Como tornar-se um péssimo pai ou mãe em 10 passos ou menos
"Eu e tu somos uma coisa só. Não posso te maltratar sem me ferir”. Mahatma Gandhi
Caroline Canazart
No anseio de acertar, muitas vezes os pais acabam se desgastando e colocando tudo a perder quando se trata de educar um filho. Orientar uma criança não é tarefa fácil. Pais e mães também se sentem frustrados com os seus erros e com os erros dos filhos. Mais uma birra, mais um aviso da escola ou uma porta do quarto fechada em meio uma briga… “Mais uma vez eu gritei com meu filho”. Tudo, às vezes, parece demonstrar que os esforços para uma boa educação não estão indo a lugar nenhum.
“Eu tenho feito de tudo, mas parece que nada dá resultado”. Muitos pais podem passar noites remoendo esse pensamento. Porém, algumas atitudes deles próprios podem estar interferindo no diálogo e na conexão com os filhos. Abaixo segue algumas sugestões que podem transformar pais e mães em péssimos exemplos:
1. Não dar atenção e carinho
Qual criança não precisa de um aconchego no colo? Quando ainda pequenos responder ao choro dela é uma forma de afirmar “eu te amo” e “você está seguro”. As birras normalmente são uma forma do filho dizer “eu estou aqui, olhe para mim! Me dê atenção! Eu estou frustrado”.
2. Não separar um tempo de qualidade para a família
Essa é outra forma de não dar atenção. Hoje em dia as semanas passam rápido e se você não se atentar, ela passou e você não trocou uma palavra com o seu filho, pequeno ou adolescente, e com o seu cônjuge.
3. Deixar de falar “eu te amo”
Os pais são o maior exemplo dos filhos. Ele vai aprender a dizer “eu te amo” se você falar para ele. Reafirmar o amor com palavras reforça a conexão entre pais e filhos e irá ajudá-los em seus relacionamentos futuros.
4. Ser violento – tanto física como emocionalmente
Quando um pai ou mãe bate no filho significa que o controle da situação foi perdido e é uma forma de dizer a ele que é com violência que os problemas são resolvidos. Se a escola afirma que a criança bate nos colegas, não há como reclamar, pois ele estará fazendo o que aprende dos pais. E mais que isso, de acordo com a psicóloga Daniela Freixo de Faria, o caminho da palmada gera medo, distância e, muitas vezes, mentira. “Pais e filhos se afastam, e a comunicação, o encontro e o respeito se tornam grandes objetivos difíceis de alcançar”, diz. As palavras também ferem e os filhos acreditam e viram aquilo que os pais as chamam com frequência.
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5. Transformar os filhos em reis ou rainhas da casa, deixando-os decidir por tudo
A culpa em não ter tempo para os filhos pode transformá-los em pequenos generais e isso não é saudável. As crianças precisam saber que existe uma ordem para todas as coisas e que não é uma escolha se irá ou não tomar banho, comer ou dormir, por exemplo.
6. Não deixá-los expressar os sentimentos
Engole o choro… Essa é uma frase bem familiar. Mas se observarmos com cuidado se vê que é uma forma de podar o sentimento da criança. Se ela está triste ou frustrada por algum motivo, normalmente chora, pois é a maneira que tem para expressar o que sente. Não escutá-la pode fazer a criança se transformar em alguém com medo de falar, tímida e retraída. Se desde pequenos treinamos nossos filhos para não demonstrar o que sentem, como querer ser a segurança de um adolescente, por exemplo, em meio as suas crises existenciais?
7. Elogiar muito
Cientistas americanos e holandeses descobriram em uma pesquisa que muitos elogios podem transformar uma criança em narcisista, aquele tipo de pessoa que acha que é melhor que os outros em absolutamente tudo. Quando a criança se torna o centro das atenções da família e é colocada em um pedestal pode se transformar em um adulto problemático. De acordo com o responsável pelo estudo, Eddie Brummelman, se essas pessoas não conseguem a admiração de que precisam podem se tornar agressivas, quando são criticadas ou rejeitadas. “Alguns grupos de crianças podem desenvolver ansiedade, depressão e dependência de drogas no futuro”, explica ele.
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8. Não aconselhar
Os filhos nunca estão grandes demais para deixar de ouvir um conselho. Eles podem até não segui-lo, mas, com certeza, irão se lembrar de você ter se preocupado, ou não, durante um problema.
9. Não ensinar quais limites a vida tem
Falar “não” também é uma forma de amar. Tudo começa quando eles ainda são pequenos e você ensina que bater em outra criança não é permitido. Que subir em cima da mesa também não, e que é perigoso brincar perto do móvel da televisão. Você precisa mostrar os limites e mantê-los.
10. Deixar de responsabilizá-lo pelos seus atos
Atos bons ou ruins, todos precisam saber que uma ação tem uma reação. Talvez ele vá perder algo por ter feito uma escolha errada. Mas é preciso ensinar que tudo na vida terá uma consequência.
Lembrem-se: as crianças refletem tudo o que veem em casa. A autora de livros sobre crianças, L.R Knost, disse “é como vivemos, e não como exigimos que as nossas crianças vivam, que tem mais impacto em que elas se tornarão”. A força está toda com os pais.
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