Epilepsia, uma complicação que tira a vida de um em cada mil casos

Veja a fundo como funciona essa doença para que possa ajudar um portador, quando necessário.

Viviana Dominguez

Algum tempo atrás, a mídia noticiou a morte do jovem ator Cameron Boyce, de apenas 20 anos, devido a uma convulsão enquanto dormia. Seus pais contaram que o jovem sofria de epilepsia, doença caracterizada por episódios convulsivos.

A epilepsia é considerada uma doença, e 70% das pessoas que sofrem dela são tratadas com medicamentos. Há outros casos, porém, em que é necessária uma intervenção diferente e mais séria.

Epilepsia não tem nada a ver com problema de saúde mental, e as pessoas geralmente levam uma vida normal.

Epilepsia e convulsão

A epilepsia é uma doença de origem neurológica que causa convulsões repetitivas no paciente, é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso. Embora qualquer pessoa possa ter convulsões devido à febre alta, abstinência de álcool ou uma concussão cerebral, é considerada epilepsia se houver duas ou mais convulsões recorrentes.

Para entender melhor o que acontece durante uma convulsão, é importante entender como os neurônios, ou células nervosas, funcionam. Os neurônios transmitem todas as informações por descarga elétrica por meio de seus dendritos e axônios. Uma convulsão acontece quando o cérebro envia uma descarga elétrica excessiva e interrompe a transmissão normal de eletricidade, causando à pessoa um momento de ausência com movimentos descontrolados, o que costuma não durar muito.

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Sintomas de uma convulsão

  • Rigidez do corpo
  • Confusão
  • Enurese, ausência de controle do esfíncter durante um episódio
  • Perda de consciência
  • Movimento involuntário dos olhos ou olhar fixo
  • Movimentos de perna e braço
  • Lábios com coloração azulada

Causas

Em crianças pequenas ou recém-nascidos, as causas podem ser nascimento prematuro ou problemas durante o parto, qualquer fator genético ou o mais comum: febre alta.

Embora às vezes sejam desconhecidos, as causas em adultos podem ser:

  • Traumatismo craniano
  • Abuso de álcool ou drogas
  • Presença de tumor cerebral
  • Problemas neurológicos
  • Infecções

Tipos de convulsões

Os tipos de convulsões são definidos de acordo com a descarga elétrica que ocorre em determinado local e o grau de acometimento do cérebro, podendo ser:

  • Crises focais: quando ocorrem em uma área particular do cérebro e geralmente são parciais. Dentro das crises focais, existem as focais simples ou complexas.
  • Crises generalizadas: este tipo de convulsão afeta ambos os lados do cérebro simultaneamente, criando um estado de inconsciência após o episódio. Essa classificação inclui crises tônico-clônicas (enrijecimento e movimentos rápidos), crise de ausência (interrupção repentina do movimento), crises mioclônicas (movimentos rápidos e espasmos).
  • Convulsões devido à alta temperatura corporal (febril): ocorrem em crianças de 6 meses a 5 anos. São muito comuns e se enquadram na categoria simples. Geralmente duram menos de 15 minutos e não causam danos cerebrais.
  • Convulsões em lactentes: ocorrem antes dos 6 meses de vida, geralmente antes de o bebê pegar no sono ou minutos depois de acordar. Quando o recém-nascido tem uma convulsão, pode ser que haja um histórico familiar de epilepsia e são seriamente consideradas.

Morte inesperada repentina na epilepsia (SUDEP)

Trata-se de um risco que alguns pacientes com epilepsia podem correr. A sigla se refere a pessoas com epilepsia que morreram minutos após uma convulsão, como no caso do jovem ator citado.

As razões para uma morte inesperada não são totalmente conhecidas, mas se consideram as seguintes causas:

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  • Problemas na respiração durante a convulsão; apneia, que, sendo muito prolongada, não deixa chegar oxigênio suficiente no sangue.
  • Problemas de ritmo cardíaco, que ocorrem em casos raros, mas se acontecer durante uma convulsão, pode causar parada cardíaca.
  • Uma combinação de ambos, problemas respiratórios e arritmia cardíaca.

Como reduzir o risco de morte

Para reduzir o risco de morte súbita devido a uma convulsão, as seguintes sugestões podem ser consideradas:

  • Evitar ingestão de álcool
  • Aprenda a controlar e monitorar os episódios
  • Tempo suficiente de descanso
  • Treinar outros adultos da família sobre como ajudar durante uma crise

É possível levar uma vida normal

Pessoas com epilepsia podem levar uma vida normal. Em geral, uma vez diagnosticada, o médico irá sugerir o tratamento adequado de acordo com o tipo de epilepsia que acomete o paciente. Geralmente o especialista prescreve uma medicação adequada para prevenir crises, isto segundo a idade do paciente, os efeitos colaterais e a aceitação da droga pelo organismo.

É de vital importância que a medicação seja tomada de forma consistente e na hora certa. Anos atrás, tive a oportunidade de morar com uma pessoa que sofria de epilepsia. Ela geralmente se esquecia de tomar a medicação, e os resultados eram mais do que óbvios. Certa vez, ela teve uma convulsão enquanto estava dirigindo.

Leia também: Primeiros socorros: Como agir quando uma pessoa tem uma convulsão

Por fim, compreender os riscos de uma possível morte inesperada provocada por uma convulsão definitivamente nos permite tomar consciência da gravidade da situação e poder ajudar nossa família, amigos ou colegas de trabalho que sofrem dessa doença.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Epilepsia, una complicación que en un caso de mil se lleva la vida

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