Educação dos filhos: A origem da timidez
Não se pode generalizar, mas é importante conhecer alguns comportamentos dos pais que podem estar influenciando no desenvolvimento da timidez dos filhos.
Suely Buriasco
Cada ser humano tem a sua própria maneira de agir e manifestar-se, assim, nada no tocante ao ser humano pode ser generalizado. Algumas pessoas são naturalmente mais expansivas; outras menos. A origem da timidez não é definida, até porque muitos fatores podem estar associados, inclusive a genética. No entanto, muitas situações ocorridas na infância e adolescência são essenciais na formação do adulto. A compreensão dos componentes que podem influenciar a criança a se tornar um adulto tímido pode facilitar a ação dos pais.
O problema
A timidez é algo tão comum que pode ser encontrada em qualquer família. Mesmo em lares onde existam crianças extrovertidas é possível observar uma mais introvertida. De forma geral isso não representa problema e pode até se modificar com o tempo, mas quando a timidez começa a fazer mal ao bom desenvolvimento da criança passa a ser preocupante. É preciso ter cuidado quando o filho se isola, prefere não sair de casa e evita o contato com outras pessoas. Na adolescência é comum certo isolamento, muitos adolescentes gostam de ficar no quarto por períodos longos. O que configura um problema é quando esse comportamento é contínuo e o adolescente não faz amizades, afastando-se do convívio social.
A superproteção
O comportamento exageradamente protetor dos pais pode acelerar muito o processo de medo, insegurança que intensifica a introspecção da criança. No livro “Disciplina, limite na mediada certa” o psiquiatra Içami Tiba esclarece: “A criança hipersaciada também pode se tornar tímida. Afinal, os pais hipersolícitos atendem a todas as suas vontades e ela não aprende a se virar sozinha“. Quando os pais resolvem tudo pela criança, confundindo proteção com repressão, ela se torna altamente dependente. São crianças que entram em pânico com a ausência dos pais, sozinhas ou com pessoas estranhas. O resultado quase sempre é a timidez.
A repressão
Pais que exigem demais de seus filhos, não respeitando suas vontades e limites, também corroboram para que a insegurança se desenvolva neles. No mesmo livro, Içami escreve: “Uma educação severa, em que o erro é castigado e o acerto nem sempre é premiado, gera pessoas tímidas“. Ele explica que quando a criança é extremamente punida pelos pais, deixa de agir espontaneamente e perde a capacidade de tomar iniciativas. Muitas crianças desenvolvem atitudes inversas dependendo do ambiente que a oprime; é o caso das crianças que se comportam bem na presença dos repressores e são incontroláveis na ausência deles.
A orientação
A educação não é mesmo tarefa fácil. Ao reprimir excessivamente cria-se grande problema para o filho, mas a permissividade nem de longe é a solução. Crianças sem limites também se tornam adultos inseguros. Quando tudo é permitido, a criança não se sente amada, sente-se só e desprotegida. O bom senso é sempre recomendável e todo o equilíbrio para manter orientações precisas e coerentes também. Assim, para tudo há que se ter bom senso. Para educar é determinante esclarecer regras e princípios, cobrando por eles sem, no entanto, desrespeitar a iniciativa da criança.