Consequências do apego exagerado entre mãe e filho

Pensar nas consequências prejudiciais de manter apego exagerado ao filho pode fazer com que a mãe mude seus sentimentos e atitudes.

Suely Buriasco

Não há a menor dúvida de que a maternidade é uma das maiores realizações da mulher. O apego mãe e filho é um vínculo recíproco que se forma nos primeiros três anos e é muito importante para transmitir segurança ao bebê, além de ter efeitos positivos, físicos e emocionais, tanto imediatos quanto em longo prazo na vida do filho. Esse sentimento ajuda a criança a observar o meio, desenvolvendo o raciocínio e facilitando a socialização e o desenvolvimento da linguagem. Também é importante para a formação da identidade e estimula o desenvolvimento de relações afetivas saudáveis.

O exagero

No entanto, algumas emoções maternas podem ser tão intensas que se tornam perturbadoras e, muitas mães, acabam estressadas e deprimidas por não aceitar a necessidade de afastar-se de seus filhos. De acordo com a psicóloga Ana Lúcia Castello, existem mães que transformam o vínculo com os filhos em apego exagerado. “Quando isso acontece, a mulher costuma achar que mais ninguém é capaz de cuidar da criança”. Nesse caso a mulher se faz escrava da maternidade, transformando-a em obstinação que é muito diferente de dedicação. Essa é uma situação que prejudica tanto as mães como os filhos, pois, com o tempo e a menor dependência do bebê à separação, mesmo que em pequenos intervalos é inevitável.

Consequências para o filho

Tudo que é exagerado não faz bem. Quando uma mãe possui apego exagerado ao filho o mantém preso a sua vontade e transmite insegurança que, certamente, afetará a vida adulta dele. Essa criança provavelmente será um adulto fraco, sem vontade própria, sofrendo as consequências desse apego maternal no futuro. No processo natural da vida em família chegará o momento dos filhos construírem a própria vida. Quando o filho é superprotegido ele tenta tardar muito essa situação e quando sai de casa, seja para se casar ou estudar fora, tem grande dificuldade em alcançar a independência necessária. Tudo isso é muito prejudicial ao filho e aos seus relacionamentos.

Consequências para a mãe

Mães exageradamente apegadas vivem em intenso drama. As crianças assumem características de insegurança e não querem ficar com mais ninguém. Quando, por algum motivo, a mãe tem que se distanciar é um grande sofrimento para todos, até mesmo para o pai ou avós que gostariam de ficar mais tempo com a criança. A entrada do filho na escola é pautada de grande confusão, ou seja, qualquer tipo de distanciamento, mesmo momentâneo, é motivo de dor para mãe e filho. Pior mesmo é quando o filho adulto sai de casa e ela se sente tolhida de sua companhia; então seu mundo desaba. A chamada “Síndrome do Ninho Vazio” é caracterizada por mães que por grande apego entram em depressão quando os filhos assumem a própria vida.

Apego & Amor

É preciso que haja compreensão urgente de que o amor verdadeiro não é apego exagerado, não incita a dependência e que tudo na vida deve ter equilíbrio e bom senso. Amor é um sentimento que liberta e provoca felicidade. No amor não há espaço para o medo; amor de verdade transmite segurança. A vida se movimenta através do amor e não existe razão qualquer para deixar que o apego exagerado complique as relações e traga sofrimento. Assim, mãe, ame transmitindo segurança a sua criança a fim de que ela se torne um adulto consciente, responsável e comprometido em seus relacionamentos.

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Suely Buriasco

Mediadora de Conflitos, educadora com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, apresentadora do programa Deixa Disso com dicas de relacionamentos. Dois livros publicados: “Uma fênix em Praga” e “Mediando Conflitos no Relacionamento a Dois”.