Incentive seus filhos a ler, isso lhes fará um bem incalculável
É muito o que, como família, vocês ganharão ao fazê-lo. Você também potenciará neles autenticidade, propósito e uma vida profissional extraordinária.
Marilú Ochoa Méndez
Meu filho está sentado vendo TV. Estou esperando há alguns minutos, vamos ler uma história juntos. Mas o estímulo que proponho, por mais que meu pequeno ame a história, não ganha da tela. Tenho que ficar ao lado dele, lembrar do nosso acordo de continuar com a história, para que ele se despeça (com muita dificuldade) e se sente comigo.
As crianças (e os jovens e os adultos) adoram histórias, especialmente os contos. Jordi Nomen, autor do livro “O menino filósofo”, comenta a respeito desse amor dos pequenos pelos contos, que se deve ao fato de estes gerarem “estruturas que permitem transferir aprendizagens à realidade e explicar o mundo dentro de uma perspectiva segura“.
Em seu livro também comenta que “as crianças querem saber, porque ignorar gera certa inquietação, um senso de descontrole (…) Compreender (por outro lado), gera bem-estar emocional”.
Neste texto, quero comentar as grandes vantagens do hábito da leitura para sua família. Vocês não apenas ganharão em proximidade e conexão, mas também que sua relação com o mundo seja mais estável, mais segura. Impulsionará seu desenvolvimento neuronal, inclusive, suas habilidades sociais, ao dotá-los da capacidade de refletir.
Os “emojis” não se desdobram
Você e eu nos separamos com dificuldade de telas e dispositivos móveis. Quando temos tempo livre, é mais fácil ver um capítulo de uma série do que pegar um livro. Parece-nos menos opressivo “consumir” um produto fabricado que só é preciso olhar, em vez de descodificar letras num texto.
Você já pensou sobre o impacto que os emojis têm sobre o ser humano atual? Também não nos ajudam muito a pensar. Nós os colocamos para mostrar o que sentimos. Nós nos comunicamos com sentimento, em vez de ideias. Não requer muita ciência colocar o emoji que chora de rir. Pessoalmente, fico um pouco desanimada quando um texto que mando a alguém recebe corações ou emojis em vez de palavras, parece-me que corta a comunicação.
Veja como nossa pressa, a cultura tecnológica e nosso apego (às vezes insano) às telas modificaram inclusive nossa maneira de expressar-nos.
Uma imagem não se “pensa”
O escritor italiano Giovanni Sartori , há trinta anos, adverteu-nos sobre uma mudança em nossos processos intelectuais, mudando a definição do homem de “homo sapiens” (homem que raciocina) para “homo videns” (homem que vê).
Ao ler, é preciso construir em nossa mente aquilo que decodificamos. Estabelece-se um processo de assimilação das ideias compartilhadas, quando lemos, nos emocionamos, choramos ou ficamos na ponta da cadeira. Ao olhar, a informação é recebida de outra maneira, mais passiva. Este segundo processo requer muito menos habilidades cognitivas, e entra mais facilmente em nossa mente e coração, sem passar por filtros.
Você vê mais do que lê ou pensa?
Quanto tempo gastamos nos distraindo no TikTok, Instagram ou Twitter? E assistindo a séries? Esse entretenimento passivo desempenha a sua função: distrair-nos, mas também nos deixa sonolentos.
Jordi Nomen recorda-nos que a necessidade das crianças de compreender o mundo as estabiliza, mas não se refere só a elas. Pois não nos esqueçamos de que o conteúdo pronto para digerir das telas não é inócuo nem neutro. Não é “uma janela para o mundo, mas uma janela para a irrealidade”, como menciona o professor sevilhano Manuel Blanco Pérez.
O Professor Blanco refere-se a que esses conteúdos são delineados e programados por uma elite minúscula, e consumidos pelas massas. Como o autor citado acima, Giovanni Sartori, menciona também: “Estamos confinados ao que vemos”.
Quantos minutos, durante esta semana, estivemos longe dos aparelhos processando informação, dialogando, lendo longe das telas de TV? Às vezes, não é simples nem confortável fazê-lo, estamos muito apegados ao consumo voraz de imagens, ideias e histórias que não requerem de nós mais que um pouco de atenção.
Ler é urgente
Quando pensamos, fazemos julgamentos, baseamo-nos em suposições, inferimos, fazemos julgamentos. Esses processos de pensamento e outros são necessários para assegurar um pensamento crítico em nossos pequenos e em nós mesmos.
A esse respeito, Nomen nos diz que “a pior coisa que podemos fazer como adultos com a imaginação de uma criança é apropriar-se dela e não deixar espaço para exercê-la”.
Como se exerce a imaginação? Refletindo sobre o que se olha, sobre o que se pensa. Dando espaço à mente para voar para longe dos estímulos visuais, que às vezes só geram vício e não enriquecem.
Sabemos bem que a televisão tem sido utilizada como meio de influência e controle social. Desde a Alemanha Nazista, em que o cinema proposto pretendia formar nos jovens um ódio contra os judeus, até a China ou a Coreia do Sul, onde se controla o que a gente comum pode ou não ver. É, então, muito importante cuidar de nossa capacidade de raciocinar, refletir e imaginar.
Devemos ler
Salvador Saulés, doutor e educador mexicano, nos diz que “a capacidade de ler e compreender o que se lê é um requisito indispensável para o sucesso na vida, pois de sua incorporação derivam a apropriação do contexto, o desenvolvimento pessoal e até mesmo a integração social”.
E não se refere à leitura comum, mas à busca de uma leitura de compreensão, na qual nos apropriamos do texto e permitimos que ele nos mude, nos melhore, nos inquiete e nos mova a mente e o coração.
Mas chegar a isso requer uma desintoxicação do conforto do desdobramento de imagens e o desejo de expandir a nossa mente e as nossas capacidades – e as dos nossos filhos.
Como se faz isso?
Consegue-se com o fomento da reflexão. Voltemos a Jordi Nomen: “O pai lhe conta uma história e você, em troca, deve me explicar como imagina o espaço em que acontece, o vestido da protagonista ou o que acontecerá além do final”.
Primeiro, vamos adorar as histórias sempre disponíveis nas páginas de um livro e depois perguntar muito e investigar.
É muito o que se pode alcançar na sequência da leitura: encontrar vocações, consolar corações feridos, uma conversão espiritual. J.R.R Tolkien, C.S Lewis, Charlotte Mason, entre outros, reforçam a riqueza e a bênção para o corpo, mente e alma das pessoas que adentram esse universo tão belo.
Tomemos um livro hoje, mostremos com nosso exemplo que desejamos uma vida mais serena, mais estável, menos controlada, mais livre e autônoma. Convidemos nossos pequenos a desligar a televisão e ligar sua mente com as riquezas tão maravilhosas que as páginas de um livro nos dão.
Se quiser conhecer de forma prática como você pode enriquecer a educação de seus filhos com a leitura, deixo-lhe duas páginas em que mães dedicadas oferecem recursos e orientações para consegui-lo:
Tenham uma boa leitura!
Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Impulsa a tus hijos a leer, les harás un bien incalculable