Fantasias de criança (Papai Noel, coelhinho da páscoa, fada do dente): Alimentar ou contar a verdade?
Deixar um filho acreditar é deixá-lo sonhar com coisas possíveis e impossíveis. “Com imaginação a criança enfrenta melhor a vida e também os seus medos.
Beth Proenca Bonilha
Sempre alimentei em meus filhos a fantasia da existência de personagens como o Papai Noel, coelhinho da páscoa, fadas e princesas. E quando chegou a idade em que perceberam que era só fantasia, não insisti para que continuassem a crer na existência dos personagens como verdade literal, mas influenciei para que continuassem a acreditar em fantasias.
A crença em personagens mágicos é importante no desenvolvimento da criança. Quando chega o momento em que entendem que os personagens não existem na vida real, mas no mundo da fantasia, ainda assim é saudável para seu desenvolvimento.
É como ler um romance, um conto, ou assistir a um filme com enredo fictício, faz bem, distrai e ainda faz com que a pessoa viaje em sua imaginação e produza os hormônios do bem-estar.
O artigo da clínica infantil Reibscheid no site Pediatria em Foco vem validar a experiência que tive com meus seis filhos.
“Não existe idade para contar a verdade”. E não devemos fazer por nós mesmos. Cedo ou tarde, algum amigo mais velho irá contar, mesmo que em tom de brincadeira, e assim acabará a magia. Isso geralmente ocorre entre 7 e 8 anos.
Deixe que ele pergunte e, se ele se mostrar pronto, conte a verdade. Mas se ele demonstrar tristeza diante da possibilidade do Papai Noel não existir você pode enrolar mais um pouquinho.
Deixar um filho acreditar é deixá-lo sonhar com coisas possíveis e impossíveis. “Com imaginação a criança enfrenta melhor a vida e também os seus medos.”
Como contar a verdade?
Como vimos anteriormente, a melhor maneira é deixar que a criança demonstre que está amadurecendo sobre o assunto e descobrindo por si mesma que há diferença entre a vida real e a fantasia.
Meu netinho de cinco anos ganhou em seu aniversário uma máscara e um escudo do Capitão América. Assim que ele colocou a máscara e empunhou o escudo eu disse: Capitão América você veio no aniversário do Lucas? Imediatamente ele levantou a máscara e disse: Sou eu Vóvy.
Ele acreditou que eu estava falando a verdade, mas sentia a necessidade de me mostrar que era só uma fantasia, ou seja, aos cinco anos ele já está começando a separar realidade da fantasia, mas ainda gosta de se sentir um Capitão América.
Em breve ele entrará na fase de questionar, assim como já fez seu irmão Gustavo de 8 anos, coisas do tipo: – Como o Papai Noel faz para entregar presentes em todo o mundo em uma única noite? Ou, – Por que nem sempre ele traz o que pedi na cartinha?
São sinais de que está pronto para receber respostas coerentes à sua percepção. Ser honesto é a melhor opção, mas antes faça algumas perguntas para identificar o nível de entendimento da criança.
É importante saber se a resposta explicita não causará decepção. Uma boa sugestão é investigar devolvendo a pergunta para ver qual será a ideia da criança, e ao perceber seu grau de entendimento saberá como explicar melhor sobre realidade e fantasia.
Alimentar ou contar a verdade é uma questão pessoal, porém deve-se levar em consideração as orientações de especialistas e estudiosos da área.