Como lidar com um professor que está fazendo bullying

? Sinais a verificar no comportamento do seu filho em relação a professores que cometem bullying e como lidar com a situação.

Erika Strassburger

Abordar sobre esse tema faz-me lembrar de momentos difíceis que passei na infância. Eu tinha duas professoras que praticavam bullying contra mim e alguns colegas. Lembro-me exatamente da vergonha e tristeza que sentia ao ser chamada de burra e de outros adjetivos grosseiros. Além de humilhar-nos na frente do restante da classe, elas deixavam claro quais eram seus alunos preferidos.

Graças a suas atitudes, passei a desenvolver aversão a duas das matérias que ensinavam e a ter um baixo rendimento nessas disciplinas. Futuramente, eu tive uma excelente e dedicada professora que me ajudou a recobrar o gosto por uma das matérias. A aversão que eu tinha pela outra findou somente quando eu era adulta. Eu passei esse tempo todo odiando uma matéria que passou a ser muito importante na minha vida adulta.

Segundo a Wikipédia, bullying é “é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder.

A Doutora em Ciências da Educação, Cleo Fante, afirma: “As consequências para as vítimas desse fenômeno são graves e abrangentes, promovendo no âmbito escolar o desinteresse pela escola, o déficit de concentração e aprendizagem, a queda do rendimento, o absentismo e a evasão escolar. No âmbito da saúde física e emocional, a baixa na resistência imunológica e na autoestima, o stress, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão e o suicídio.”

Quando ouvimos falar sobre professores que ainda praticam bullying, sentimo-nos indignados e ao mesmo tempo impotentes. Se aqueles que deveriam estar promovendo a paz e o respeito em sala de aula e protegendo nossos filhos contra essa covardia, são os agressores, o que esperar de seus alunos e de todo o ambiente escolar?

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No site Bullying Não é Brincadeira, lemos: “O bullying cometido por professores tem algumas semelhanças com o bullying entre pares. Também é um abuso de poder que tende a ser crônico e geralmente é expresso de forma pública. É uma forma de humilhação que gera atenção por degradar um aluno na frente dos outros. Com efeito, o bullying pode ser uma cerimônia pública de degradação em que as capacidades da vítima são rebaixadas e sua identidade é ridicularizada.”

Os alunos que sofrem bullying de professores, segundo o mesmo site, “ experienciam confusão, raiva, medo, dúvidas e profunda preocupação a respeito de suas competências acadêmicas e sociais. Não saber por que foi escolhido como alvo, ou o que precisa fazer para parar com o bullying, pode estar entre os aspectos mais estressantes de ser excluído e tratado de forma injusta. Com o passar do tempo, especialmente se ninguém intervier, o alvo pode passar a se culpar pelo abuso e assim ter um sentimento pervasivo de desesperança e desvalorização”.

O que fazer nesses casos? Que atitudes devem ser tomadas? Veja algumas sugestões:

1. Converse com os pais dos colegas de classe

Peça que verifiquem com seus filhos se eles presenciaram o bullying do professor contra seu filho ou contra outros colegas.

2. Tenha uma conversa esclarecedora com seu filho

a) Caso não haja testemunho de outros alunos,

tente saber a história toda novamente. Fale sobre os próximos passos que pretende dar, conversando com o professor e a diretoria da escola. Diga-lhe que são passos muito sérios e explique as consequências de acusar alguém injustamente. Se você notar consistência nas acusações de seu filho, prossiga.

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b) Se houver provas,

avise-o sobre os próximos passos que vai dar e diga que ele não precisa ter medo de sofrer retaliações. A criança precisa sentir-se segura sabendo que seus pais vão protegê-la.

3. Converse com o professor

Converse com o professor e veja o que ele tem a dizer. Se ele realmente praticou bullying contra seu filho, dificilmente confessará. No entanto, essa averiguação é necessária a fim de avançar com o caso.

Peça ao seu filho que vá relatando as atitudes do professor depois dessa conversa. Talvez ele melhore sua conduta e nada mais precise ser feito.

4. Converse com o diretor da escola

Se seu filho relatar outra agressão, esse é o próximo passo. Se foi constatado a prática do bullying lá no início, essa conversa deve ser imediata. Caso a diretoria não queira enxergar o problema (infelizmente, isso é comum), reúna as provas que conseguir.

5. Acompanhe as mudanças, quando houverem

Se a diretoria intervier no assunto, verifique (interrogando seu filho) se o comportamento do professor melhorou, e como está o clima em sala de aula. Se as coisas não mudarem ou progredirem muito pouco, convém conversar com a diretoria sobre a possibilidade de trocar o professor.

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6. Reúna provas

Se o problema persistir, solicite junto aos pais das crianças que testemunharam a agressão, a autorização para que sirvam de testemunha. Você pode dar um gravador ao seu filho e instruí-lo a fazer gravações. Algumas escolas proíbem que as aulas sejam gravadas, no entanto, em casos de bullying, essa será um prova importante a ser usada contra o agressor. Se necessário, converse com um advogado e peça uma autorização judicial para fazer tais gravações.

7. Se a instituição de ensino não tomar uma atitude, faça um boletim de ocorrência

Você já deu todas as chances necessárias para que uma mudança ocorresse, e nada aconteceu. Não se sinta constrangido em relatar o ocorrido às autoridades policiais. Reúna as provas e faça um boletim de ocorrência.

Os passos acima são meras sugestões para casos de bullying em que a vítima não apresenta danos físicos nem psicológicos, ou seja, quando a agressão for identificada logo no início. Há casos graves de bullying em que uma intervenção policial faz-se necessária logo no início, e outros em que atitudes legais precisam ser tomadas. Faça o que julgar mais prudente, porém não deixe de agir. Faça isso pelo bem-estar físico e psicológico do seu filho. 

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.