Depressão pós-parto masculina é real. Por que acontece?

Veja quais os fatores desencadeantes da depressão pós-parto em homens, quem está mais sujeito, quais os sintomas e o que fazer.

Erika Strassburger

Apesar de a depressão pós-parto ser normalmente associada à mulher, os pais também estão sujeitos a passar por mudanças que alteram significativamente seu estado de humor.

Na verdade, esse tipo de depressão em homens é mais comum do que se imagina. Segundo estudo feito a partir de 43 pesquisas envolvendo mais de 28 mil participantes, “a depressão pré-natal e pós-parto ficou evidente em cerca de 10% dos homens”, sendo maior no período pós-parto.

Queda nos níveis de testosterona pós-parto

Estudos afirmam que os níveis de testosterona nos homens sofrem alterações durante o período pós-parto e que um nível elevado desse hormônio pode proteger o homem contra esse tipo de depressão.

Fatores não hormonais

Além das alterações hormonais, outros fatores que contribuem para depressão pós-parto masculina:

1. Não ser mais o foco da esposa

Enquanto o primeiro filho não chega, o marido é o foco principal da mulher. Ela costuma fazer e escolher tudo pensando nele e nos dois: comida, atividades, filmes etc. Então chega “um intruso” e ele se sente (e muitas vezes é) jogado para escanteio. Claro que o pai não vê o bebê conscientemente como um intruso, mas ele realmente se sente excluído.

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2. A pressão de ser o provedor

Em uma família sem filhos, normalmente os dois trabalham e dividem as despesas. Mas quando o primeiro filho chega, o homem sente na pele a pressão de ser o único ou principal provedor. Isso acaba gerando um estresse enorme em torno das finanças e carreira.

3. Sensação de incapacidade de criar um filho

Alguns pais acham que não serão capazes de educar bem uma criança, seja pela idade, situação financeira, pouco nível de escolaridade, falta de perspectivas profissionais etc.

4. Culpa por não haver uma conexão instantânea com o bebê

Ele vê o amor e a ligação que a mãe tem com a criança desde o primeiro dia e se sente culpado e depressivo por o mesmo não acontecer com ele. É normal que a conexão entre pai e filho demore um pouco para acontecer.

5. Noite maldormida

Estudos mostram que dormir pouco pode aumentar o risco de depressão. Aí está um fator a mais para o baby blues masculino.

6. Falta de proximidade íntima com a esposa

Ter de lidar com a falta de apetite sexual e desinteresse da mulher, comuns nesse período, faz com que alguns homens fiquem para baixo.

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Sinais de que o homem está com depressão pós-parto

Alguns sintomas comuns são:

  • Irritabilidade, agressividade e raiva
  • Isolamento da família e dos amigos
  • Tristeza sem razão aparente
  • Frustração
  • Desânimo
  • Falta de esperança e perspectivas
  • Falta de interesse em trabalhar
  • Falta de vontade de se exercitar e se divertir
  • Foco exagerado no trabalho

Homens com histórico de depressão, pais de primeira viagem e homens cuja esposa tenha depressão pós-parto apresentam um risco maior de desenvolver esse tipo de depressão.

Não há razão para se envergonhar

Algumas pessoas podem fazer piada sobre o tema, mas não há razão para o homem se envergonhar ou esconder que está se sentindo deprimido. Na verdade, é bastante compreensível que isso aconteça, afinal, a paternidade requer um empenho enorme por parte do homem para sustentar a família, dar todo o suporte que a mulher e a criança precisam, estando mais cansado por não conseguir dormir bem, entre outras coisas.

Ajustar a rotina por conta da chegada de um novo bebê pode levar tempo. Nesse ínterim, podem surgir sintomas de depressão pós-parto no pai. Mas eles costumam ir embora assim que ele consegue se ajustar a essa nova realidade familiar. Enquanto isso, ele pode tentar manter atitudes positivas e cuidar da própria saúde, fazendo coisas como:

  • Comer alimentos saudáveis
  • Exercitar-se
  • Tirar uma soneca sempre que puder
  • Evitar hábitos e comportamentos nocivos (como beber, jogar, usar drogas, entre outros)
  • Falar de seus sentimentos para uma pessoa de confiança

Caso os sintomas persistam por mais de três semanas, é importante procurar um especialista.

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.