Não deixe que sua admiração por alguém se torne fanatismo

Todos têm o direito de acreditar e amar algo com paixão, mas a sua principal responsabilidade é a sua estabilidade mental.

Erika Otero Romero

Não vamos contar mentiras, as pessoas sempre têm alguém que admiram muito. Não há nada de errado com isso, porque é uma forma de aproveitar a vida.

No meu caso, senti admiração por diferentes atores e cantores ao longo da minha vida. Lembro-me desses momentos com especial carinho porque me davam algum sentido e me tiravam da minha rotina adolescente. Agora também tenho celebridades que admiro. Felizmente, nunca perco a cabeça pela admiração que sinto por elas.

Você pode ser atraído por uma equipe de atletas, um partido político, um grupo de música de qualquer tipo; para isso foram criados, para ser admirados.

O problema surge quando as pessoas perdem completamente a cabeça e a sua admiração se torna uma obsessão.

Como detectar que o fanatismo se tornou obsessão?

Na realidade, é bastante fácil para os familiares da pessoa afetada dar-se conta desta obsessão; no entanto, o implicado pode não estar consciente.

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Digamos que alguém da sua família é fã do time de futebol local. Todos os meses este time joga no estádio da cidade e terminam cada jogo sem perder. Passa o tempo e um dia se dá conta que seu familiar, ao não conseguir comprar um ingresso, “enlouquece”. Quer ir e faz o impossível para conseguir o bilhete, ao ponto de ser enganado com ingresso falso; então, explode em ira e forma um problema por isso.

As coisas estão em ascensão, ele viaja para outros lugares para ver o seu time favorito jogar. Mesmo que não tenha dinheiro, assume dívidas que não pode pagar para sustentar sua afecção. A família, o trabalho e muitas coisas ficam em último plano; isso, porque, para essa pessoa, só existe o futebol (ou o esporte que seja).

O exemplo acima é um pouco extremo, mas já aconteceu, e mais, aconteceu em diferentes âmbitos.

A política, a religião, o esporte, a música ou o cinema; qualquer atividade que gere paixão e que coincida com gostos, princípios e valores, pode fazer desenvolver fanatismo nas pessoas.

Quão mau pode ser o fanatismo?

Muito ruim. Vamos dar um exemplo que irá ilustrar o assunto de uma forma assustadora.

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Na Coreia do Sul, há uma febre intensa pela música pop e pelos dramas (novelas). Há fanáticos de todo tipo, mas se há algo diferente na Coreia do Sul é o nível de fanatismo.

Na América e no resto do mundo, seus artistas favoritos podem fazer e desfazer com suas vidas e nem sempre nos inteiramos.

Os escândalos se formam em torno dos artistas quando fazem ou são vítimas de algo realmente obscuro (roubo, trapaça, violência, consumo de drogas, acidentes e assassinatos), mas normalmente suas vidas privadas (com quem se casam, quando saem ou vão a outros países) nós não notamos, mas pouco nos importa. Na Coreia do Sul é muito diferente.

Lá, as pessoas estão realmente interessadas na vida privada de seus artistas favoritos. Interessam-se por coisas como com quem saem, com quem se casam, se têm filhos, onde vão comer, se fazem doações, onde vivem e as suas famílias. Quanto mais privada e íntima a informação, melhor. Há toda uma cultura ao redor disso. Tanto assim, que as mesmas companhias que os controlam anunciam se os artistas estão em relações, vão se casar ou se têm filhos.

É terrível o nível de intromissão, a um ponto que se alguém se torna famoso e alguma pessoa comum sabe que o novo artista fez algo de mau enquanto estudava, isso pode prejudicar sua carreira.

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Fãs sem limites

Agora, essa febre de conhecer os detalhes mais íntimos da vida dos famosos fez surgir uma série de fanáticos muito obsessivos chamados Sasaengs.

É tal o afã dessas pessoas por saber dados de seus artistas favoritos, que pagam somas incrivelmente absurdas de dinheiro a pessoas próximas do artista para obter informações. Além disso, seguem-nos para onde quer que vão, invadem as suas casas, roubam os seus bens pessoais e infiltram-se nas suas empresas de trabalho, tudo para ficarem perto deles.

Muitas vezes, vão a reuniões de autógrafos só para bater nos artistas para “que se lembrem”; sim, vejam a falta de limite dos fãs. Inclusive, há um caso onde uma destas pessoas envenenou um artista.

Fanatismo em outras áreas

Na política e na religião, as coisas não são muito diferentes.

No meu país, há uma guerra sangrenta entre partidos políticos. É tanto o nível de paixão, que os seguidores de um partido assassinaram os do outro partido político. Há anos que essa guerra domina o país.

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Em relação à religião, é do mesmo jeito. Dê uma olhada nas notícias e você verá guerras por crenças religiosas em muitos lugares. Mulheres, crianças e homens mortos por crenças espirituais completamente ultrapassadas. Pessoas que levam sempre ao extremo o seu amor e paixão pelas suas crenças e convicções, lutando para impor os seus ideais. Até onde estão dispostas a ir?

Manter limites saudáveis

A realidade é que qualquer um de nós pode ser vítima desse nível de paixão. É por isso que devemos cuidar até onde podemos levar nosso amor por uma atividade, pessoa ou crença.

No meu caso, o que faço é ter uma vida própria a tratar dos meus assuntos e diversificar os meus interesses. Não se concentrar em uma só coisa, pessoa ou atividade é vital para evitar ficar “cego por algo ou alguém”.

Quando se tem muitos interesses, a vida torna-se muito mais produtiva e interessante. Por isso, a minha recomendação é que você faça tudo o que lhe dê prazer, mas sempre cuidando de não ultrapassar os limites e de não prejudicar a si mesmo. É uma questão de autocontrole.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Que la admiración no se convierta en fanatismo

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.