Constelações familiares: mitos e realidades

O que há de misterioso nessa prática? É verdade que se usa bruxaria para acessar a solução? Nosso especialista explica.

Danitza Covarrubias

Muito se tem dito das constelações familiares; dizem que é do demônio, que se invoca os mortos e espíritos, e que se faz bruxaria. Muitas pessoas condenam e as classificam como perigosas. Outras tantas recorrem a essa abordagem porque tem efeitos positivos sobre aqueles aos quais se recomendou.

Este é um breve relato de onde surgem essas ideias, e qual é o verdadeiro trabalho das constelações familiares.

Como as constelações são trabalhadas

Para começar, é importante compreender as formas de trabalhar as constelações a partir das quais essas ideias foram iniciadas.

As constelações surgiram como um trabalho de grupo. Os assistentes representam os membros do sistema familiar da pessoa que coloca o seu tema de trabalho (problema). Nele, tentam ver de maneira mais clara qual é a dinâmica familiar a partir da qual o paciente não consegue avançar em sua vida.  No entanto, não só trabalham em grupo, mas também individualmente, com outras figuras ou maneiras de olhar para o problema.

Os rumores que se espalham

1 Invocar os mortos e os espíritos

Este rumor surgiu porque, em alguns casos, o envolvimento do problema do paciente tem a ver com um amor profundo a um membro da família que morreu. Neste caso, um dos assistentes pode ajudar a representar esse parente falecido. Perceber como o coração do paciente está preso nesse familiar, e trabalhar sua aceitação para que possa seguir em frente.

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2 Bruxaria

Em alguns trabalhos são discutidos possíveis acontecimentos que poderiam suceder se não se modificam os problemas familiares. Quando eles acontecem, costumam dizer que se fez bruxaria. No entanto, não é assim. As constelações familiares são um trabalho sistêmico. Qualquer sistema pode ter seus desdobramentos previstos se se continua a agir da mesma forma que tem sido.

Por exemplo, se continuarmos a poluir e a abusar do ecossistema, podemos prever que haverá catástrofes naturais como têm ocorrido. Isto não é bruxaria, mas é o que as tendências do que se faz agora apontam, ou seja, é possível prever o que acontecerá se o comportamento continua da mesma maneira.

3 Os representantes

Outro dos elementos pelos quais se diz que há bruxaria é porque os representantes costumam ter sentimentos alheios e que dizem respeito ao sistema familiar de quem está expondo o problema. Isso tem uma explicação teórica nos campos mórficos de Rupert Sheldrake. Esse biólogo investiga os campos de informação que herdamos.

Tal como as borboletas monarcas, que apesar de nascerem noutro lugar, sabem para onde migrar sem nunca terem ido, e sem que nenhuma borboleta anterior as guie – já que a sua vida é tão curta que não podem fazê-lo, esses campos de informação são os que dizem às borboletas para onde ir. Esses campos são os mesmos a que se acede no trabalho das constelações familiares.

O verdadeiro trabalho das constelações

As constelações familiares têm dois objetivos fundamentais: estabelecer ordem e fazer com que o amor flua de maneira saudável.

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Em um sistema familiar sempre há amor. O problema das relações é que a desordem faz com que o amor não flua, que se perca como um vazamento de água. O obstáculo é quando há um amor que adoece no sistema e que altera a ordem. É preciso colocar esse mesmo amor num lugar que cure a pessoa e o sistema familiar. É aí que o amor pode fluir. Assim, a pessoa pode avançar no assunto específico que se relaciona à sua problemática.

A maneira como essa abordagem funciona é deixando clara qual é a imagem do problema, e a maneira grupal é que cada vez se torne mais clara a dinâmica. Às vezes, usa-se elementos como figuras, brinquedos Playmobil etc.

Deixando clara a imagem do problema, pode-se partir para a imagem de solução, que não é mágica, mas que a pessoa terá que pôr em prática em sua vida cotidiana com ações concretas. Traduzir e aplicar na vida cotidiana, é uma ação geralmente complexa e que pode ser facilitada por um acompanhamento.

As constelações familiares não são uma panaceia, no entanto, têm crescido. Isso ocorre porque se toca em tópicos que nenhuma outra abordagem terapêutica toca, e que geralmente são os pontos-chaves nas dinâmicas de relacionamento das pessoas que procuram curar e modificar suas vidas.

Cuidado

Como em qualquer serviço, seja ele médico, psicológico, mecânico, há pessoas preparadas e profissionais que prestam um excelente serviço. Também existem charlatões e pessoas que enganam os clientes.

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As constelações familiares não são exceção. Por isso é importante saber a quem você vai. Tenha certeza de estar trabalhando com alguém ético, alguém que possa se colocar a serviço da vida, a serviço do paciente. E esse alguém será quem ajudará a passar “do amor que adoece ao amor que cura”.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Las Constelaciones familiares: mitos y realidades

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Danitza Covarrubias

Danitza es originaria de Guadalajara, Jalisco, en México. Licenciada en psicología y maestra en desarrollo transgeneracional sistémico, con certificación en psicología positiva, así como estudios en desarrollo humano, transpersonal y relacional. Psicoterapeuta, docente, escritora y madre de 3. Firme creyente que esta profesión es un estilo de vida.