Decisão familiar: Colocar os pais num asilo
Colocar os pais em um asilo é uma decisão muito difícil. Saiba quando ela deve ser tomada.
Maria Rogado
Quando a idade vai chegando, quem tem a felicidade de ter seus pais ainda vivos inevitavelmente irá se defrontar com a seguinte questão: “Devo colocar meus pais em um asilo/casa de repouso?”
Este é um momento muito difícil e delicado em todas as famílias, independente da sua condição social e/ou financeira. Por mais que o lugar escolhido seja adequado e o idoso seja muito bem tratado, fatalmente o mesmo irá perder a convivência com a família, que se resumirá apenas a visitas em horários definidos pelo estabelecimento.
Muitos idosos, em vista disso, podem se sentir (e muitos geralmente o são) abandonados, desprezados e menosprezados pelos filhos/netos. Esses sentimentos são muito dolorosos e podem até ocasionar uma depressão.
Porém, em muitos casos, os familiares do idoso realmente não têm tempo, disponibilidade, condições e estrutura para proporcionar os cuidados necessários. Então, a internação em um asilo é uma alternativa que deve ser considerada.
Situações frequentes
Doença
– Na maior parte dos casos, o cuidador familiar é leigo e não tem grandes conhecimentos em enfermagem, o que pode ser um problema para a segurança e saúde do idoso. Por mais que os familiares desejem cuidar do idoso com carinho, amor e atenção, às vezes são necessárias medidas mais efetivas e tratamento especializado.
Disponibilidade
– Muitos cuidadores abandonam empregos, amigos, relacionamentos e vida social para se dedicarem única e exclusivamente ao idoso. Embora a legislação brasileira permita o acréscimo de 20% na aposentadoria quando é comprovado que o idoso necessita de cuidador, vale ressaltar que o benefício é cortado após o falecimento do mesmo. E frequentemente a pessoa que se sacrificou para cuidar do familiar, após a morte deste, se vê sem recursos para sobreviver. Essa situação é mais frequente quando os cuidadores são mulheres.
Estrutura
– Muitos idosos quando não podem mais viver sozinhos, quer seja pela idade ou condição física, passam a morar com parentes muitas vezes já casados e com famílias próprias. Então eles se veem apertados em um espaço exíguo, e a situação piora quando o idoso não consegue mais se locomover sozinho e necessita fazer uso de cadeira de rodas.
Cabe aos familiares do idoso se reunirem e considerarem as opções e as alternativas com honestidade e realismo, sem exigências impossíveis e mantendo um clima de união e verdadeira preocupação com o idoso.
Uma situação frequente é a de alguns familiares não aceitarem a internação do idoso no asilo, principalmente por vaidade e orgulho ao pensar: “nunca vou colocar meu pai/mãe num asilo”.
Porém, ao mesmo tempo, esses mesmos familiares se recusam terminantemente a ajudar a cuidar do idoso, empurrando a tarefa para os ombros de outros (geralmente filhas ou irmãs solteiras e/ou sem filhos), que muitas vezes se veem obrigados a tomar para si toda a responsabilidade dos cuidados, sobrecarregando-se além do que poderiam suportar.
Assim, a decisão não deve ser tomada unilateralmente, mas sempre tendo-se em vista a melhor alternativa para o idoso. Não apenas em termos emocionais, mas principalmente para garantir os melhores cuidados com a saúde. Também deve ser considerado o ponto de vista da pessoa que está encarregada de cuidar do idoso, ou que tenha sobre si a maior parcela de responsabilidade sobre o mesmo.