Juventude sem limites: por que estamos do jeito que estamos?

Ser um bom pai é uma responsabilidade maior do que ser um bom profissional. Os ecos de suas ações como pai, boas ou ruins, percorrem muitas gerações.

Yordy Giraldo

Quando o assunto “juventude de hoje e os problemas desta geração” surgem em uma conversa, tornou-se comum dizer que os jovens estão perdidos, que não têm educação nem valores. O engraçado é que nenhum adulto reconhece a própria responsabilidade nisso. Todo pai/mãe diz de si mesmo que está sendo um bom progenitor.

Em primeiro lugar, não dá para generalizar. Ainda há muitos jovens bons, honestos e esforçados, cujos pais se empenham em dar-lhes a melhor educação que podem. Mas quando se observa a juventude descomprometida ou rebelde, surge uma verdade que não quer calar:

Por acaso esses jovens surgiram por geração espontânea? É lógico que não. Eles são fruto de uma má parentalidade. Se levarmos em conta que os seres humanos tendem a repetir padrões aprendidos, a transmissão dessas deficiências de geração em geração deixa de ser uma possibilidade e torna-se um fato.

Naturalmente, há exceções. Pais bons que se esforçam ao máximo para criar bons filhos podem ter uma ingrata surpresa. Personalidade forte e rebelde, más influências, uso de drogas, entre outros fatores, podem jogar pelo ralo qualquer boa educação. Mas é inquestionável o fato de que uma boa educação faz muito mais pelo bem dos filhos do que uma má educação.

Alguém dirá que determinar o que nos colocou neste ponto é uma questão de bom senso, mas a verdade é que, quando estamos no olho do furacão, temos dificuldade em enxergar a tempestade. Por isso quero colocar o dedo no problema e apontar algumas particularidades dos adolescentes descontrolados (pelo menos, da maioria deles):

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Por que estamos do jeito que estamos?

1. Falta de supervisão

Fato: se você não estiver de olho para que as coisas sejam feitas, é bem provável que elas não aconteçam. Hoje em dia, as crianças e jovens estão muito soltos, os pais não fazem com que eles cumpram as suas obrigações, e acabam aceitando qualquer resultado, promovendo a mediocridade e o conformismo.

2. Zero consequência

Se não houver reação a cada ação, a lógica diz duas coisas: a primeira, que não há nada a temer, então continue fazendo; a segunda, que você aumente a dose porque nada aconteceu. É assim que os adolescentes veem, por isso é tão importante que você os eduque para pensar muito bem antes de agir, porque tudo o que fazemos tem consequências e algumas podem ser muito, muito ruins.

3. Falta de regras claras

Por exemplo, você pode dizer: “Nesta casa, a partir de agora, ninguém mais usa o celular na mesa durante as refeições. Esse tempo deve ser exclusivamente da família”, e mesmo assim a mensagem não é clara. Isto porque o principal é não apenas dizer, mas fazer cumprir, começando com você. 

Certamente, a princípio, seus filhos não concordarão com esta ou qualquer outra regra que os prive de algo “legal”. Mas se você for firme, a mensagem agora será clara e eles não terão escolha. Claro, é importante que as regras promovam a convivência, o respeito e sejam educativas.

4. Comunicação deficiente

Sempre falamos sobre como devemos nos comunicar, mas temos a ideia equivocada de que “passar um sermão” nos nossos filhos é comunicação. Não é. Para que haja comunicação, é preciso atender a um requisito fundamental, que haja feedback, ou seja, a comunicação deve ser uma via de mão dupla.

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5. Falta de modelos positivos

Os pais funcionam como uma espécie de farol na educação dos filhos. Se essa luz se perder na escuridão, eles não saberão para onde direcionar seus passos quando estiverem no meio da tempestade.

Precisamos reconhecer de uma vez por todas se não é por nossa causa que nossos filhos estão do jeito que estão; se precisamos de um mudança de direção. As desculpas – por mais válidas que sejam – não nos tornarão melhores pais nem nos darão melhores filhos. 

Que possamos assumir a responsabilidade por nossos jovens que estão fora de controle, ou teremos que parar de nos queixar deles. Pois embora haja exceções, como dito anteriormente, geralmente temos os filhos que merecemos.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Juventud sin freno. ¿Por qué estamos como estamos?

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