Devido ao seu sangue raro, este homem salvou a vida de mais de 2 milhões de bebês
Conheça a história real de James Harrison, que foi salvo após um acidente através de pessoas que doaram seu sangue a ele, e prometeu que faria o mesmo. Mas ele não esperava que os médicos descobrissem algo em seu sangue muito difícil de encontrar.
Marcia Denardi
Você acredita que existem heróis de verdade neste mundo tão cheio de problemas em que vivemos? Muitos de vocês podem estar puxando pela memória neste momento, e certamente pensaram em alguém. Pode ser seu próprio pai ou mãe, alguma celebridade que trouxe muitas alegrias, ou mesmo a idealização de um super-herói de infância como o Batman, o Superman ou o Homem Aranha.
Mas existem muitos heróis que não são tão famosos assim, pois nem sempre caem no conhecimento do povo, mas realmente fazem uma grande diferença na sociedade, e de fato salvam vidas. Quer um exemplo?
O australiano James Harrison foi salvo na adolescência graças a um ato de heroísmo. Aos 14 anos, teve que se submeter a uma grande cirurgia no peito, e por isso, perdeu muito sangue. Sua vida estava por um fio. Foi então que o sangue de 13 pessoas o deixou totalmente recuperado. Desse dia em diante, a vida do jovem James mudou drasticamente.
A partir de sua experiência, ele prometeu a si mesmo que, quando fizesse 18 anos, seria um doador assíduo de sangue, assim como seu pai, que era um grande exemplo para ele. Fiel à sua palavra, James, hoje com 74 anos, começou a doar sangue assim que completou 18, e desde então, só parou uma vez, por nove meses, quando teve que fazer um tratamento de hipotireoidismo. Mas assim que melhorou, voltou à sua atividade normal. O cumprimento dessa promessa já dura 56 anos. E as doações são feitas, pelo menos, duas vezes por mês, já que James faz também doação de plasma.
“Não dói como arrancar um dedo do pé”
James conta que doar sangue é algo simples na Austrália, apesar disso, apenas três por cento da população é doadora. Algo que ele não entende, “uma única doação pode salvar até três vidas. Poderia ser a do próprio doador”, reflete ao se lembrar que já se deparou com doadores de primeira viagem muito assustados. Segundo James a doação é um procedimento indolor, e com o tempo, o organismo se acostuma. Ele sabe o que diz, afinal, já tem mais de mil cicatrizes de agulha nos braços. Por isso garante, “não dói como arrancar um dedo do pé”.
Uma descoberta inusitada
Foi em 1966 que os médicos fizeram uma incrível descoberta no sangue de James: um anticorpo que impede a morte de bebês recém-nascidos debilitados com a doença de Rhesus, ou Eritroblastose Fetal, que ocasiona um quadro muito grave de anemia. Com essa grande descoberta, o “sangue de ouro” de James, como foi apelidado, já salvou mais de 2 milhões e 400 mil bebês, incluindo a de seu próprio netinho. Como isso foi possível? Com o plasma de seu sangue, é possível desenvolver uma vacina que, ao ser aplicada na mãe, evita que a criança recém-nascida contraia a doença. Barbara, a esposa de James, já falecida, e a filha do casal receberam esse anticorpo, e foram grandes colaboradoras na missão de salvar esses bebês. Na Austrália, estima-se que haja 50 doadores com esse anticorpo, denominado Anti-D. No entanto, nem todos são assíduos como James.
A proeza desse grande altruísta já foi parar no Guinness Book, como sendo o doador com maior número de doação de sangue.
Uma mensagem de incentivo
James incentiva a doação de sangue, pois acredita que com o passar dos anos, a tecnologia tornou mais fácil e menos dolorido o procedimento. E se torna ainda mais fácil quando há a consciência de que esse ato simples pode devolver a vida a alguém. “As pessoas não doam pensando no que podem ganhar com isso. Elas doam porque sabem que essa doação pode manter as pessoas vivas. Não estamos nisso por dinheiro, porque não há dinheiro nisso”, assegura modesto o homem que com seu sangue raríssimo salvou a vida de mais de 2 milhões de bebês.
_Fonte das imagens: News.com.au