Deseja filhos mais felizes? Ensine-os na equidade
A autoestima das crianças baseia-se em fatores como o tratamento que recebem em casa, a forma como são qualificados e as experiências de vida.
Aida Rendón Morales
A palavra equidade nos remete basicamente a duas coisas: por um lado, a qualidade de dar a cada um o que merece em função de seus méritos e condições. Por outro lado, não favorecer no tratamento a uma pessoa prejudicando outra. Um dos principais inimigos da equidade são os estereótipos.
Um estereótipo é uma imagem estruturada e aceita por muitas pessoas como algo que representa um conjunto de pessoas. O problema com eles é que nos impedem de ver as coisas como realmente são, pois limitam a nossa visão a apenas perceber aquilo que a maioria crê que é, ou deve ser.
Existem estereótipos extremamente prejudiciais sobre homens e mulheres. Como mãe, você tem que estar alerta para identificar se está ou não reforçando esses estereótipos nocivos na educação dos seus filhos. Por exemplo, frases como: “meninas bonitas não ficam bravas” ou “meninos não choram” fazem parte desses estereótipos. Crescemos com eles e por isso os incorporamos à educação de nossas crianças. Mas tenha cuidado: eles podem prejudicar a forma como seus filhos se veem e como concebem a relação com outros.
A importância da família na equidade entre gêneros
Com frases, atitudes e conceitos, ensinamos às crianças os papéis de gênero e introduzimos em sua mente os moldes sociais que as acompanharão em sua vida. Certamente, homens e mulheres são biologicamente diferentes e comunicam, amam, pensam e se relacionam de maneira diferente. Sentimos necessidades distintas que resolvemos por caminhos diferentes, e isso nos leva a apreciar a vida de maneira que nem sempre são iguais.
Mas muito disso, exceto a diferença anatômica, é assim pela forma como somos educados. Portanto, na consciência desta diferença, temos o dever de lutar para educar as nossas crianças para a equidade, para que amanhã possam erradicar formas injustas de convivência. Você pode contribuir em sua casa, avaliando a forma como educa seus filhos.
Compartilho com você algumas ideias de como pode fazê-lo:
1. Um tratamento equitativo é um tratamento justo
Procure sempre um tratamento justo para meninos e meninas. Isso não significa tratá-los exatamente da mesma forma em tudo, mas que, reconhecendo suas diferenças, aptidões e virtudes, faça com que vejam que nenhum deles vale mais que outro. Nunca menospreze as qualidades de um em relação às do outro e zele para que meninos e meninas tenham sempre as mesmas oportunidades.
2. Fique de olho em si mesma
É através dos pais que o bebê tem o primeiro contato com o mundo. Desde que chega em seu quarto, tudo em torno dele tem um significado que ele irá compreendendo e incorporando como aquilo que simboliza o que se espera de seu gênero: a cor, a decoração, os brinquedos. Não estou dizendo para não dar bonecas às suas filhas e carrinhos aos seus filhos, mas já se perguntou o que aconteceria se educássemos também os rapazes no cuidado amoroso dos “bebês de brinquedo” e das meninas nas habilidades para consertar modelos de carros em miniatura?
3. Reveja as suas expectativas
A família transmite os papéis de gênero de diferentes maneiras. Uma delas é através das expectativas que temos sobre o comportamento dos filhos. Isso será determinante na forma em que eles entendam o masculino e o feminino. Você espera dos seus meninos velocidade, força e rudeza? Deseja em suas meninas delicadeza e expressões de ternura a toda hora? Reflita sobre suas expectativas e como elas podem estar limitando o desenvolvimento integral desse ser complexo e maravilhoso que você trouxe ao mundo.
4. Cuidado com a língua
A linguagem é vital na equidade de gênero: não só as palavras que você usa, mas o tom em que as diz. Se a forma de falar com homens e mulheres não é equitativa, você, de maneira sutil e poderosamente, está ensinando aos seus filhos que as diferenças entre eles implicam um tratamento desigual.
5. Analise as suas relações
As relações que estabelece com o seu parceiro, pais, irmãos e as pessoas mais próximas da sua família, são o primeiro modelo que os seus filhos aprenderão sobre como homens e mulheres “devem” se relacionar. Naturalmente, eles irão imitar esses padrões, atividades e comportamentos. Portanto, se ao analisar suas próprias relações, você colocar coisas que não deseja que seus filhos vivam, mude já! Faça os ajustes necessários para que seus filhos aprendam modelos mais justos e felizes.
Quando convivem juntos e em equidade, meninos e meninas aprendem desde muito pequenos coisas maravilhosas uns dos outros. Convido-a a não lhes negar essa experiência formativa inestimável, seguindo irrefletidamente estereótipos de gênero que não têm sentido e ferem tudo o que tocam.
Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original ¿Deseas hijos más felices? Edúcalos en la equidad