Há pessoas que vivem felizes sem ambições, e tudo bem

A vida das pessoas deve ser equilibrada: procure que suas ambições não embotem seus sentidos, mas também não procure viver sem conseguir nada.

Erika Otero Romero

Honestamente, não sei o que é viver sem ambição. Para mim não teria nenhum sentido viver dessa maneira; acredito que meus sonhos são o maior impulso para me levantar cada dia.

Claro que não há nada de errado em viver de acordo com o que se tem; é total e completamente válido, e admito, até mais válido.

Mas pode também acontecer que tenhamos épocas em que nos sentimos satisfeitos com o que temos. E, pelo contrário, pode haver também épocas da vida em que temos sede de realizar muitos sonhos. Seja qual for a situação, temos o dever de viver fiéis a nós mesmos.

Por que é mais tranquilo viver sem sonhos?

Talvez seja porque não se tem a pressão de sua própria mente.

Aqueles dentre nós que têm objetivos elevados sabem que, muitas vezes, podemos ficar obcecados em como alcançá-los. Não passa um dia em que não nos torturamos pensando que não vamos conseguir o que queremos. Isso se torna uma constante na vida, às vezes causando problemas até para dormir.

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As pessoas que vivem sem objetivos têm uma vida relaxada e vão no seu ritmo. Não se frustram porque, por exemplo, “passou um dia e não escreveu 3 páginas do seu livro”.

Acho que é uma forma simples de viver com o controle do que se espera de si mesmo.

Vivemos numa sociedade competitiva

Não é segredo que quando se quer ir longe, é preciso provar do que se é feito. Uma pessoa que não cumpre “os padrões exigidos pela sociedade” está condenada a viver abaixo do “nível” considerado como o ideal.

Mas isso é realmente ruim? Depende de como a situação é percebida.

No meu caso, sou zero competitiva; não me interessa demonstrar a ninguém minhas capacidades e muito menos “ganhar de ninguém”. Para mim, a vida não é uma competição. Se já vivo sob estresse constante, não desejo imaginar o que é viver tentando ganhar reconhecimento. Apesar disso, a competição é comigo mesma. É a mim mesma que desejo demonstrar que sou capaz de ir em frente.

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Agora, há pessoas que não podem viver se não mostrarem ao mundo do que são capazes; e isso também não é ruim. Talvez isso as faça parecer presunçosas e arrogantes, mas não é verdade. Elas apenas se consideram capazes de alcançar propósitos de alto nível, algo para o qual outros não estão preparados.

Viver a vida com “antiambição”

Antiambição é viver uma vida livre do estresse que os sonhos impõem. Não é o mesmo que ser passivo ou ter medo de não conseguir seus propósitos. É que há preferência por uma filosofia de vida relaxada; livre de concorrência e com limites claros.

Uma pessoa que tem como estilo de vida a antiambição trabalha o suficiente para viver confortavelmente. Sua prioridade é ter metas que deem sentido à sua vida; não procuram demonstrar ao mundo o seu potencial. Elas não se importam com a fama, fortuna ou deslumbrar por onde vão, só querem ser felizes à sua maneira.

O que é interessante sobre tudo isso é que há muitas pessoas hoje em dia que escolhem viver desta forma. Chama-lhes atenção “contrariar” aquilo que se esperaria delas. É uma forma de não corresponder às expectativas dos outros sobre elas. Digamos que é uma maneira de opor-se ao que a sociedade espera de seus cidadãos.

As pessoas que vivem desta maneira são realmente felizes porque não perseguem a excelência; só desejam uma vida cômoda e cheia de paz, que dá leveza à vida.

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A escravidão que vem pela ambição

Não nos enganemos, são muitas as pessoas viciadas em trabalho. O triste é que, ao perseguir o sucesso profissional, muitas perdem suas famílias. Não há nada de errado em buscar a autorrealização, o mal é negligenciar as outras áreas da vida.

A vida é um conjunto de interesses: família, vida social, necessidades básicas, amor e profissão. Entre esses aspectos deve haver um equilíbrio para que nos sintamos plenos; no entanto, há aqueles que negligenciam várias áreas da vida para perseguir a excelência em uma só. Quando isso acontece, o fracasso pode ser iminente.

Um exemplo real

Alguém que admiro tinha como sonho de juventude ser famoso e ter muito dinheiro, e com muito esforço conseguiu. No entanto, recentemente perguntaram-lhe em uma entrevista o que era a felicidade para ele, e sua resposta me surpreendeu. Ele disse que, durante anos, acreditou que a felicidade vinha da fama e do dinheiro. Apesar disso, admitiu que, neste momento, a felicidade para ele é acordar cedo e tomar uma bebida quente.

Ele certamente não tem as preocupações financeiras de todos nós, simples mortais. Ainda assim, ele sabe o que é passar fome e viver na pobreza. Essa foi uma das maiores razões para perseguir sua maior ambição, mas admite que não é totalmente feliz.

As letras de suas canções estão cheias de angústia por se perder na fama. Ele tem medo de perder a humildade e tornar-se alguém que não reconhece no espelho. Sofre por não poder ter uma vida simples, uma família e não poder ser alguém “normal”.

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Nada em excesso é bom. Ser completamente entregue a altas ambições pode “quebrá-lo em pedaços”.

Aparentemente, ter uma vida com limites saudáveis e conforto normal é a melhor coisa que podemos fazer como pessoas para ter uma boa saúde metal. Mas como sempre, você escolhe, a vida é sua e ninguém pode o obrigá-lo a viver segundo outros parâmetros.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Hay personas a las que vivir sin ambiciones les hace felices, y eso está bien

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.