Como manter o amor em família mesmo com pais divorciados
O divórcio não precisa e nem deve ser uma implosão dos vínculos familiares.
Suely Buriasco
O divórcio é por si só penoso, um processo de adaptação familiar que causa sofrimento para todos. Em muitos casos a separação provoca uma grande mistura nos vínculos familiares, gerando uma ruptura generalizada de consequências bastante complexas. A separação que deveria se ater ao casal, comumente, é vivenciada por toda a família, rompendo as fronteiras entre pais e filhos. Mas, o fato é que não deveria ser assim e, mesmo sendo uma situação difícil é possível lidar com ela de forma a minimizar as perdas familiares.
Segundo o artigo da psicóloga Dra. Mariagrazia Marini: “As questões psicológicas emocionais não devem ser negligenciadas. Para que os filhos não sofram consequências traumatizantes com o divórcio é muito importante e fundamental o ambiente familiar e a maneira como os pais e familiares conduzem a separação, por haver o risco de traumatizar os filhos em plena fase de desenvolvimento físico e psicológico”.
Separação ou implosão?
O divórcio é um rompimento dos laços matrimoniais, não devendo ser visto como rompimento familiar. Não há como evitar que todos os membros da família sejam afetados com a mudança em sua estrutura, mas é a atitude do casal que definirá o quão negativa essa mudança possa ser. Claro que não é fácil, normalmente existe uma pressão muito grande causada por mágoas, frustrações e tantas outras emoções. No entanto, é possível, recomendável e muito saudável que os filhos sejam poupados ao máximo dessas emoções que podem causar verdadeira implosão familiar com consequências danosas.
A comunicação pacífica
Não é porque não concordamos ou nos sentimos ofendidos por alguém que, necessariamente, precisamos brigar. Existem formas mais inteligentes de se expressar e buscar soluções satisfatórias e uma delas, sem dúvida, está na maneira como nos comunicamos. Acredite, você pode falar mil verdades sem ofender, basta que suas palavras e intenções sejam genuinamente respeitosas. Por isso, restringir palavras duras e pensamentos amargos é fundamental para minimizar as consequências negativas em todos os envolvidos, em especial, aos filhos.
No livro “Felicidade”, Eduardo Giannetti afirma: “As qualidades de uma boa conversa deveriam ser a polidez sem fingimento, a franqueza sem rispidez, a erudição sem pedantismo, o rigor sem aridez e, sobretudo, a disposição sincera de cooperar na busca do saber”.
A trama das relações familiares
É comum que os conflitos que se estenderam anteriormente ao divórcio eclodam de forma exacerbada depois dele. Daí a extrema importância do controle das emoções na trama familiar, favorecendo a ação dos pais no sentido de colaborar para preservação do vínculo familiar.
Segundo Judith Wallerstein, conferencista-sênior da Universidade da Califórnia e autora de um estudo sobre os efeitos do divórcio na vida dos filhos: “Agora, vemos que o principal dano é na idade adulta, quando as imagens internalizadas da mãe, do pai e de suas relações vêm para o centro da cena e moldam as escolhas que estas crianças crescidas fazem”.
Não podendo evitar as mudanças, muito pode ser feito para que elas não estimulem desunião, revolta e sofrimento de pais e filhos. A família é um todo, o que afeta um membro é sentido por todos. Cabe aos pais a grande responsabilidade de ajudar os filhos na adaptação necessária, de forma que o amor prevaleça e se fortaleça no núcleo familiar modificado.