Escrita curativa: 7 dicas para começar

Escrever é uma maneira simples de mitigar a dor, superar medos e arriscar sonhar. Veja como encontrar a cura por meio da escrita terapêutica.

Marta Martínez Aguirre

Com um pedaço de papel, o desejo, algumas feridas e duas palavrinhas para começar – “Certa vez” – podemos realizar coisas poderosas.

Você me escreveu novamente, contando sobre sua dor, dizendo que não tem como fazer terapia. Talvez esta seja a primeira ferramenta, pois a escrita sempre foi uma ferramenta terapêutica por excelência.

Os grandes escritores curaram suas feridas escrevendo suas obras. Mario Vargas Llosa diz que, para ele, escrever em segredo durante a infância era uma forma de resistir às adversidades. Borges conseguiu superar a insônia escrevendo “Funes el memorioso”, Isabel Allende superou a morte de sua filha escrevendo “Paula”. E eu poderia continuar com uma lista interminável de escritores de todos os tempos que recorreram a esse remédio simples.

Talvez você diga a si mesmo: “Mas eu não tenho talento!” Isso não importa, porque não se trata de escrever para ser indicado ao Prêmio Nobel de Literatura, mas de usar a escrita como forma de curar sua tristeza, superar seus obstáculos e se encorajar a brilhar.

Nada é tão preciso quanto as palavras de Hemingway para incentivá-lo a começar: “Escreva de forma inflexível e direta sobre o que o machuca e você enxergará claramente em meio a trevas”.

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Escreva sobre suas preocupações, sentimentos e sonhos, pegue um lápis e papel e deixe seu coração ditar as palavras.

O psicólogo James Pennebaker, professor da Universidade do Texas, vem realizando pesquisas sobre o efeito terapêutico da escrita há mais de trinta anos. Suas descobertas revelam que o simples ato de escrever pode trazer muitos benefícios.

Ele argumenta que a escrita tem seu efeito curativo porque permite acessar lugares no inconsciente que você pode não conseguir alcançar com a terapia convencional, o que ajuda a reduzir o estresse mental, fortalece seu sistema imunológico e reforça sua autoestima.

Convido você a começar, hoje mesmo, a escrever um diário terapêutico, um lugar onde possa fazer confissões, escrever sem pressa nem medo e explorar seu interior em busca de saúde.

Aqui estão sete dicas para começar:

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1. Providencie os materiais

Compre caderno, lápis para escrever e para colorir. O caderno deve ser grande para que você possa incluir imagens, desenhos e tudo o que queira registrar.

2. Não se preocupe com os erros de ortografia e de gramática

Dedique-se a escrever como se sente, sem procurar artifícios literários ou querer impressionar, escreva sem perder a espontaneidade, escreva até aquelas palavras que você não diz em público, mas que ficam presas na na garganta. 

Seja criativo: desenhe se não encontrar uma forma de expressar suas emoções, faça uma colagem com folhas de revistas e, acima de tudo, não censure sua escrita. Lembre-se de que este é um caderno terapêutico, não um esboço para um editorial. Portanto, permita-se expressar livremente o que guarda dentro de si.

3. Defina melhor local e horário

Encontre uma hora do dia e um lugar onde você não será incomodado ou interrompido.

4. Escreva regularmente, por meia hora, no mínimo

Registre o que o comoveu, o que o surpreendeu, aquilo de que se lembrou. Não deixe passar muito tempo entre um registro e outro. O melhor é não deixar passar uma semana.

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5. Registre informações importantes

Se você estiver fazendo terapia, registre o que você acha importante dizer ao seu terapeuta; se você estiver trabalhando sozinho, escreva sobre eventos do aqui e agora que você possa solucionar.

6. Use expressões positivas

Escreva de forma positiva e no tempo presente, levando em consideração seu ambiente e situação. Por exemplo, se você quer perder peso, substitua “Eu me sinto gordo(a)” por “Quero melhorar minha aparência”.

7. Escreva sempre na primeira pessoa

Escreva a partir de você, e não sobre você, usando a primeira pessoa do singular. Por exemplo “Sinto tristeza quando vejo que meus filhos…” em vez de “meus filhos me deixam triste”. 

Transforme a linguagem em pessoal e assuma suas responsabilidades no assunto. Quando você relata que é você quem fica com raiva, já está começando a lutar contra esse sentimento.

Escrever é uma maneira simples de mitigar a dor, superar medos e arriscar sonhar. Confie que existe dentro de você uma musa que quer ser ouvida.

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Traduzido e adaptado por Erika Strassburger do original Escribir para sanar

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Marta Martínez Aguirre

Marta Martínez é do Uruguai. Ela é formada em psicologia e tem pós-graduação em logoterapia. Ela ama o que faz e adora servir ao próximo.