Meninas adultas: sociedades hipersexualizadas
Vivemos numa época em que as meninas não podem crianças de maneira plena, são obrigadas a crescer antes do tempo, com estereótipos que marcam os meios de comunicação.
Daniela Lopez
Caminhando pela rua, encontrei uma menininha de não mais de cinco anos. Ela usava uma blusa que deixava as costas expostas, uma minissaia e sapatos de salto com o qual mal conseguia andar. Ver essa pequenina vestida assim me fez pensar que cada vez mais vemos meninas “brincando” de parecer adultas (e nisso, suas mães e pais têm grande responsabilidade).
Modelo, princesa ou mulher fatal: os protótipos da feminilidade de hoje
Desde cedo, as meninas são expostas a imagens que marcam protótipos femininos: princesas da Disney, Barbie, Bratz, para citar alguns exemplos. Cada um desses estilos envia mensagens para as meninas sobre como elas devem se como mulher: bonitas, magras, sofisticadas.
As primeiras ensinam a esperar um príncipe encantado que fará tudo por elas; a segunda instala a ideia de que para ser uma mulher de sucesso é preciso se vestir na moda, ter certas propriedades materiais e ser muito magra (muito já se falou sobre as proporções corporais dessas bonecas, impossíveis em uma mulher real). As terceiras destacam uma feminilidade baseada em alguns atributos físicos ligados à sensualidade: roupas justas e pequenas, salto alto e até roupas íntimas à mostra.
O mais preocupante é que quem brinca com essas bonecas são meninas entre seis e doze anos. E não é só uma brincadeira. O constante bombardeio de mensagens dirigidas às meninas sobre seu físico, sua aparência e seu comportamento, possibilita que meninas de nove anos apresentem problemas alimentares, formas de vestir inadequadas para a idade e atitudes que copiam o que veem no mundo de Adultos.
A mídia é a grande responsável por vender esses estereótipos para as meninas e para a sociedade em geral. Com o acesso cada vez mais prematuro à internet, as crianças podem pesquisar vídeos ou fotos de seus artistas preferidos e, assim, ficar por dentro do que eles fazem.
Para se parecerem com suas estrelas favoritas, as meninas tendem a imitá-las tanto na forma como se vestem como no comportamento. Infelizmente, muitas dessas atrizes ou cantoras não são o exemplo que gostaríamos para nossas meninas.
Em 2011, uma marca francesa de lingerie lançou uma linha de roupas íntimas para meninas de quatro a doze anos, usando algumas meninas, que posavam como modelos adultas, em suas peças de publicidade. A empresa recebeu duras críticas por isso. A estilista defendeu-se argumentando que as crianças não têm ficaram vulgares, tampouco foram maquiadas como adultas.
Como proteger nossas filhas
Muitas meninas que hoje são adolescentes e jovens cresceram expostas a esse bombardeio. Hoje elas aplicam o que aprenderam nas redes sociais, agindo de forma provocativa e se exibindo com poses sugestivas. Elas aprenderam que, se não o fizessem, ficariam “invisíveis”, e não há nada pior do que não serem notadas pelos outros.
O que devemos fazer como pais para evitar que nossas filhas caiam nesse sistema hipersexualizado em que vivemos?
Converse com elas sobre sexualidade
É um tema difícil para os pais, principalmente se não estivermos preparados. Por vergonha ou ignorância, esse assunto deixa de ser discutido com as crianças, mas é a única forma de lhes mostrar a realidade.
Se você não sabe como conversar com seus filhos sobre esse assunto, recomendo que procure a ajuda de psicólogos ou especialistas em sexualidade, que irão explicar como conversar com seus filhos de acordo com a idade deles.
Muito cuidado com a internet e celulares
As redes sociais são uma janela que se abre para que crianças e jovens mostrem facilmente o seu corpo, através das fotos que publicam. A mensagem que lhes devemos transmitir é que devem respeitar seu corpo e não exibi-lo de maneira nenhuma na internet.
Aqui você encontrará informações sobre outro perigo que seus filhos podem encontrar na Internet.
Dê o exemplo em casa
Como pais, somos responsáveis pela imagem de nossas filhas. Evitemos comprar roupas, sapatos ou acessórios que não estejam de acordo com a idade delas. Devemos tomar cuidado com a superexposição a vídeos, internet e televisão, pois através desses meios passa-se uma mensagem sobre como as meninas devem ser. Se cuidarmos desse aspecto, as pequenas não se sentirão forçadas a parecerem inadequadas para sua idade.
A infância é uma fase muito bonita e passa num piscar de olhos. Devemos ajudar nossas crianças – meninos e meninas – a viver e aproveitar ao máximo cada fase de suas vidas. Não permitamos nem sejamos responsáveis por fazê-las crescer antes do tempo.
Traduzido e adaptado por Erika Strassburger do original Niñas adultas: sociedades hipersexualizadas