Mude sua vida mudando sua linguagem corporal
A mente pode mudar sua atitude, mas o mais importante é que a sua atitude pode mudar você.
Stael Ferreira Pedrosa
Há uma expressão em inglês que diz: fake it until you make it, e o que isso quer dizer, ao pé da letra, é: finja até fazer, ou no sentido mais amplo: finja que consegue até conseguir. Isso é um princípio poderoso para mudar atitudes. Atitudes moldam o caráter e o caráter molda seu destino.
Ammy Cuddy é uma psicóloga social, pesquisadora e professora de Harvard, que vivenciou uma mudança em si mesma a partir de um estímulo externo. Ela era uma jovem com um QI muito alto. Após um acidente ela perdeu pontos significativos em seu quociente, o que fez com que fosse retirada da Universidade que frequentava. No entanto, ela se negou a ser o que lhe diziam que deveria ser. Conseguiu se rematricular na Universidade, terminou o curso e foi para Princeton tentar uma pós-graduação.
Ela se sentia deslocada, afinal demorou quatro anos a mais que os outros alunos para terminar a graduação, e agora em Princeton, se sentia como uma fraude. O diferencial entre ela deixar essa universidade ou permanecer e se formar foi a frase “fake it until you make it” dita a ela por uma conselheira educacional.
Ela permaneceu, fingiu ser capaz e tornou-se. Terminou seu curso e atualmente leciona em Harvard. Este acontecimento fez com que Ammy iniciasse uma extensa investigação sobre o efeito da atitude sobre a mente. Seus achados são muito interessantes. Segundo ela, se você mudar sua atitude, você muda sua mente e constrói um novo destino.
Os resultados de Ammy Cuddy podem ser resumidos em 5 tópicos
1 Observe-se
Observe sua postura nesse momento. Você se encolhe ou se expande? A autora parte do princípio de que nossa linguagem corporal é um tipo de comunicação que revela que conceito temos de nós mesmos.
Isso porque nossa linguagem corporal não “conversa” apenas com os outros, mas também é uma conversa interna que pode ser decisiva para mudar nossas vidas. Parece exagero? Sim, parece, mas ao que tudo indica é fato. Por isso devemos nos atentar na mensagem que passamos com nossa linguagem corporal.
Se você se candidata a um cargo de liderança e chega à entrevista encolhido, com ar preocupado, cabeça baixa e coluna curvada, a probabilidade será que alguém com uma postura ampla, aberta, cabeça erguida e ar confiante fique com a vaga, ainda que você esteja mais preparado e tenha um currículo melhor.
2 Crescer ou encolher
A autora cita o mundo animal onde, para demonstrar poder, os animais assumem atitudes como erguer os braços ou bater no peito, no caso dos primatas, ficar nas patas traseiras para aumentar o tamanho e, assim, intimidar o inimigo. Ela cita também os humanos que, ao se sentirem poderosos, vencedores, erguem os braços. É algo natural.
Quando nos sentimos fracos e intimidados, quando alguém exerce poder sobre nós, tendemos a nos diminuir, fechar braços e pernas e baixar o olhar. Nós nos encolhemos e evitamos tocar ou ser tocados. Se a figura de poder nos impacta, espelhamo-nos nela e fazemos o contrário. Tanto humanos quanto animais. A pesquisadora observa que esse comportamento costuma estar ligado ao gênero, mulheres são mais propensas a terem os gestos mais contidos.
3 Se você sente que não consegue, finja que consegue
Pode parecer esquisito dizer para fingir sentir algo que não sentimos. No entanto, segundo ela, isso funciona muito bem e funcionou para ela. Se você estiver triste, para baixo, coloque uma caneta entre os lábios de modo que os force a se abrirem como um sorriso. Fique por algum tempo assim e logo o bem-estar retorna. Isso porque nossa atitude influencia até mesmo nossos hormônios.
Mas, enfim, isso pode ser aplicado e trazer resultados palpáveis? A resposta é sim. Não importa se você não se sente poderoso, finja ser por dois minutos, todos os dias, e o mais provável é que logo se sentirá poderoso. Uma das atitudes que ela cita é a postura da Mulher Maravilha. De pé, pernas afastadas, pés virados levemente para fora, mãos na cintura, ombros para trás e cabeça levemente erguida. O resultado é um aumento de hormônios de poder (testosterona) e baixa no hormônio do estresse (cortisol) imediatamente.
4 O corpo responde
Se uma pessoa tem que, em uma emergência, assumir um posto de liderança, seja na família, no trabalho ou qualquer situação em que se encontre, em poucos dias a testosterona do indivíduo sobe significativamente e o cortisol desce na mesma proporção. Isso confirma que uma mudança de papel afeta e molda a mente.
Em estudos onde as pessoas simulavam se sentir poderosas e verbalizavam isso, seus níveis de testosterona e cortisol (medidos na saliva) subiam mais ou menos de acordo com a postura que assumiam enquanto blefavam – se elas se encolhiam ao blefar a testosterona subia menos e o cortisol baixava menos. Se assumiam uma atitude física de poder, a testosterona alcançava picos mais altos e o cortisol mais baixo.
5 Finja até tornar-se
Segundo a autora, é possível ir mais longe, não apenas fazendo, mas tornando-se. Isso significa fingir e dizer a si mesmo que você pode, que você consegue, ainda que esteja aterrorizado por dentro. Tomar a atitude física de um vencedor, crescer ao invés de se encolher. Faça isso dois minutos por dia ou antes de uma situação de estresse social, como uma entrevista de emprego ou um encontro com aquela pessoa especial.
Ammy fez assim e hoje leciona em Harvard e ajuda outros alunos que não se sentem capazes a fazerem o mesmo. Se você pode fingir que é, você pode se tornar. O que parece uma fraude, na verdade é um exercício mental poderoso.
Ela termina sua palestra dizendo de forma enfática: Não finja até você conseguir, mas até você se tornar.
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