se distanciar ou conflituar-se.

Uma família começa por um casal. Uma família divide-se para se formar um casal. A perda que seus pais ou sogros sofrem é confusa e difícil de lidar, mas com maturidade, compromisso, amor e amizade tudo vai se encaixando e fortalecendo-se uma família cada vez maior.

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Karin Cristina Guedes de Oliveira

Karin Cristina é pedagoga, mãe e esposa. Apaixonada pelo ser humano, acredita que o conhecimento é capaz de mudar a humanidade e a leitura é o caminho.