Não se engane, você sempre sabe quando uma relação chega ao fim

Quando uma relação chega ao fim, não é a falta da pessoa o mais dói, o que dói é a expectativa do que poderia ter sido e não foi.

Erika Otero Romero

O fim de uma relação geralmente não nos pega de surpresa, mesmo que pareça que sim. Há sempre indícios de que as coisas vão mal; o problema é que, ao tentar evitar a dor, negamos o óbvio.

Recusar-nos a dar fim a uma relação que já morreu é um grande erro. A razão é que, mesmo que queiramos dar-lhe mais tempo “para ver se as coisas melhoram”, durante este tempo, ambos estão sendo infelizes.

Além disso, é um ato de egoísmo. Não ganhamos nada esticando um momento apegados aos bons tempos em que havia amor.

Por que essa ânsia de prolongar uma relação que já está morta?

Há várias razões para isso.

A primeira é o medo da solidão

Depois de anos juntos, é natural que se habitue à presença de seu amor. Só o fato de pensar em todos os momentos vividos e em tudo o que vai sentir falta dele, faz você estremecer. Recusa-se a enfrentar essa incerteza e é por isso que se agarra com todas as suas forças a essa pessoa que lamentavelmente já não o ama.

A segunda é a incerteza

O medo é de não saber se voltará a encontrar alguém para amar. Pode parecer absurdo, mas muitas pessoas recusam-se a desistir de uma relação por causa disso. A situação é que se você não terminar uma relação, não poderá dar-se uma nova oportunidade no amor.

A terceira é o medo de sofrer

Estou segura de que você sabe do que falo. Nada dói mais que o término de uma relação. Não importa se a separação foi consensual, dói e é inevitável.

Enfrentar essa dor e superá-la costuma tornar-se pesado e lento. É um processo longo e cheio de solidão, porque não importa quantos amigos o acompanhem ou aconselhem, só você sabe o que está sentindo.

O quarto é a expectativa do que não foi

Durante a relação, é natural que o casal faça planos para o futuro; talvez até a ideia de casamento, família e filhos. Quando a relação acaba, todos esses planos se perdem. Inclusive, pode surgir certo sentimento de egoísmo por saber que essa pessoa vai levar adiante esses planos, mas com alguém que não é você, e isso o faz infeliz.

O dano de postergar o fim

Esclareçamos algo: para que uma relação seja amorosa, deve haver afeto, cumplicidade, desejo e cuidado com o outro. Também há respeito, lealdade e qualidade de vida. Devido a todas estas características é que notamos quando esse amor chegou ao fim.

Prolongar uma relação que já não é amorosa é prejudicial, pois perde-se tempo e amor-próprio. Além disso, perde-se o respeito e expõe-se a maus-tratos mútuos na tentativa de recuperar o que já não se pode resgatar.

Não há pior solidão do que estar ao lado de alguém que já não se importa. É ser ignorado e lutar por atenção, é como gritar num lugar vazio e escuro do qual ninguém lhe vai tirar, só você mesmo.

O mais triste é que quanto mais prolonga o momento do fim, mais oportunidades perde de ser feliz, seja sozinho ou acompanhado.

Quando finalmente se decide e dá o passo

Acredite, decidir dar esse passo final é assustador. É que diante de si se abre um amplo caminho; entretanto, esse adeus é o fechamento que necessitava para poder seguir adiante.

Não digo que vai ser assim tão simples. A princípio, você vai sentir medo, mas que isso não o engane. Com os dias, chegará essa sensação de paz que não apenas o ajuda a caminhar rápido, mas que quase o leva flutuando. A razão é que você tirou um amargo peso de cima de si.

Com o passar do tempo, você irá recuperar seu verdadeiro eu. Você sente novamente forças para se corrigir. Novos planos surgem para cumprir suas metas estagnadas; e o melhor, ao olhar-se no espelho, você começa a reconhecer de novo a essa mulher/homem que há tempo deixou para trás.

Então começará a reconsiderar voltar a dar uma nova oportunidade ao amor. O seu antigo parceiro torna-se uma lembrança, uma relação com a qual aprendeu milhões de coisas. Sabe que aprendeu coisas que o ajudaram a ser uma pessoa melhor e outras que não voltará a repetir. Também aprendeu o tipo de amor que aspira, o tipo de homem ou mulher que deseja ter na sua vida. Como quem diz: “Com cada fracasso vem um aprendizado e o lucro”.

O amor sempre chega de novo

Sempre que estiver aberto a dar-se uma nova oportunidade ao amor, este chegará de novo à sua vida. Ele vai oferecer-lhe coisas novas, vai desafiá-lo e abri-lo a um novo autoconhecimento de forma melhor. Você aprenderá a amar e ensinará a forma como quer ser amado; e se ele ou ela é o definitivo, então não voltará a sentir-se tentado a prolongar o fim por seus antigos temores, o amor definitivo chegou.

Posso dizer, finalmente, que se você teve que passar por essa situação, você é uma pessoa muito corajosa. Poucos têm a firmeza de perseverar tanto por alguém que querem; entretanto, lembre-se de que antes do amor pelo outro, o que prima é o amor que tem a si mesmo; este definirá quanto fará que o amem e respeitem.

Lembre-se: você não pode amar alguém, exigir que o amem, se não amar primeiro a si mesmo.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original No te engañes, siempre sabes cuando una relación llega a su fin

Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.