Minimalismo, você está pronto para se desapegar de suas coisas?
Minimalismo, uma palavra que “caiu na boca” das pessoas, dos blogs, de grupos do Facebook e tem arrebanhando muitos seguidores de sua filosofia.
Stael Ferreira Pedrosa
Confesso que me encanta a filosofia minimalista, mas ainda não me sinto preparada para viver de forma tão frugal. Ainda chego lá.
Mas, o que significa minimalismo? A palavra claramente é derivada de “mínimo”, que significa muito pequeno, muito pouco ou menor que todos os outros. Nesse contexto, significa um modo de vida que, segundo o blog Fê-liz, é mais do que um estilo de vida ou uma preferência estética, é uma ferramenta para aqueles que desejam se concentrar no que é importante, deixando o que não é, de lado, em prol de uma maior concentração em seus esforços para encontrar liberdade, realização pessoal e felicidade.
Em essência, o minimalismo é um estilo de vida que busca abolir do cotidiano tudo aquilo que não é necessário para se viver. Isso inclui desde objetos de uso pessoal, roupas, móveis, vasilhames e compras, até sentimentos.
Todos temos em casa pilhas de coisas que não usamos, roupas guardadas que nem lembramos, sapatos que não usamos mais, objetos de decoração, livros, revistas, móveis em excesso, enfim… Cada um sabe o que e onde tem acumulado. A proposta do minimalismo é se livrar de todos os acúmulos.
As imagens que ilustram o conceito geralmente apresentam salas com poucos móveis e normalmente brancos. Na verdade, essa não é a real essência do minimalismo. Para Laura Aidar, artista visual, o minimalismo busca uma reflexão sobre aquilo que o consumo desenfreado não compra. Os adeptos do minimalismo priorizam uma vida mais simples e focada em seus reais interesses, realização pessoal e autonomia. É um “destralhar” de tudo o que impede alguém de alcançar aquilo que é essencial, seja um desejo, um sonho ou mais paz na vida.
Os entraves da vida
Um dos grandes princípios do minimalismo é quitar e evitar as dívidas, pois estas costumam travar bastante a vida e felicidade das pessoas, isso envolve esforço e disciplina. Esforço para se livrar da dívida e disciplina para não fazer outras.
O consumismo é combatido pelo estilo minimalista de vida. Por exemplo, se eu tenho um jogo de panelas bastante bom, não preciso aproveitar aquela super oferta relâmpago no supermercado e comprar outro, ainda que esteja pela metade do preço. Se eu já tenho roupas suficientes para um ano, por que comprar mais aquela blusinha linda? Se o carro está funcionando muito bem, aparenta novo, mas não é do ano, eu realmente preciso trocar de carro? Será que preciso mesmo viver no vermelho e usando o cheque especial?
Como se vê, o minimalismo não prega que devamos viver numa cabana, lavando hoje a roupa que vamos usar amanhã, comendo grãos e raízes. Devemos ter consciência através de autoconhecimento do que precisamos e do que não precisamos para ser felizes. Mas, viver dentro dos nossos ganhos – e isso vale para todas as classes sociais – fazer um orçamento e viver dentro dele, livrar-se de dívidas, diminuir gastos é essencial para qualquer pessoa – mesmo aquelas que “não precisam”. Afinal, produzir traz um alto custo à natureza também. Ser minimalista passa pela sustentabilidade dos recursos naturais, da preservação do planeta.
Se você deseja viver um estilo de vida minimalista pode começar por:
1 Quitar dívidas
Nada tira mais a paz da maioria das pessoas que conviver com os juros de dívidas. Os juros comem com você na mesa, vão com você para a cama – no entanto eles nunca dormem. Só crescem a cada dia. Livre-se das dívidas o mais rápido possível. Pague o que for possível, negocie o restante, faça o possível para obter a liberdade financeira necessária a uma vida de paz e prosperidade.
2 Jogue fora o cartão de crédito
Evite compras, diminua suas idas ao shopping, se você sofre de compulsão por compras, sim, esse distúrbio existe e se chama oneomania, o transtorno do consumo compulsivo, busque uma terapia, é possível controlar. Se não for o caso, ainda assim pense em comprar menos. Pergunte-se antes de cada compra: eu realmente preciso disso? Por que estou comprando isso? Essas perguntas o ajudarão a controlar os gastos e evitar dívidas.
3 Olhe para seu closet ou guarda roupas
Pense que enquanto você acumula tantas roupas, tem gente passando frio. Separe tudo o que você não usou no último ano, sejam roupas ou sapatos, cintos, bolsas, etc., e doe. Seu guarda-roupa e sua saúde mental agradecerão. Além disso, segundo o Feng Shui, filosofia chinesa, objetos guardados sem uso acumulam energia Sha, altamente nociva ao equilíbrio mental e físico.
4 Olhe para sua casa
Faça um tour pela cozinha, quantas vasilhas de plástico você tem? Você usa todas? Quantas panelas, aparelhos de jantar ou eletrodomésticos (talvez até estragados, quebrados ou parados acumulando energia Sha e poeira). Livre-se de tudo, inclusive de coleções de panos de pratos, muitos guardanapos e um baú de toalhas de mesa. Doe os bons, jogue fora o que não presta, conserte o que você ainda quer utilizar e use.
Em seguida passe para os quartos e veja se há acúmulos de cobertores, lençóis e fronhas parados, bibelôs em excesso e tudo o que for desnecessário, até malas cheias de nécessaires ou outros apetrechos.
Vá pela(s) sala(s), aquela coleção de CDs velhos que você nem ouve mais, coloque no lixo reciclável – podem ser reaproveitados em artesanatos. Objetos que não fazem mais sentido, móveis que entulham, almofadas e tudo o que considerar que está “sobrando”, inclusive quadros.
5 Estética minimalista
Laura Aidar também aborda um aspecto importante da filosofia minimalista, o fator estético. Encher o corpo de tatuagens super elaboradas está na contramão. Segundo a artista, a tatuagem minimalista busca traços finos, delicados, e geralmente sem preenchimento, que adornam o corpo discretamente. Ela cita ainda a utilização de roupas “coringas” – que podem ser combinadas entre si de várias formas, reduzindo assim a quantidade de peças no armário, em tons neutros, de boa qualidade e feitas para durar.
Você talvez pense como eu: “falar é fácil, fazer é difícil” e é verdade. No entanto, estou exercitando o desapego um pouco a cada dia. Para muitas pessoas é difícil se desapegar de suas coisas. Mas, se o minimalismo faz sentido para você, comece a pensar nisso e a se desapegar pouco a pouco. Vale a pena.