Mãe solo: quando tudo fica por sua conta

Como mãe solo, eu gostaria de dar voz àquelas mulheres que criam os filhos sozinhas. Sozinhas mesmo!

Erika Strassburger

O fato de ser mãe solo, por si só, já é imensamente desafiador. Principalmente quando o pai dos filhos é ausente ou falecido (como é o nosso caso).

Independentemente de você ser mãe solteira, divorciada ou viúva, criar os filhos sozinha gera uma preocupação que nunca acaba. Você se preocupa se vai ganhar o suficiente para pagar todas as contas, se os filhos estão seguros, se são felizes ou sofrem de saudade ou pela ausência do pai, se estão se dedicando na escola, se estão andando em boa companhia, se não estão escondendo algo de você.

As meninas sentem muita falta do pai, mas parece ser ainda pior para os meninos, na minha visão, não ter o pai por perto ou uma figura masculina presente com quem possam se abrir, de homem para homem. E é ruim também para nós, que precisamos de alguém para dividir o fardo.

Definitivamente, a mulher não foi feita para ser mãe solo

Toda mulher merece o apoio de um marido ou do pai da criança, mesmo que não estejam (mais) casados. É massacrante acumular tantas responsabilidades! Pois o principal acabamos não conseguindo dar: um tempo de verdade com eles, sem acelerar as coisas porque temos um trabalho para finalizar mais tarde.

Tenho dois trabalhos que consomem, juntos, de 10 a 12 horas do meu dia. E como toda dona de casa, também preciso preparar refeições, lavar roupas e limpar a casa. Recebo ajuda dos meus filhos, mas “o mais grosso” acaba ficando por minha conta. Quando chega por volta de 8h ou 9h da noite, eu estou simplesmente acabada! Só quero saber de me deitar para aliviar a dor nas coluna e a tensão mental.

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Tenho certeza de que muitas mães solo enfrentam situações bem piores. Muitas, mesmo trabalhando bastante, não conseguem atender às necessidades de seus filhos. Outras estão desempregadas e não conseguem dormir de preocupação por não saberem o que vão comer no dia seguinte.

A saúde e bem estar dela ficam em último plano

Com tantas coisas para pensar e fazer, a mulher acaba dormindo pouco, colocando-se por último em sua lista de prioridades. Ela acaba praticamente se anulando. O trabalho fica no topo da lista, por ser uma necessidade, e o resto do tempo ela divide entre os cuidados da casa, dos filhos e de outras responsabilidades.

Meu dia preferido é o domingo, quando vou à Igreja renovar os convênios que fiz com Deus, tomar o sacramento (santa ceia), aprender e ensinar, fortalecer meu testemunho e revigorar a minha fé. E este é o dia que também descanso de meus trabalhos. Agora que eles estão grandes, consigo descansar de verdade neste dia. Que bênção ter o domingo na minha vida! Todo mundo merece e precisa de um dia de descanso semanal.

A apreensão da mãe nunca acaba, só vai se transformando

As mães de crianças pequenas que o digam, além de todo o cansaço físico, a mente trabalha a mil. E conforme os filhos vão crescendo e ficando mais independentes, as preocupações vão ganhando nova roupagem. Na verdade, elas nunca acabam, apenas sofrem mutação.

Faz parte da nossa natureza humana preocupar-nos e desejarmos ajudar aqueles que amamos, independentemente da idade que tenham. Então, quando pensamos “agora que eles são adolescentes, vou descansar, passear mais, pensar mais em mim”, eis que surgem situações que requerem sua atenção e sacrifício por um pouco mais de tempo.

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Apesar do fardo pesado, eu passaria por tudo de novo

Esse é o maior paradoxo do amor materno: você sofre para parir, vira um zumbi até o bebê desmamar, trabalha como uma condenada, chora, reclama, fica detonada de cansaço; e quando é sozinha, o fardo tem peso dobrado. Mas se alguém lhe perguntar se valeu a pena tanto sacrifício, você responde “SIM”, alto e sem pestanejar.

Então você olha para trás e não acredita que conseguiu passar por tudo o que passou sozinha. Claro que você recebeu apoio de familiares e amigos, e fica muito grata por isso. Mas não é a mesma coisa do que ter alguém ao seu lado, para os bons e maus momentos, a qualquer hora do dia ou da noite. Se bem que, infelizmente, muitos maridos e pais não são presentes e participativos como deveriam. E a mulher acaba se sentindo sozinha e desamparada, ainda que acompanhada.

Por favor, pai, leia isto!

Para finalizar, eu gostaria de transmitir um recado para você, pai. Pense com muito carinho não apenas em seus filhos, mas também naquela que foi sua parceira nessa produção. Ela precisa de apoio e empatia. Ela não é apenas mãe, é mulher e é uma pessoa. Ela tem necessidades que precisam ser satisfeitas. Ela precisa dormir, precisa descansar, precisa de tranquilidade e precisa de vida social. Ela precisa se cuidar. Precisa de saúde para cuidar bem dos seus filhos.

Compartilhe o fardo com ela. Ofereça-se pra ficar com seus filhos, cuidar de verdade deles, dar carinho, demonstrar amor, em vez de apenas cumprir uma determinação judicial de visitas. Esteja presente por inteiro, em vez de deixá-los jogando no celular enquanto você assiste à TV com outra pessoa. Essa mãe não consegue descansar se não tiver certeza de que você está sendo um pai de verdade.

Espero que esteja honrando com suas obrigações financeiras. Não é barato sustentar uma criança, ainda mais se forem duas ou três. E, por favor, contribua para a previdência social (ou previdência privada)! E mantenha suas contribuições em dia! Pois caso você parta desta vida prematuramente, como aconteceu com o pai dos meus filhos, seus filhos não fiquem desamparados.

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.