Como sobreviver à crise atentando-se a detalhes importantes
Stael Ferreira Pedrosa
Este é um artigo para pessoas que conseguiram ao menos manter seus empregos e casas durante a crise sanitária que se abateu sobre o país. Sabemos que algumas famílias perderam tudo, até mesmo seus pais, mães e provedores. Estendemos nossa solidariedade a elas e os desejos de que logo voltem a ter ao menos um trabalho e um lugar seguro para morar.
No (quase) pós-pandemia, pelo menos assim esperamos, o Brasil não sai incólume desses terríveis dois anos. Embora a recessão econômica tenha se iniciado na década passada como sequela da crise mundial de 2008, que trouxe dificuldades a vários países em retomar o crescimento e, assim, afetando nosso país nas relações comerciais.
Os Estados Unidos, a Europa e até a China diminuíram seu ritmo de crescimento, levando à diminuição das importações dos produtos brasileiros por parte desses parceiros. O Brasil diminuiu o fornecimento de ferro à China, de automóveis para a Argentina e de carne para a Europa, afetando também o ritmo de crescimento que o Brasil apresentava nos anos antecedentes.
Assim começou a crise em 2014, sendo o ano seguinte, 2015, o pior ano para o mercado de capitais mesmo com o PIB global tendo crescido no mesmo período. Mas o pior estava por vir. No começo de 2016, as bolsas de valores do mundo bateram os piores recordes de sua história. Tudo isso aliado a uma política monetária liberal que, ao invés de crescimento real, trouxe um boom fictício nas bolsas que, claro, não se manteria.
Como se não bastasse toda a recessão econômica mundial, no final de 2019 surgiu a pandemia de covid-19, trazendo recessão, perdas econômicas e de vidas.
No Brasil não foi diferente. A pandemia não apenas piorou como também escancarou os resultados de uma política desastrosa nos últimos anos e evidenciou a desigualdade social, vitimando em sua maioria a população menos favorecida, ou seja, os pobres, moradores das periferias e favelas, os negros e excluídos em geral. Afinal como manter a higiene quando:
– 35 Milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada
– 100 Milhões vivem em locais sem coleta e tratamento de esgoto
Após toda a tragédia dos meses passados, com o pico de mortos chegando a 4000 pessoas por dia, a vacina – extremamente negligenciada pelo governo federal, veio colocar freios ao terror. No entanto, as perdas na economia colocaram grande parte da população em vulnerabilidade alimentar e ou em risco disso.
A carestia que se seguiu é cruel, fazendo com que pessoas busquem por ossos ou peles de aves para se alimentar, perdas de lares, provedores o que fez aumentar a população de rua e os indigentes.
Para aqueles que ainda têm um trabalho, o poder aquisitivo foi reduzido drasticamente com o aumento não apenas dos gêneros alimentares, mas das tarifas de energia, dos combustíveis (gasolina, gás de cozinha) entre outros.
Como sobreviver à crise
Não tenho aqui como dar um guia detalhado de como se sair bem da crise atual. Afinal, não tenho esse poder e nem tudo depende de nós, pessoas comuns. A maior parte das soluções deve ou deveria vir das esferas governamentais. Mas, enquanto essa solução não chega, alguns conselhos podem ser úteis para se implementar uma economia de recessão em casa.
Se for o seu caso, e as finanças estiverem emagrecendo assustadoramente, é hora de atentar para alguns detalhes, tais como fazer um registro fiel de tudo que entra e sai. Seja com despesas de alimentos, manutenção da casa, energia, combustível, enfim, tudo tem que ser analisado e a despesa que não for estritamente necessária deverá ser cortada ou diminuída.
Gás, água e energia
- Economize gás fazendo uma “panela com pedra”, que pode ser utilizada com carvão, mesmo que você não tenha um quintal. A panela não aquece por fora e pode ser usada em sua pia da cozinha. Serve para aquecer água, cozinhar ovos, fazer café, chá, ferver leite etc. É possível economizar até 30% das despesas com gás.
- Evite fazer alimentos assados no fogão a gás. Prefira a churrasqueira ou grelha – a carvão.
- Use mais a panela de pressão, economiza o tempo de cozimento e o gás.
- Apague todas as luzes que não estiverem sendo usadas, troque as fluorescentes por lâmpadas de led, a economia de energia pode chegar a 80%!
- Evite passar roupas. Caso seja necessário, junte todas e passe de uma vez.
- Diminua o tempo de banho dos membros da família.
- Diminua o tempo de televisão, videogame e tudo que gaste energia – aproveitem para se exercitar, passear num parque e passar mais tempo juntos.
- Use menos o carro; se trabalhar a uma distância menor que 5 quilômetros de casa, vá andando ou faça um sistema de rodízio com colegas que trabalhem no mesmo local e morem perto – a carona solidária também é uma ótima ideia.
- Varra as calçadas e quintais ao invés de lavar.
Para economizar seus ganhos
- Evite o cartão de crédito ou compras em longo prazo. Só o faça se for algo essencial como roupas ou calçados para a família, despesas médicas ou medicamentos, dentista, agasalhos etc.
- Para o lazer, procure atividades gratuitas como passeios, parques, trilhas, piqueniques, visita a museus entre outros. Evite os restaurantes, pizzarias e lanchonetes. Seu bolso e sua saúde agradecerão.
- Corte ou renegocie os valores para planos de mídia (televisão, internet e telefone). Se tiver telefone fixo, cancele.
- Corte ou divida os streamings (netflix, spotify etc.) com os amigos e cada um paga um pouco.
- Cozinhe em casa. Não peça comida por delivery. Ao cozinhar, elabore um cardápio semanal escolhendo bem os produtos que sejam mais baratos e tão nutritivos quanto. Exemplo: troque o bife (contrafilé ou alcatra) por coxão duro cozido na pressão com legumes. Delicioso e nutritivo.
- Lembre-se de comprar apenas aquilo que sua família come. Não é hora de deixar alimentos estragarem nos armários ou na geladeira.
- Procure aprender sobre armazenamento de gêneros alimentícios e de primeira necessidade. Algumas sugestões de artigos aqui, aqui e aqui.
Antes de implementar qualquer programa de redução de gastos, é necessário que a família esteja em pleno acordo. Não é produtivo ficar brigando por uma torneira mal fechada ou uma luz deixada acesa.
Certifique-se de que todos estejam cientes de que é necessário no momento e que tende a ser algo passageiro. Isso fará com que sua família seja ainda mais unida e resiliente.
Talvez você e sua família não tenham sido afetados pela crise, no entanto, viver um modo de vida mais frugal, minimalista e sustentável faz bem à sua família, à sociedade e ao planeta.