Então… Quantas emoções existem?
É fácil confundir as emoções autênticas com sensações ou sentimentos e estados do ser e por isso podemos nos confundir, sem saber como manejar.
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Julia Tort
Nós, seres humanos, somos capazes de sentir um leque de matizes emocionais. Não obstante, existem unicamente cinco emoções autênticas, que confundimos com “sensações, sentimentos e estados de ânimo do ser”. Caracterizam-se por serem experimentadas, não serem dadas e nem serem extintas, também descrevem e valorizam nosso estado de bem-estar.
O complicado começa quando descobrimos internamente algo que não nos agrada, porque não é possível manejar de forma adequada aquilo que não conhecemos. Ao estudar nossas emoções, podemos saber, em muitos casos, sua origem, duração e intensidade. É mais simples compreendê-las, treiná-las e canalizá-las.
Ao longo da vida, embora, ao nascer, expressemos estas cinco emoções, fomos “adestrados” para ocultá-las ou substituí-las até chegar à confusão, que pode ir do simples ao patológico, onde não se acha saída e surgem situações inexplicáveis, crises existenciais, pranto ou de perda sem sentido aparente. Hoje explicarei, o mais claro possível, quais são essas emoções e como se disfarçam ao longo de nossas vidas.
As emoções autênticas e ou naturais são:
A ira
É raiva ou irritação. É desencadeada por fatores como frustração, impotência, angústia prolongada, desespero, ciúmes, desconfiança, entre outros. Em algumas circunstâncias, a pessoa pode perder a razão e cegar-se ao ponto de cometer atos de violência, seja contra si mesmo ou contra outros, que podem ser desde maltrato verbal ou físico até o homicídio ou suicídio.
Apresentar quadros de ira constante pode ser fatal para a saúde, pois as consequências se manifestam com o tempo em alguns órgãos do corpo, somatizando doenças; além disso, se derivam da raiva, sentimentos negativos como ódio, ressentimento, amargura e solidão, com repercussões nocivas para as relações familiares e sociais.
O medo
Pode ir desde uma sensação de temor até o terror extremo. Apresenta-se diante da percepção de algum perigo real ou suposto, presente, passado ou futuro. Diz-se que o medo está relacionado à ansiedade e constitui um mecanismo de sobrevivência e de defesa, que nos faz responder com rapidez e eficácia ante situações adversas que manda a si mesmo sinais e advertências como um dispositivo de emergência e segurança. Ele se torna patológico quando nos paralisa, domina nossa razão e desencadeia fobias, sem permitir-nos ter uma vida normal. Poderia também produzir pânico e fazer-nos viver com medos desproporcionais.
A tristeza
Caracteriza-se por uma queda na moral. Sua expressão é de abatimento e dor, que poderia manifestar-se através do choro. É um sintoma da depressão. Sim, a tristeza profunda pode desencadear um estado patológico crônico que altera a afetividade. Inclui pessimismo, desmotivação e desesperança. Geralmente surge diante da perda de um afeto significativo, ao se sofrer uma tragédia, ou por solidão e decepção. Às vezes, sentimos tristeza porque somos seres solares, e durante os dias muito nublados, o cérebro costuma gerar, em uma quantidade maior, a melatonina, uma substância que provoca sono. O cérebro tem centros de controle que determinam as mudanças de humor e o ritmo diário de atividade do organismo, que cumprem suas funções através da luz que entra pelos olhos – a dopamina aumenta quando a luz bate no fundo do olho, que é responsável pelo estado de alerta. É por isso que em dia nublado as pessoas dizem que “o dia está triste”; talvez não saibam de onde provém a frase, mas há razões científicas para isso.
A Alegria
A palavra em latim significa “vivo e animado”. Traduz-se como um estado interior fresco e luminoso, com um alto nível de energia; uma poderosa disposição geradora de bem-estar e se manifesta na linguagem, na aparência pessoal, nas decisões e atos. Em sua forma mais enérgica resulta em euforia, cujo vocábulo grego significa “força para suportar”, e indica que a pessoa pode aguentar a dor e a adversidade. Quando esse estado se dá em curtos períodos de tempo, pode ser benéfico (por exemplo, em um estádio de futebol), no entanto, ao experimentá-la por períodos longos, ou se for induzida por drogas químicas, pode gerar um estado depressivo imediatamente após o episódio.
O afeto
É a capacidade do ser humano de sentir suscetibilidade diante de determinadas alterações que se produzem em um mundo real e no próprio eu. Alguns autores opinam que a emoção é um processo individual, que é interativo, se dá e se recebe. No entanto, como uma emoção surge de um estado puro do EU, é interno e individual.
Emoções que não foram expressas
Francisco, um menino de 5 anos, perdeu sua gatinha que foi atropelada por um carro. Seu tio, ao vê-lo triste, disse-lhe: “os meninos não choram, aguentam como machos”. Agora, aos 25 anos, Francisco não consegue compreender por que ver um gato pequeno o embarga um sentimento terrível e ele acaba chorando.
Emoções que foram substituídas por outras
Com 4 anos, Raquel era uma menina ativa e mostrava interesse por sua escola e por aprender. Expressava sua alegria de maneira autêntica. Ao chegar em casa, sua mãe sempre lhe repetia: “por sua culpa, sempre tenho dor de cabeça”. Raquel, agora com 16 anos, se tem algum motivo para se sentir alegre, seja ir a uma festa ou divertir-se, sem saber a razão, sente-se culpada e triste.
Emoções que manifestam um jogo psicológico
Eduardo, um menino de 4 anos, brincava alegre com as bonecas de sua prima Andreia. Seu pai, invariavelmente, ao vê-lo, inibia-o dizendo: “pare de brincar com bonecas, é coisa de meninas”. E ele talvez tenha interpretado, em sua pouca idade, como “não devo sentir alegria quando brinco com bonecas”. Agora tem 11 anos, quebra cada boneca que vê. Não sabe a razão disso. Mudou sua alegria autêntica por raiva acumulada.
Você pode identificar algumas situações similares em sua vida? Quais? Como poderia modificá-las? Conforme adquire conhecimento sobre suas emoções, maior será a possibilidade de se tornar consciente do que deseja sentir, ter a oportunidade de trocar o que não lhe agrada por algo que lhe faça sentir melhor. A mudança e a resposta se encontram dentro de si mesmo. Aja agora!
Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Entonces… ¿Cuántas emociones hay?