Faço de tudo e meu casamento não melhora: o que posso fazer?
Neste texto, mostramos uma aresta que talvez você não tenha considerado na sua luta por um casamento mais feliz: concentrar-se em você, sempre.
Marilú Ochoa Méndez
O casamento, apesar da sua má fama, pode tornar-se um estado de plenitude em todos os sentidos. O problema é que muitas pessoas não sabem como resolver os pequenos conflitos cotidianos que se acumulam, convertendo-se numa montanha enorme e cheia de espinhos.
Os casais, então, suportam-se com resignação, vivem juntos, mas separados afetivamente, ou vivem num eterno e árido conflito. Se você também faz de tudo, mas sente que a relação matrimonial não melhora, e/ou quer se preparar para os problemas quando chegarem, parabéns!
Não estou aqui para lhe dar lições. Estou aqui para ajudá-lo a considerar dois pontos fundamentais em sua luta para viver esse matrimônio santo, sólido e luminoso que Deus e seu coração anseiam.
Tenha cuidado com o porquê faz as coisas
Sim, para que sua vida matrimonial melhore, você tem dado tudo de si, mas em seu árduo trabalho, sua finalidade é conseguir que o outro, ao fim, escute ou que veja e valorize seus esforços. Em suma, para que o outro mude. Esse é um péssimo caminho!
Confesso que já ouvi mil vezes que esperar que o outro mude é inútil, mas não tinha assimilado radicalmente essas palavras até que, depois de muita oração, leitura e conselhos, compreendi que em minha vida, nem meus filhos nem meu esposo, meus irmãos, pais ou amigos são obrigados a “ser como eu quero”.
Algumas vezes, desde a superioridade moral que (segundo eu) a minha posição (de mãe, de esposa, de adulta…) me dava, tratei de impor certos padrões a quem está junto a mim. Fiquei decepcionada quando não fizeram “o que deveriam”, me entristeci, e até me atrevi a ser condescendente: “pobrezinhos, eles não entendem o que eu vejo com tanta clareza”.
Em um dia desses, me atingiu duramente a frase do Evangelho de Mateus: ” E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?” (Mt 7: 3). Compreendi também as palavras de Jesus, que reclamava com dor que os seus discípulos “vendo não veem, e ouvindo não ouvem nem entendem” (Mt 13, 13).
Imposição disfarçada de amor
Ali estava eu, discípula de Jesus, vendo sem ver. Pensando magoada sobre ter feito aqueles que “amo” sofrerem, impondo meu ponto de vista “porque achei que deveria ser assim”.
Recordei então o amor incondicional, puro, sadio e imenso de Deus por mim, pois apesar de meus muitos tropeços, segue presente, falando e habitando meu obscuro coração.
Então, fui atingida pela realidade do meu erro: a única que deve mudar, que deve deixar o controle, que deve procurar amar mais e melhor, sou eu. E isso inclui deixar ir as expectativas e gerar um amor não possessivo, que os convide e inspire a fazer não o que eu desejo, mas o que Deus murmura no coração dos meus amados.
Confie, Deus fala sempre e a todos
Na minha vida pessoal, encontro-me frequentemente encurralada entre o que sei que Deus me diz e a vontade de outros de assumir esse chamado que percebo.
Por favor, leia de novo minha frase anterior. Note comigo o grande erro (agora eu rio, mas ah, como me custou entendê-lo!). Eu esperava que outros aceitassem “o que Deus me diz”, sem considerar que Deus não fala só comigo. E que nem sempre o que eu tento ouvir de suas palavras, está completo.
Vou explicar melhor: eu desejava que meus filhos se aproximassem mais de Jesus, e tentei pôr cânticos religiosos em casa, contar na hora do almoço histórias da Bíblia, orar com cada um em diferentes momentos. Sentia-me um pouco frustrada, pois sentia que eles fugiam desses momentos, não os valorizavam nem lhes eram úteis, pelo menos não como eu imaginava sua reação ante meus esforços.
Eu tinha no trabalho dias especialmente difíceis, e eu deixei meus filhos um pouco livre de meus esforços para potenciar sua vida espiritual, quando meus belos filhos de 10 e 8 anos me surpreenderam pedindo que os levasse ao padre, para que lhes mostrasse como ser coroinhas e ajudar na celebração da missa. Eu não pude acreditar!
Eu tinha vislumbrado em meu coração que Deus tinha sede do amor de meus pequenos, mas tinha agido como eu acreditava melhor, esquecendo-me que Deus também falaria com meus pequenos e necessitava que eu estivesse preparada e disposta para levá-los, encorajá-los e aproximá-los dessa iniciativa que eles estavam tendo.
Não deve acontecer “o que você deseja”
Uma oração preciosa que lhe convido a fazer a partir de agora, é a oração de abandono. Como a que Jesus fez no Horto das Oliveiras: “Não se faça a minha vontade, mas a Tua”. Você e eu poderíamos dizer a Deus: “me abandono em Suas mãos, quero o que você quer, porque Você o quer, como Você o quer, até que Você o queira”.
Não seria absolutamente libertador? Então, sua vida matrimonial, a educação de seus filhos, sua participação na Igreja, sua influência social, não seria “o que você quer”, mas, um cenário para que se cumpra a vontade de Deus, que inspira seu coração, mas ganhará realidade e ação sempre sob o poder e desígnio do Todo-Poderoso e nossa liberdade pessoal que Deus respeita absolutamente.
Por que isso ajudaria seu casamento?
Existe uma bela imagem para mostrar uma maneira sempre efetiva de melhorar nossa relação matrimonial. Coloco-a aqui embaixo.
Como você pode ver, tudo tem a ver com a proximidade de você e seu marido (e sua família) com Deus, e como você coloca em prática Sua voz em seu coração.
Muitas coisas em sua vida, na vida conjugal machucam. São dores velhas que deixaram cicatriz, e punem quando voltam a machucar. A vida conjugal não é fácil. O panorama às vezes é brilhante e às vezes nublado ou tempestuoso. Para esses momentos obscuros, não se esqueça de que você é responsável só por você. E ao melhorar você mesmo, faz muito, muito mesmo.
A única pessoa que pode ficar calada, confortar, ser carinhosa, colocar doçura onde há amargura, perdoar onde há ressentimento, é você. Não pode forçar o mesmo no outro, porque não seria genuíno, mas pode trabalhar em ser uma pessoa que dá amor de coração, assim como Deus nos dá: livre, paciente, intenso, incondicional.
Esforçar-nos em agir em nós, e deixar para Deus a mudança no coração dos outros, irá nos tirar muita dor de cabeça e nos permitirá concentrar-nos nessas traves que temos nos olhos, que, confessamos, são maiores do que deveriam.
Deus nos guie para tornar isso realidade agora, que o vislumbramos.
Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Hago de todo y mi relación matrimonial no mejora: ¿Qué puedo hacer?/