Desapego: Acumulando tesouros no céu
Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Mateus 6:19-20
Erika Strassburger
Há vários meses, foi amplamente divulgado pela mídia o declínio financeiro de um famoso bilionário brasileiro, um dos homens mais ricos do mundo. Segundo os jornais, em apenas 16 meses ele passou de bilionário para milionário, perdendo mais de 34 bilhões de Reais de seu patrimônio pessoal.
Há poucos meses, o supertufão Haiyan causou uma destruição generalizada nas Filipinas, matando milhares de pessoas e deixando milhões delas desabrigadas. Muitas dessas pessoas tinham poucos bens e acabaram perdendo tudo o que tinham.
O que podemos aprender com esses dois acontecimentos? Sejamos ricos ou pobres, é inútil colocarmos o coração nos bens materiais, é preciso desapegar. Eles um dia perecerão. Talvez não os percamos em uma catástrofe, ou devido a uma crise econômica, mas quando partirmos dessa vida certamente os deixaremos para trás.
Muitas pessoas passam a vida inteira trabalhando arduamente para formar um patrimônio. Não dedicam tempo suficiente aos filhos e ao cônjuge, acabam dormindo mal e se alimentando de forma inadequada. Não tiram férias e muitas vezes trabalham aos fins de semana. Não têm tempo para se dedicar à sua fé e ao próximo. Então vem uma crise econômica, uma catástrofe natural, ou outro sinistro e levam grande parte do que conquistaram, senão tudo. E todo o sacrifício foi por água abaixo. Isso quando a pessoa não adoece e fica impossibilitada de gozar adequadamente de seu patrimônio.
O Senhor admoestou: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Mateus 6:19-21
O trabalho é não somente necessário, mas dignifica o homem. É um mandamento dado pelo Senhor a Adão. Não há nada de errado tentar formar um patrimônio, uma segurança financeira para a família. O problema está nos exageros. Concentrar esforços e tempo excessivos na aquisição de bens materiais não é saudável física, emocional e espiritualmente. E fazer de nossos bens deuses é ainda pior, torna-nos egocêntricos, mesquinhos e faz-nos voltar as costas ao Deus verdadeiro.
Michael John U. Teh disse: “Por necessidade, a maioria de nós está envolvida no empenho de ganhar dinheiro e adquirir alguns bens terrenos para poder sustentar a família. Isso exige grande parte de nosso tempo e de nossa atenção. Não tem fim o que o mundo tem a oferecer, por isso é fundamental que aprendamos a reconhecer quando temos o suficiente. Se não tomarmos cuidado começaremos a perseguir mais as coisas materiais do que as espirituais.”
Vivemos em um mundo cruel, onde o dinheiro e tudo o que ele pode comprar vale mais do que um bom caráter, do que coisas simples, porém elevadas. E para adquirir coisas que geram status – coisas, essas, que precisam acompanhar sempre as tendências em termos de modernidade e sofisticação – a lista de prioridades acaba sendo invertida, ficando Deus, a família e o próximo entre os últimos da lista.
Na maioria das vezes, com o intuito de acumular tesouros da terra, roubamos tempo da família e do Senhor, que deveria ser empregado em causas nobres e espirituais. E com isso acabamos causando fissuras na nossa espiritualidade e nas relações familiares.
Como, então, podemos ajuntar tesouros no céu?
1. Desenvolvendo nossa fé
Através da oração pessoal e familiar, do estudo das escrituras, da frequência à igreja, do cumprimento dos mandamentos de Deus e de buscar compreender as verdades do Evangelho e segui-las, podemos desenvolver uma fé inabalável.
2. Cultivando a esperança
Esperança é ter “firme expectativa e anseio de bênçãos de retidão prometidas. As escrituras também se referem à esperança como esperar confiantemente a vida eterna pela fé em Jesus Cristo.” Mesmo quando as coisas não vão bem, podemos nutrir a esperança de que as promessas de Deus cedo ou tarde serão cumpridas em nossa vida, caso façamos a nossa parte.
3. Desenvolvendo a caridade
Caridade é a forma perfeita de amor. É o puro amor de Cristo. Não se trata somente de atos de bondade, mas agir movido por amor como o que Cristo sentiu por nós.
4. Servindo o próximo
Qualquer ato bondoso – auxílio material, físico, emocional, espiritual – para com qualquer filho de Deus será “contabilizado” nos céus. Nosso Pai Celeste precisa de voluntários com quem possa contar para abençoar Seus filhos na Terra. Quando nos colocamos à Sua disposição e agimos conforme inspiração, corações são acalentados, orações são respondidas e os céus se regozijam.
5. Fortalecendo nossas relações familiares
Isso ocorre quando dedicamos tempo à família; quando somos gentis, amorosos, respeitosos, leais; quando ensinamos princípios elevados e orientamos nossos filhos. Enfim, quando as relações familiares estão no topo de nossas prioridades.
Um profeta que viveu alguns séculos antes do nascimento de Cristo disse: “Portanto não despendais dinheiro naquilo que não tem valor, nem vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer. Ouvi-me atentamente e lembrai-vos das palavras que disse; e vinde ao Santo de Israel e fartai-vos daquilo que não perece nem pode ser corrompido; e deixai que vossa alma se deleite na abundância.”
Precisamos aprender a nos “fartar daquilo que não perece”. Para isso, é imperativo que aprendamos a reconhecer quando já temos o suficiente, desapeguemos de nossos bens materiais e coloquemos um freio na nossa ambição. Se não mudarmos a forma como lidamos como nossos bens terrenos, perderemos oportunidades ímpares de viver de modo a acumular tesouros nos céus, tesouros esses que são o passaporte para entrarmos no Reino Celestial. Todos os tesouros da Terra, juntos, não chegam aos pés do que há reservado aos fiéis no porvir.