Jesus tinha uma esposa?
Um manuscrito de mais de 1.500 anos causou alvoroço na comunidade científica. Descoberto na Biblioteca Britânica, dizia que Jesus era casado com Maria Madalena e tinha dois filhos.
Stael Ferreira Pedrosa
Em 2014 um manuscrito de mais de 1.500 anos causou certo alvoroço na comunidade científica. Descoberto na Biblioteca Britânica, o manuscrito dizia que Jesus era casado com Maria Madalena e mais, que tinha dois filhos.
O Manuscrito chamado de “O Evangelho Perdido”, foi objeto de estudos pelo professor Barrie Wilson que juntamente com o escritor Simcha Jacobovic passaram meses debruçados sobre ele e foi lançado como livro em 2014.
Não é a primeira vez que tal assunto chega ao conhecimento público. Antes, dois filmes: “A última tentação de Cristo” de Nikos Kazantzakis, e “O Código Da Vinci”, de Dan Brown, trouxeram essa questão. E em 2012, a professora Karen King, da Escola de Teologia de Harvard, trouxe à luz um papiro datado provavelmente entre os séculos 2 e 4 que contém a frase: “Jesus disse a ele, minha esposa…”
Enquanto católicos e protestantes duvidam da veracidade de tais fontes, fato é que existem muitas questões relativas ao assunto que são consideradas desde heresia, tabus, interesses econômicos até verdades científicas.
Jesus era ou não casado?
Não se pode ter certeza, afinal a Bíblia não afirma que foi, e tampouco que não foi. Porém, o celibato que a Igreja Católica Romana impõe aos seus sacerdotes não tem origem nos primeiros apóstolos. Pedro era um homem casado e, inclusive, sua sogra foi curada por Jesus. (Mateus 8:14). A nenhum dos apóstolos – ou seguidores – de Jesus foi imposta a condição de solteiro para exercer o apostolado.
Quando começou tal prática e por quê
A Igreja católica institui o celibato bem mais tarde e segundo Paulo Ricardo, do site o Catequista, “A menção mais antiga ao celibato do clero católico diz respeito ao Concílio de Elvira (295-302)”, ou seja, por volta de 269 anos após a morte de Cristo. Sendo oficializado por volta do ano 1073 ou 1139. Alguns dizem que por interesse econômico (não divisão dos bens da Igreja entre herdeiros) e outros que foi para “botar ordem na casa”. Seja qual for o motivo, fato é que o celibato não veio dos ensinamentos originais da Bíblia.
A Igreja católica diz ter como base escriturística, a carta de Paulo aos Coríntios onde diz:
“Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher;” 1 Coríntios 7:1
Com a reforma protestante, que segundo alguns historiadores se deu justamente por essa questão da não divisão de bens e celibato, as igrejas que daí nasceram nunca proibiram o casamento de seus sacerdotes baseados também em outra escritura bíblica:
“Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar.” 1 Timóteo 3:2
Por que Jesus poderia sim, ser casado?
Primeiramente, porque segundo a Bíblia, ele nunca pecou e nem deixou de cumprir qualquer mandamento (I Pedro 2:22). E um dos mandamentos divinos – aliás o primeiro de todos – é o casamento. Já em Gênesis, antes mesmo de ordenar a Adão e Eva que não comessem do fruto proibido, Deus havia dito-lhes:
“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.” (Gênesis 2:24) e só mais tarde no capítulo 3 é dito: “Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais.” Gênesis 3:3
No Novo Testamento o mandamento foi reiterado pelo próprio Jesus:
“Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, e serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.” Marcos 10:7.
Certamente, Jesus não diria algo que desse a entender: Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço. Sendo Ele mesmo exemplo em todas as coisas.
Possíveis evidências bíblicas
1. As bodas de Caná – João 2:1-11
Maria, a mãe de Jesus, estava preocupada pela escassez de vinho na festa e foi falar com Jesus (o noivo?) sobre isso. Se fosse a festa de um amigo ou parente, certamente não seria dela (e de Jesus) tal preocupação.
2. Maria Magdalena
Essa mulher (que não é a mesma acusada de adultério e nem a Maria pecadora de Lucas 7) era virtuosa e fiel seguidora do mestre e aparece em várias situações na vida de Jesus que por parecerem demasiado íntimas faz crer que ela possa ter sido sua esposa, bem como em outras:
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Ela ajudava na pregação do evangelho – Lucas 8:1-3
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Viajava com Jesus e os apóstolos onde quer que fossem, o que segundo Paulo, era permitido às esposas – 1 Coríntios 9:5 (mas Maria Madalena não era esposa de nenhum dos apóstolos)
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Estava presente ao seu julgamento e condenação (Jesus, O Cristo, James E. Talmage cap.18, pg.256-257).
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Seguiu-o durante a chamada via sacra e estava com Maria, mãe de Jesus no momento da crucificação (enquanto as outras mulheres, que não eram da família, esperavam a uma certa distância) – João 19:25-27
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Foi ao sepulcro embalsamar o corpo de Jesus – a unção do corpo de um homem judeu (taharat) cabe apenas às pessoas da família, mais especificamente a esposa e a sua mãe, caso este não fosse casado.
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Foi a primeira pessoa a ver Jesus ressuscitado – João 20:16
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Tentou tocar nele como certamente era seu costume, já que naquela época uma mulher não tocava em um homem que não fosse da família, como registrado em João 20:17 – Não confundir com a adoração que as mulheres prestaram abraçando os pés de Jesus após sua ressurreição como registrado em Mateus 28:9. Certamente seriam toques diferentes.
Mas, tendo Jesus sido casado ou não, fato é que Ele é o Salvador do Mundo e isso não mudará. O casamento também é algo santo e em nada diminuiria a santidade de Jesus e seu papel fundamental no Plano de Felicidade Eterna.