É assim que a depressão afeta uma família

A depressão não afeta apenas o doente, a família também sofre, mas como família também podem superá-la.

Erika Otero Romero

Muito se tem falado de depressão nos últimos tempos; é quase como se o termo tivesse se vulgarizado e todos soubéssemos diagnosticar essa doença.

A realidade é que, para dizer que alguém sofre de depressão, deve haver um diagnóstico envolvido. O diagnóstico deve ser feito por um psicólogo ou psiquiatra. Este último é o único que pode formular um medicamento para o tratar de forma eficaz.

Agora, todos podemos nos sentir tristes em algum momento da vida. Eventos que diminuem nosso ânimo podem se dar aleatoriamente ao longo de uma semana; apesar disso, dizer “estou deprimido” é um grande erro. Você só está triste. Acredite, a depressão está em outro nível.

É mais simples sair da tristeza surgida pela perda de um animal de estimação do que de uma depressão clinicamente diagnosticada.

O que é depressão?

Clinicamente, é um distúrbio de humor. Durante esses episódios, a pessoa é assediada por sentimentos de tristeza, perda, raiva ou frustração, que interferem na vida diária.

A pessoa com depressão sofre por semanas, ou mesmo meses, toda esta agitação de emoções que, literalmente, incapacitam-na a um ponto em que perde interesse pela vida.

Sintomas

Tenha em mente que qualquer pessoa no mundo pode ser afetada por ela. É uma doença que não discrimina raças ou status social.

No entanto, se falamos de depressão em crianças, os sintomas podem ser muito diferentes dos que os adultos apresentam. Elas podem diminuir seu desempenho escolar, podem dormir ou comer de forma diferente do que costumavam fazer e seu comportamento muda. Por favor, se vir alterações significativas no comportamento dos seus filhos, consulte um médico.

Os sintomas mais comuns são:

• Irritabilidade ou nervosismo na maioria das vezes.
• Insônia ou excesso de sono.
• Mudanças nos hábitos alimentares. Pode aumentar a ingestão de alimentos ou diminuir. Isto faz com que a pessoa suba de peso ou desça drasticamente.
• Cansaço e falta de energia.
• A pessoa se sente inútil, se odeia e sente culpa.
• Dificuldade em se concentrar.
• Movimentos lentos ou rápidos.
• Inatividade e retraimento das atividades usuais.
• Sentimentos de desespero ou abandono.
• Pensamentos repetitivos de morte ou suicídio
• Desinteresse por atividades que gostava.

Além disso, há vários tipos de depressão:

Depressão maior:

Acontece quando sentimentos de tristeza, frustração ou raiva interferem na vida diária por um longo período de tempo.

Transtorno depressivo persistente:

É um estado depressivo que dura dois anos. Neste período, a pessoa pode apresentar episódios de depressão e épocas em que os sintomas são menores.

Outras formas comuns são:

Depressão pós-parto

Algumas mulheres se sentem tristes depois de ter um bebê; no entanto, a verdadeira depressão pós-parto é mais grave e inclui os sintomas da depressão maior.

Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM)

Os sintomas ocorrem uma semana antes da menstruação e desaparecem após a menstruação.

Distúrbio afetivo sazonal (TAEG)

Faz-se presente durante as estações de outono e inverno e desaparece durante a primavera e o verão. É muito possível que se deva à falta de luz solar.

Depressão maior com características psicóticas

Acontece quando uma pessoa sofre de depressão com falta de contato com a realidade (psicose).

Agora, você vai se perguntar por que razão esta informação é relevante, é simples; como a depressão é tão variada, muitos membros da família podem sofrer em algum momento de sua vida.

Efeitos da depressão na família

Se um dos membros da família é diagnosticado com depressão, a família vai ser gravemente afetada. Como é lógico, você ama seu familiar, porém o problema é que muitos não sabem como ajudar.

Discussões

Vão surgir conflitos familiares devido à impotência que se começa a sentir. Ninguém sabe como ajudar nem como enfrentar o problema e começam as discussões.

Às vezes, algumas famílias receiam que outros familiares e amigos descubram o que está acontecendo. A depressão não deve ser estigmatizada, é um problema de saúde que deve ser tratado com cuidado e respeito.

Culpa

Surgirá depois de se sentir responsável pela doença. É como se sentissem que podiam ter feito algo para evitar que seu familiar adoecesse, quando, na verdade, isso não é possível.

Mudança de funções

Cada membro da família tem um papel atribuído tacitamente. Suponhamos que quem sofre da doença é o pai. Diante deste panorama a mãe deve assumir o papel paterno e começar a ser provedora para ele e seus filhos. Os filhos, por sua vez, deverão assumir as tarefas domésticas e cuidar do pai.

Os papéis alteram-se, seja quem for que sofra a doença porque alguém deve assumir o lugar de cuidador, o que, evidentemente, altera a dinâmica familiar.

Possibilidade que alguém mais na família a sofra

Devido à doença, o ambiente doméstico muda. Haverá uma pressão extra sobre os membros da família que precisarão ajudar o doente. A depressão não é contagiosa, mas, a carga emocional aumenta, e isso afeta a família em geral.

Problemas de dinheiro

Os tratamentos farmacêuticos não são baratos e este é um encargo adicional que muitas famílias não podem cobrir. Felizmente, no Brasil, a maioria dos medicamentos para depressão é disponibilizada no SUS.

Se você adicionar a isso que alguns dos sintomas mais comuns são a falta de concentração e memória ruim; estes podem gerar problemas de trabalho e ser causa da perda de emprego.

Não é fácil lidar com a depressão quando você ou um de seus entes queridos sofre. O que podem fazer é procurar apoio psicológico, além de amigos e familiares que os ajudem a aprender como lidar com a situação. É questão de ter paciência e bom animo, porque pouco a pouco se supera, se houver a ajuda certa.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original De esta manera afecta la depresión a una familia

Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.