Desafios virais na internet: como podem pôr em risco a vida de nossos filhos

A internet e as redes sociais não são ruins. O problema está no uso que se faz delas.

Erika Otero Romero

Se algo quebrou a típica monotonia da vida humana, é a internet e as redes sociais. Graças a isso, a vida diária tornou-se mais leve e as relações sociais mais “fáceis” de estabelecer.

Ninguém nega os benefícios que a tecnologia oferece; no entanto, são muitos os riscos assumidos ao vivermos atentos ao que acontece através de uma tela. Tanto é assim que mesmo diante o mínimo mal-estar, em vez de ir ao médico, o que algumas pessoas fazem é recorrer à internet e “autodiagnosticar-se” com qualquer doença que se encaixe ao sintoma; só a título de exemplo.

No caso das redes sociais, um complemento da internet, as pessoas não só estabelecem novas amizades, mas também compartilham experiências de vida. Uma das opções que se tornou mais popular nos últimos anos são os desafios virais.

O que é um desafio viral?

Desafios virais são testes que se tornam populares nas redes sociais. Têm grande alcance social porque muitas pessoas se sentem tentadas a realizá-los.

Eles geralmente consistem em tarefas, exercícios, danças que parecem ser difíceis de executar. No entanto, as pessoas sentem-se muito motivadas a participar devido ao reconhecimento que conseguem depois de atingirem o objetivo proposto.

Os desafios virais podem parecer divertidos e engraçados a olho nu, e sim, é verdade que alguns deles são bastante divertidos. Há outros desafios que não têm nada de divertido; pelo contrário, o que fazem é arriscar a vida das pessoas que os executam.

O grande problema que desafios virais representam

Por ser uma maneira rápida de ganhar popularidade, as pessoas são motivadas a assumir cada vez maiores desafios. Está tudo aumentando rapidamente, até que já não medem mais o nível de periculosidade e o risco que correm.

É assim que chegamos ao ponto em que crianças, jovens e adultos se veem envolvidos na realização absurda de atividades como “Quem se atreve a comer a pimenta mais ardida?” ou “Quanto tempo você é capaz de suportar debaixo d’água?”, só para dar alguns exemplos.

Há alguns anos, tornou-se dolorosamente conhecido o desafio da baleia azul. Esse desafio, lamentavelmente, levava os adolescentes que o assumiam a tirar a própria vida. Infelizmente, devido a este desafio, muitos adolescentes da Rússia e da Europa perderam a vida.

Há desafios menos invasivos, mas igualmente perigosos. Exemplos desses foram “o desafio da canela” que consistia em tentar comer uma colher de canela em pó. O resultado era que a pessoa quase se afogava ao tentar engoli-la. Outro exemplo foi o “Vacuum challenge”, (desafio do aspirador), que consiste em a pessoa entrar em um saco de lixo até ao pescoço e o ar do saco é aspirado criando um efeito de embalagem a vácuo. É dessa forma que a pessoa fica presa e forrada no saco, impedindo que se mova livremente.

A situação está cada vez mais preocupante em relação a esse tema. Uma das últimas problemáticas surgidas é que os desafios chegaram a um ponto em que o “criador” ameaça os executantes com represálias, se não seguirem as regras estabelecidas.

Isso é apenas a ponta do iceberg. Outros desafiantes levam os participantes a cometerem crimes em favor deles mesmos.

Desafios virais e responsabilidade parental

Uma das situações que tem permitido que os desafios virais ganhem popularidade entre crianças e adolescentes, é a falta de supervisão paterna.

Vamos começar por salientar que muitas crianças e adolescentes têm acesso a um celular, um tablet ou um computador. Ao mesmo tempo, há uma grande facilidade para que uma criança abra uma conta em uma rede social; a partir daí a exposição a todo um mundo inexplorado está a um simples movimento de dedo.

Muitos pais estão tão envolvidos em seu próprio mundo virtual que não percebem o que seus filhos estão fazendo. Por isso, os jovens são motivados a buscar no exterior a atenção que não têm em casa.

A motivação de uma pessoa que já ultrapassa a maioridade centra-se na necessidade de aprovação externa. Ao contrário das crianças, os adultos são responsáveis pelas suas próprias vidas, as crianças não.

Corrigindo o caminho

Supõe-se que um pai deva assumir o cuidado de seus filhos; ser orientador e supervisor do que eles fazem em seu tempo livre. Mas, ao contrário, nos deparamos com pais que deixam os seus filhos sem orientação para o caminho correto. Isso levou muitas crianças a arriscarem a vida ao não compreenderem as dimensões que um desafio pode ter.

De qualquer forma, nem tudo está perdido. Os pais não têm de ser perfeitos e podem sempre corrigir os seus erros, o importante é que não seja demasiado tarde. É só uma questão de estarem mais atentos ao que os filhos fazem, além de estarem abertos a falar com eles sobre os riscos da Internet. Explicar-lhes de maneira clara os perigos a que se expõem evitará lágrimas e arrependimentos.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Retos virales de internet: cómo pueden poner en riesgo la vida de nuestros hijos

Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.