Guarda compartilhada: quem tem mais diretos sobre os filhos?

O ponto mais positivo da guarda compartilhada é obrigar os pais a se colocarem no lugar um do outro.

Yordy Giraldo

Tradicionalmente, nós, mulheres, gozamos do benefício da guarda dos filhos, o que dá a impressão de que ser mulher nos coloca acima dos homens, pelo menos nesse quesito. A verdade é que não. Esse procedimento responde mais aos costumes do que ao fato de ser mãe e mulher.

Sociedades patriarcais como a nossa entendiam a masculinidade como a capacidade de sustentar a família. Por outro lado, havia o preconceito de considerar a mulher profissional com uma afronta aos bons costumes. Se somarmos a isso a nossa capacidade de gestar e amamentar, concluimos que, biologicamente, ficar com os filhos constituía uma obrigação e um direito.

Porém, os dois lados acabaram abusando das vantagens que cada um teve e enfrentaram as consequências. O resultado é que, em muitos lugares, ser mulher não é argumento para obter automaticamente a guarda e custódia dos filhos. Algo que fez as mães ficarem desesperadas, enquanto alguns zombam, jogando na nossa cara a igualdade que tanto queríamos, e outros aplaudem o que chamam de “justiça”.

Diante dessa circunstância, a solução é fazer o que sempre deveria ter sido feito: entrar em acordo e compartilhar os cuidados dos filhos.

Nós, mulheres, temos a ideia de que deixar nossos filhos com os outros nos torna mães ruins, e os homens acham que criá-los é coisa de mulher. Porém, o maior desafio para se chegar a um acordo não tem sido esse, mas a vontade de vencer o outro e usar os filhos para descontar insultos recebidos.

O que implica guarda compartilhada?

1. O filhos não são propriedade

Esse acordo permite que os pais passem tempo com os filhos de forma equilibrada, em vez de dar a um deles mais tempo, direitos e obrigações do que ao outro. Nesse tipo de acordo, é importante compreender que os filhos não são uma propriedade.

2. Ser pai é um trabalho de tempo integral

Não se trata de “se me convier e eu tiver tempo, eu apareço”. Pelo contrário, o que se busca é que ambos sejam partes ativas na vida dos filhos e em tudo o que acontece ao seu redor. É algo que ambos devem assumir. Não é agir pelas costas um do outro nem de desistir quando você tem uma nova família.

3. Parar de brigar

Este é um dos benefícios desse tipo de contrato. É suposto que ao atingir o objetivo dos dois – que é ter os filhos por perto – acabam os motivos para continuarem brigando. Faça o que for preciso para resolver as diferenças e manter um relacionamento amigável e com um boa comunicação.

4. Não se trata de ganhar ou perder

A guarda compartilhada é como um empate: ninguém perde e, pelo contrário, ganha-se a oportunidade de não causar danos aos filhos. A ideia é ser corresponsável pelos filhos e permitir que cresçam com o amor e o apoio de seus pais amados.

O lado positivo da guarda compartilhada é que ela obriga cada um a se colocar no lugar do outro. As mães terão que abrir mão dos bens materiais e aprender a compartilhar seu maior tesouro: seus filhos. E os pais terão que escolher entre sair com os amigos, conquistas românticas e promoções no trabalho para ficar em casa cuidando dos filhos.

Os tempos mudaram, é hora de fazermos isso também. Pois em se tratando de quem tem mais direitos, o pai ou a mãe, a resposta correta é os filhos!

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Custodia compartida: ¿Quién tiene más derechos sobre los hijos?