Ecoansiedade, saiba o que é e como tratar
Stael Ferreira Pedrosa
Este é um neologismo que nomeia um distúrbio que vem crescendo com o passar dos anos. Muitos psicólogos em todo o mundo vêm enfrentando o desafio de ajudar pessoas com ansiedades em relação ao planeta.
De acordo com a American Psychology Association (APA) ecoansiedade é “o medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental diante do impacto, aparentemente irrevogável, das mudanças climáticas gerando uma preocupação associada ao futuro próprio e das gerações futuras”.
Embora não seja ainda constante na Classificação Internacional de Doenças (CID), como uma doença, esse é um distúrbio que acomete em especial os jovens. Afinal, são eles que herdarão os efeitos das crises climática e ambiental, o que gera ansiedade quanto ao futuro tanto do planeta quanto de suas possibilidades de vida, de criar uma família e ter segurança ambiental em um planeta cada vez mais prejudicado pela ação humana.
Por isso, a APA considera que a interiorização dos grandes problemas ambientais que afetam nosso planeta pode ter sequelas psicológicas, mais ou menos graves, em algumas pessoas.
Quais são as consequências da crise do meio ambiente?
De acordo com o Greenpeace – organização que tem o compromisso de defender o meio ambiente, a biodiversidade e todas as formas de vida – os impactos negativos da crise climática estão cada vez mais frequentes e irão se agravar rapidamente; alguns não são mais reversíveis.
Um estudo feito por pesquisadores da Austrália, Estados Unidos e México, apresentam a situação atual da Terra como a pior de todos os tempos. Segundo estes, desde 11 mil anos atrás, quando teve início a agricultura, o planeta já perdeu cerca de 50% de suas plantas terrestres e aproximadamente 20% da sua biodiversidade animal. A expectativa para o futuro próximo, caso a tendência permaneça, é de que pelo menos um milhão de espécies de plantas e de animais serão extintas.
O efeito estufa, resultado da emissão de gases pelas grandes indústrias, pela indústria da carne – que polui também as águas, pelo consumismo capitalista, entre outros, apontam para um presente trágico e um futuro catastrófico. Haja vista o que acontece todos os anos: mudanças na temperatura planetária, derretimento das calotas polares, aumento dos níveis do mar, excesso de chuvas em uns pontos, escassez em outros. Enchentes e Tsunamis.
O que pode ser feito pelo planeta
Segundo cientistas da ONU, existem 5 maneiras de salvar o planeta:
– Eliminar o uso de combustíveis fósseis
– Remover o dióxido de carbono da atmosfera
– Reduzir a emissão de gases – diminuindo o uso de energia para moradia, mobilidade e nutrição
– Resfriar a temperatura global em 2º utilizando energia limpa
– Reduzir as emissões de forma pessoal, especialmente as pessoas mais ricas do planeta que são as responsáveis pelas maiores emissões.
A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº. 6.938 de 31 de agosto de 1981), busca harmonizar e compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento econômico através da preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando a assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico e à proteção da dignidade da vida humana no Brasil, pois o meio ambiente é um patrimônio público, que gera direitos e deveres para todos.
É urgente entender melhor como esses impactos afetam a sociedade e economia do país, sua infraestrutura, cadeias produtivas, biodiversidade, funcionamento dos ecossistemas, saúde, e na avaliação da vulnerabilidade social – os mais pobres, moradores de periferia e favelas, são os mais afetados – para, assim, aumentar a resiliência socioambiental.
Como ajudar quem sofre de ecoansiedade
Para a Psicanalista Maria Luiza Gastal, “A ecoansiedade é um medo que surge a partir da nossa observação sobre os impactos das mudanças do clima e por não ser uma patologia específica, ainda não existe um tratamento personalizado, mas como todo sofrimento, ela é sempre acolhida pela psicanálise, que escuta atentamente na tentativa de maior compreensão do problema a fim de ajudar o paciente”.
De acordo com a Lancet Planetary Health, a maior concentração dos casos mais graves de ansiedade estão em ambientes onde há maior índice de eventos extremos relacionados aos problemas socioambientais.
O sentimento que traz a ecoansiedade, na palavra de um “ecoansioso“, é agonizante e ao mesmo tempo motivador para tentar mudar o planeta. “Não consigo ficar um momento sequer sem pensar em realizar ou fazer alguma coisa sobre os problemas ambientais, a sensação é de uma angústia enorme no peito, algo que não cabe no corpo, que obriga você a fazer a mudança para um mundo melhor”.
Na verdade, o que muda do transtorno de ansiedade comum para a ecoansiedade é o que desencadeia a crise ansiosa, no caso da ecoansiedade, essa está ligada ao futuro do planeta e ao desejo de fazer algo. Nos demais, são vários os gatilhos para uma crise ansiosa. Essas pessoas devem ser tratadas de forma semelhante, já que tudo é ansiedade. Deve-se procurar ajuda com um psiquiatra e um terapeuta psicológico.
De acordo com especialistas, há ainda algumas atitudes que ajudam a diminuir a ecoansiedade, tais como:
– Fazer escolhas saudáveis alimentares, praticar exercícios e ter o sono em dia.
– Ajudar outros em situação de vulnerabilidade, que beneficia a quem presta auxílio e quem recebe assistência.
– Procurar reduzir a própria emissão de carbono
– Pressionar políticos em relação às pautas ambientais
– Diminuir o consumo de produtos de origem animal
– Praticar compostagem
– Reduzir o consumo de plástico
– Dar preferência ao transporte público.
São ações pequenas, mas que influenciam outras pessoas a fazerem o mesmo.